Produtores de Leite sobre seca: “Primavera e verão serão catastróficos”

Insuficiente a chuva que cai há seis dias consecutivos no Norte.

19 de fevereiro de 2022 às 10:13
Imagem 42259816 copy.jpg (12981499) (Milenium) Foto: Inês Trovisco
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A situação é muito preocupante e, a manter-se a seca extrema, a primavera e o verão poderão tornar-se catastróficos”. O desabafo é de Carlos Neves, responsável da Associação de Produtores de Leite. Com uma vacaria, em Árvore, Vila do Conde, o agricultor diz que, nesta altura, ainda vai conseguindo ter pastagem para os animais - tem cerca de 60 vacas na exploração -, mas confessa que está no limite.

“Temos um sistema montado que é resistente. Conseguimos pastagem para os animais porque armazenamos durante o ano, mas a continuar assim vai esgotar. Se não houver produção de cereais, se não tivermos água para regar, vai ser muito complicado”, explica ao CM o agricultor, lembrando que com a seca extrema os preços estão a subir, mas o do leite mantém-se - e é dos mais baixos na Europa. “Vamos pagar o adubo mais caro, a eletricidade mais cara e vamos continuar a receber, se não houver um aumento imediato do preço do leite, uma miséria”, lembrou.

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Nos últimos dias tem chovido, mas não o suficiente para acabar com a falta de água. “A chuva dos últimos dias já é uma luz ao fundo do túnel, mas está longe de ser suficiente”, disse o agricultor, que deixa um apelo ao Governo. “Devem olhar mais para um setor como o nosso, somos sempre muito penalizados”, explicou.

A previsão do Instituto Português do Mar e Atmosfera para este sábado aponta a possibilidade de aguaceiros no Alentejo, depois de nos últimos seis dias ter chovido diariamente em Viana do Castelo (48,1 litros por m2) e no Porto (25,8). Valores correspondem a sensivelmente um terço do habitual em feveiro.

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A Câmara de Macedo de Cavaleiros tem em curso projetos no valor de 5,5 milhões de euros, com os quais acredita que deixará de liderar as perdas de água no País.

Os criadores de gado biológico consideram que seria “um alívio” o Estado autorizar animais a fazer uma alimentação convencional para minimizar prejuízos.

A EDP desdramatizou o impacto da seca na Península Ibérica na produção hidroelétrica. Redução deverá ser compensada com produção termoelétrica.

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Os produtores de porco alentejano estão a ter um ano “péssimo” para a engorda, devido à seca e à falta de pastagens para alimentar os animais.

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