Otite frequente na infância pode provocar atrasos na linguagem
Diagnóstico precoce é difícil devido à ausência de sintomas como febre ou dor nos ouvidos.
As inflamações nos ouvidos são muito frequentes durante a infância. Há vários tipos e alguns mais preocupantes do que outros. A otite serosa, seromucosa ou otite com derrame é uma das que mais preocupa, já que pode surgir sem sintomas associados e causar atrasos na linguagem das crianças mais pequenas.
"Este tipo de otite consiste na persistência por períodos de semanas, meses ou mesmo anos, de líquido, como serosidade ou muco, dentro da caixa do tímpano", explica ao Correio da Manhã a coordenadora da unidade de otorrinolaringologista do Hospital Lusíadas Lisboa, Luísa Monteiro. Na origem desta doença pode estar o entupimento da ventilação e/ou drenagem.
Este tipo de otite, ao contrário de outras, não costuma causar dor ou febre. Manifesta-se apenas por perda auditiva, o que dificulta, muitas vezes, o diagnóstico precoce. O tratamento de otites varia consoante o tipo. "A otite serosa deve ser vigiada e em muitos casos necessita de tratamento cirúrgico, consistindo na aplicação de tubos de ventilação e que pode ou não ser associado à extração de adenoides e/ou das amígdalas", esclarece Luísa Monteiro.
A otite serosa pode ocorrer, simultaneamente, nos dois ouvidos. Entre os fatores de risco para outro tipo de otites está o uso de cotonetes, já que pode provocar "traumatismos do canal auditivo ou rotura traumática do tímpano".
"Promover a drenagem de secreções (assoar) e evitar o contacto com crianças constipadas", pode ajudar a diminuir as otites, refere a médica.
Discurso Direto
Luísa Monteiro Médica no Hospital Lusíadas Lisboa "Infeção pode surgir em constipações" CM:
– Como é tratada?
– Pode ser tratada com antibióticos e analgésicos.
– As otites podem causar surdez?
– Sim, ocorre perda auditiva, embora seja recuperável com o restabelecimento normal do ouvido. Poderá haver sequelas auditivas num tipo de otite específico.
Conselho da Semana
A otite externa ocorre na parte externa do ouvido, devido a fungos ou bactérias. Ocorre sobretudo nos meses de verão, "após banhos repetidos de piscina ou de mar". "Provoca o inchaço do canal, assim como dor intensa ao toque na orelha, descarga de pus e sensação de ouvido tapado", esclarece a médica Luísa Monteiro. Entre os sinais de alerta está a comichão no canal. Tenha, por isso, atenção aos mergulhos.
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