Pilotos da aviação civil decidem hoje se aderem à greve geral

Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil manifestou "profunda preocupação" com as cerca de 100 medidas incluídas na proposta governamental.

05 de dezembro de 2025 às 07:25
Avião Foto: Pexels
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Os associados do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) deliberam esta sexta-feira se aderem à greve geral do dia 11, numa assembleia geral extraordinária marcada para as 14:00.

Num comunicado divulgado em finais de novembro, a direção do SPAC manifestou "profunda preocupação" com as cerca de 100 medidas incluídas na proposta governamental, que considera representarem "um retrocesso sem precedentes nos direitos laborais desde o período da 'troika'".

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De acordo com o presidente do SPAC, Hélder Santinhos, "não se trata de uma questão partidária ou corporativista, mas sim de defesa de direitos fundamentais dos trabalhadores".

O dirigente sublinha que "entre os pontos críticos deste anteprojeto estão a caducidade automática dos Acordos de Empresa, a facilitação de despedimentos com menor proteção na reintegração, a generalização de contratos precários a grandes empresas e a redução do poder negocial dos sindicatos".

O SPAC entende que, "muito embora os pilotos sejam reconhecidos como profissionais com características laborais particulares", deve assumir "uma responsabilidade de solidariedade ativa".

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Como alerta Hélder Santinhos, "a experiência europeia demonstra que a desregulamentação laboral iniciada nos setores mais vulneráveis acaba por alcançar todas as profissões. Quando se fragiliza o edifício do direito laboral, nenhum patamar fica imune!", acrescenta.

A adesão à greve geral de 11 de dezembro já foi aprovada pelos tripulantes de cabine representados pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).

Entretanto, as companhias aéreas TAP e Sata e a SPdH, de assistência em terra em aeroportos, já acordaram com vários sindicatos a realização de serviços mínimos na greve geral, segundo documentos publicados pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).

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Apesar de, "por motivos de organização interna e de natureza estatutária", não ter participado nestas reuniões, o SPAC garantiu que "cumprirá os serviços mínimos que vierem a ser fixados", sublinhando que a ausência do sindicato nesses encontros "não deve ser interpretada como recusa de princípio ou como qualquer desrespeito pelos restantes sindicatos que, dentro das suas possibilidades, chegaram a acordo com as companhias".

Os acordos até agora firmados estabelecem que a TAP contará com três voos de ida e volta para os Açores e dois para a Madeira, e um voo de ida e volta para os seguintes países: Bélgica, Luxemburgo, Reino Unido, Alemanha, Suíça, França, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Estão ainda contemplados três voos de ida de volta para o Brasil e dois para os EUA.

No caso da Sata Internacional, foram acordados nove voos da companhia, abrangendo ligações entre o Continente e as Regiões Autónomas e ligações internas entre ilhas.

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Quanto à empresa de 'handling' SPdH, que apresentou aos sindicatos uma proposta para assistência a 30% dos voos das companhias suas clientes, irá assistir os voos contemplados nos serviços mínimos da TAP e Sata, mais um voo de ida e volta para a Alemanha, operado pela Lufthansa. Assegura ainda a assistência aos voos de regresso à base e cuja partida tenha ocorrido antes do início da greve.

A greve geral de 11 de dezembro foi convocada pela CGTP e pela UGT contra a proposta de revisão do Código do Trabalho e será a primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da 'troika'.

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