"Todos nós inalamos este fungo no ambiente": médico explica aspergilose que está a derrotar Ângela

Infecciologista diz que casos são mais graves em situações de transplantes de medula, como ocorreu com a jovem de 23 anos internada no IPO do Porto.

10 de dezembro de 2025 às 01:30
Ângela Pereira está internada no IPO do Porto Foto: DR
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Ângela Pereira tem apenas 23 anos e só quer uma nova hipótese para continuar a viver - apesar de que os médicos não têm esperança que vença o cancro uma vez que nenhum tratamento se tem mostrado eficaz. Já foi submetida a um transplante de medula óssea e desenvolveu um quadro de aspergilose invasiva, que lhe está a afetar os pulmões. "Todos nós inalamos Aspergillus [fungo que provoca a infeção aspergilose] no ambiente, principalmente em zonas de obras. Em doentes imunodeprimidos, que são submetidos a quimioterapia prolongada e que têm necessidade de recorrer a transplantes de medula óssea, as infeções são mais fatais", explicou o infecciologista Hélder Pinheiro.

O médico indica que um transplante de pulmão pode ser uma solução para estes doentes, mas que a maioria não reúne condições clínicas para o fazer. Ângela, por exemplo, indica que já tem dificuldades em respirar. O Aspergillus tem várias formas clínicas de manifestação. "Uma delas é o aspergiloma. Na verdade é uma situação mais ou menos benigna, que não necessita, na maioria das vezes, de tratamento antifúngico. Pode ser completamente assintomático e não produzir nenhum sintoma no doente. Pode apenas necessitar de vigilância", refere o médico, indicando que, no caso descrito por Ângela, a situação é mais complexa. "O aspergiloma muitas vezes evolui para situações invasivas e, nesse caso, estamos a falar de aspergilose invasiva, que é uma situação bem mais grave". 

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Ângela realizou seis linhas diferentes de quimioterapia. Num vídeo amplamente difundido nas redes sociais, a jovem de Viana do Castelo diz que quer "uma segunda opinião" e que gostava de "ser transferida de hospital". "Precisava fazer mais exames, precisava que alguém me desse alguma esperança, para poder continuar cá. Gostava de continuar a realizar os meus sonhos", conta num vídeo emotivo. O IPO do Porto, onde está internada, garante que "nenhuma das abordagens médicas ou cirúrgicas apresentou eficácia clínica, encontrando-se a situação atualmente com um prognóstico muito reservado".

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