Depressão Martinho semeia o caos com uma ocorrência a cada 20 segundos
Em 42 horas foram registadas 8241 ocorrências, na maioria quedas de árvores ou estruturas devido ao vento. Uma mulher de Sintra com prognóstico muito reservado.
A depressão ‘Martinho’ atingiu com força Portugal continental, na madrugada e manhã desta quinta-feira, deixando um rasto de destruição que nem poupou cemitérios, escolas ou estádios de futebol. Entre as 00h00 de quarta-feira e as 18h00 desta quinta-feira, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil registou 8241 ocorrências relacionadas com o mau tempo: foram em média 196 a cada hora; três por minuto; uma a cada 20 segundos. Tratou-se principalmente de quedas de árvores (4485) e de estruturas (2019), relacionadas com o forte vento. Houve danos em centenas de casas, negócios e viaturas.
A passagem da depressão ‘Martinho’ causou, na quarta-feira, ferimentos graves numa mulher (atingida por uma árvore quando passeava na Lagoa Azul, Sintra) que esta quinta-feira permanecia com “prognóstico muito reservado”. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referiu que só na capital foram registados seis feridos: um deles um PSP e outro um maquinista da CP. Em todo o País terão sido dezenas os bombeiros que sofreram pequenos ferimentos durante as operações.
Em Miragaia, na Lourinhã, um “um pico de vento” acordou os moradores à 01h35. “Era um som infernal. Depois pareciam bombas a cair. Eram os telhados a serem arrancados e as caldeiras e painéis solares a caírem sobre o asfalto”, relata Fernanda Duarte. Treze moradores do Bairro das Eiras, entre eles cinco crianças, ficaram desalojados e não sabem quando poderão voltar a casa, apesar das garantias da Câmara da Lourinhã de que vai “dar todo o apoio necessário”. Neste local, cinco casas ficaram sem telhado e outras duas ficaram com os vidros partidos devido à projeção dos destroços.
No Pinhal Novo, 200 pessoas foram retiradas de um parque de campismo após as rulotes e atrelados terem sido atingidos por árvores.
Em Lourosa, Santa Maria da Feira, 39 campas e jazigos do cemitério ficaram danificados devido à queda de um muro de um estádio. Também em Ferragudo, Lagoa, várias campas ficaram danificadas na queda de uma árvore de grande porte. O mesmo aconteceu em Montelavar, Sintra.
Também as igrejas e as escolas de norte a sul sofreram com o mau tempo, tendo várias permanecido encerradas devido aos danos ou pela falta de eletricidade - e por ironia, o forte vento fez desta quinta-feira o melhor dia de sempre em Portugal de produção de energia eólica. Os estádios de clubes como o Belenenses, Rio Ave, Torreense e Olivais e Moscavide foram afetados.
E TAMBÉM
Árvore pára comboio
Uma árvore atingiu um comboio da CP na Linha de Cascais, ferindo o maquinista, e cortando a circulação entre Caxias e Paço de Arcos, situação que se manteve durante praticamente todo o dia. Houve ainda problemas nas linhas do Norte (Alverca), Beira Alta (Guarda), Sul, Sado, Douro (Régua), Vouga (Águeda) e Oeste.
Lisboa mais atingida
Lisboa e Vale do Tejo, com 5051 situações, foi a região mais afetada. Seguiram-se o Centro (1656), o Norte (891), o Algarve (350) e o Alentejo (293).
Navio afunda
Um navio da Marinha já abatido ao serviço afundou parcialmente por causa do mau tempo, no Cais da Margueira, Almada. A forte agitação marítima provocou mais de 24 ocorrências com embarcações junto à orla costeira.
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