Maternidade Alfredo da Costa paga 555 euros por dia a anestesistas
MAC não tem médicos para preencher os turnos do serviço de anestesiologia em janeiro.
Em janeiro, a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, que não tem anestesistas suficientes nos quadros, vai precisar de contratar especialistas para preencher os turnos do serviço de anestesiologia todos os dias úteis.
Segundo dados a que o CM teve acesso são 20 dias com horários de seis a doze horas, num total de 294 horas que precisam de ser preenchidas, que o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC), ao qual pertence a MAC, tenciona pagar a 37,75 euros à hora. Ou seja, a MAC vai pagar cerca de 555 euros por dia, 11 099 euros em 20 dias, para contratar anestesistas para os turnos que tem em aberto.
A contratação de empresas de recursos humanos tem sido uma prática corrente e que o CHULC já usou em 2017, também para recrutar anestesistas.
De acordo com o portal da contratação pública, para preencher escalas no serviço de anestesiologia, nos meses de verão e no final do ano, o CHULC gastou cerca de 88 mil euros em contratos com três empresas de recursos humanos: Creative Wellness, Services Healthcare Unipessoal e Medipeople Soluções de Saúde e Educação. Nos respetivos contratos é referido que o valor a pagar, por lei, nunca poderá ultrapassar os 40 euros por hora.
Foi o valor pago à hora para contratar anestesistas para a MAC que abriu uma polémica entre a ministra da Saúde, Marta Temido, e Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos. Ao comentar o facto de a 24 e 25 de dezembro a urgência da MAC ter funcionado apenas para os casos urgentes, estando apenas um anestesista ao serviço, a ministra disse que este caso demonstrava a necessidade de se ter um Serviço Nacional de Saúde com profissionais em dedicação exclusiva.
Marta Temido referiu que se tentou contratar anestesistas através de empresas e que uma delas tinha uma proposta para colocar um especialista na MAC por 500 euros à hora. A Ordem dos Médicos reagiu afirmando que estes valores não existem e exigiu ao Ministério da Saúde a apresentação dos documentos ou contratos em que conste "claramente o referido valor".
PORMENORES
Transferência de grávidas
O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) recusou responder ao Correio da Manhã sobre quantas grávidas foram transferidas para outras unidades, nos dias 24 e 25 de dezembro devido ao fecho da urgência por falta de anestesistas.
Concurso por 39 euros
Segundo a Ordem dos Médicos, o CHULC, a que pertence a Alfredo da Costa, terá aberto um concurso para contratação de prestadores de serviços por um valor de 39 euros à hora.
Ministério esconde dado
Nem o Ministério da Saúde nem o Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central (CHULC) quiseram revelar ao CM qual a empresa que tinha a proposta do médico anestesista para ir fazer turnos de 24 e 25 de dezembro na Maternidade Alfredo da Costa por 500 euros à hora.
Conselho de Administração garante que tem as escalas de Fim de Ano asseguradas
A Administração da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, garantiu ao CM que estão asseguradas as escalas de anestesia para o Fim de Ano, depois das dificuldades na véspera e no dia de Natal em que só havia um anestesista por turno, o que levou ao encerramento das urgências e ao desvio de grávidas.
O CM sabe que para dia 1 de janeiro a MAC tinha solicitado anestesistas a empresas de recrutamento de recursos humanos, para fazer um turno das 08h00 às 20h00 e das 20h00 às 08h00 horas.
Negociações em clima de greves marcadas
O Sindepor tem já emitido um pré-aviso para uma greve geral de enfermeiros, em todos os serviços e em todas as instituições públicas, de 8 a 11 de janeiro. E a ASPE tem já dois pré- -avisos de greve emitidos: um de 7 a 20 de janeiro e outro de 14 a 28 de janeiro.
Nesta segunda fase de greve, a paralisação poderá afetar blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares: os dois do Porto (Centro Hospitalar Universitário e São João), Braga, Vila Nova de Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga (Santa Maria da Feira), Tondela/Viseu e Garcia de Orta (Almada). Os enfermeiros reivindicam uma carreira que contemple a categoria de especialista.
A atual greve em blocos operatórios, que decorre desde dia 22 de novembro e deverá terminar a 31 de dezembro, teve origem num movimento de enfermeiros que lançou uma recolha de fundos para ajudar a financiar os colegas durante a paralisação. Foram angariados mais de 360 mil euros.
Maternidade fez dez partos no dia 24
Dez médicos demitiram-se do D. Estefânia
Dez chefes das equipas de Urgência do Hospital Dona Estefânia, que pertence ao Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, demitiram-se por falta de condições.
Aberto concurso depois da polémica
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