Estudo indica que que pelo menos um terço dos programas de conservação é abandonado poucos anos após a implementação.
Uma equipa de investigadores alertou esta segunda-feira, no dia em que começa no Brasil a conferência climática da ONU, que o "abandono silencioso dos projetos de conservação" está a minar as metas sobre biodiversidade ou carbono.
O estudo, liderado entre outros por um investigador da Universidade de Sydney, Matthew Clark, foi publicado na revista "Nature Ecology & Evolution".
Os autores sugerem que pelo menos um terço dos programas de conservação é abandonado poucos anos após a implementação.
"Estamos a correr para atingir metas globais, como proteger 30% das terras e mares até 2030", disse Carly Cook, professora da Universidade australiana Monash, coautora.
Contudo, acrescentou, "ninguém está a perguntar se os parques que criámos ainda estão a ser geridos ou se os projetos que iniciámos ainda existem de alguma forma significativa".
Segundo Matthew Clark, são gastos anualmente 87 mil milhões de dólares em programas de conservação, sendo que este valor pode chegar aos 200 mil milhões de dólares, dependendo do que é exatamente contabilizado.
"À medida que lidamos com as crises da biodiversidade e do clima, espera-se que estes investimentos necessários atinjam os 540 mil milhões de dólares até 2030 e os 740 mil milhões de dólares até 2050", disse, citado num documento de divulgação da investigação distribuído pela Universidade de Sydney.
Mas, o investigador deixa de seguida um alerta: ainda que os investimentos sejam essenciais para atingir as metas de redução de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que provoca efeito de estufa no planeta, e de aumento da biodiversidade, essencial também para um planeta saudável, praticamente não há "forma de prever quanto tempo durarão estes programas".
Esta lacuna pode comprometer, segundo os cientistas, o progresso anunciado em eventos como as conferências da ONU (COP), porque "uma recuperação ecológica significativa pode demorar décadas".
O estudo, com a colaboração de investigadores de várias outras universidades e instituições, introduz o conceito de "abandono da conservação", quando as partes responsáveis deixam de cumprir informalmente os seus deveres ou quando leis e acordos são alterados para reverter situações.
E esses projetos abandonados, embora inativos, muitas vezes surgem incluídos nos relatórios oficiais, mascarando o verdadeiro estado da proteção ambiental.
Segundo os dados dos investigadores, a proteção legal para as áreas de conservação foi prejudicada mais de 3.700 vezes a nível global, desde redução a desclassificação das áreas.
E, além das revogações formais de áreas protegidas, aponta-se no documento para o "abandono generalizado" dos programas de conservação liderados pelas comunidades em África e na América do Sul.
No Canadá, entre outros exemplos citados no estudo, uma área de conservação marinha foi reduzida formalmente permitindo pesquisas de petróleo em quase 27 mil quilómetros quadrados.
Os autores do estudo defendem um sistema de monitorização global para rastrear o abandono da conservação, um financiamento a longo prazo mais robusto e uma maior transparência na contabilidade ambiental.
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