Indivíduo dos 50% mais pobres do mundo demoraria três anos a produzir o mesmo valor de emissões que ricos emitiram em menos de duas semanas.
Ainda não passaram duas semanas completas desde o início do ano e o 1% da população mais rica do mundo já esgotou as quotas de carbono para 2025, segundo o The Guardian que cita a análise da Oxfam, organização de caridade da Grã-Bretanha.
O “Dia do Polutocrata”, como denominado pela organização, ocorre numa semana marcada pelos incêndios devastadores em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A Oxfam mostrou que os hábitos de consumo da elite financeira causaram, em média, 2,1 toneladas de emissões de dióxido de carbono, nos primeiros dias do ano. Uma só pessoa da metade mais pobre do mundo demoraria três anos a alcançar o mesmo valor de poluição.
O Eurostat, serviço de estatísticas da União Europeia, explica que o dióxido de carbono é um “gás sem cor, sem odor e não venenoso criado pela combustão de carbono”, ou seja, sempre que um combustível à base de carbono como carvão, gás ou petróleo é queimado.
Quando o gás se acumula na atmosfera, surge o chamado “efeito-estufa”, que impede o calor do Sol chegado à Terra de ser radiado de volta para o espaço. O aumento de dióxido de carbono na atmosfera é um dos propulsores das alterações climáticas.
Em 2015, líderes mundiais comprometeram-se, no Acordo de Paris, a prevenir que as temperaturas globais subam mais de 1,5 graus celsius. Contudo, valores do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus, revelaram que 2024 foi o primeiro ano a ultrapassar o indicador.
Chiara Liguori, consultora de justiça climática da Oxfam, disse ao The Guardian que os governos não estão a responsabilizar os ricos pela crise climática - “Os governos têm de parar de bajular os ricos poluentes e deviam fazê-los pagar por contribuírem para a destruição do planeta”. Liguori acrescenta ainda que “os líderes que falham em agir são culpados pela crise que coloca a vida de milhões em risco”.
De acordo com a análise, o 1% mais rico é composto por 77 milhões de pessoas que recebem mais de 140 000 dólares por ano, cerca de 137 000 euros. Uma investigação anterior da Oxfam concluiu que a minoria rica foi responsável por 15,9% das emissões globais de CO2, em 2019.
Mas são os pobres que sofrem os efeitos mais intensos das alterações climáticas. Enquanto os ricos vivem com ar-condicionado, a população mais pobre tem acesso a menos recursos para mitigar os efeitos dos desastres do clima.
A investigação resultante da parceria entre a Oxfam e o Instituto do Ambiente de Estocolmo descobriu que as emissões do 1% são suficientes para causar 1.3 milhões de mortes relacionadas com o aquecimento global.
“O futuro do nosso planeta está a segurar-se por um fio, mas continuamos a permitir que os super-ricos continuem a espezinhar a humanidade com os estilos de vida luxuosos e investimentos poluentes”, afirma Liguori.
Outra pesquisa da Oxfam mostrou que dois jatos privados de Jeff Bezos, fundador da Amazon, estiveram quase 25 dias a voar no espaço de 12 meses, emitindo a quantidade de carbono que um funcionário da Amazon nos Estados Unidos emitiria em 207 anos.
Também em Portugal existem discrepâncias. O Relatório da Desigualdade Mundial referente a 2022, produzido pela Escola de Economia de Paris e pela Universidade da Califórnia, mostrou, no nosso País, os 5% mais ricos têm uma pegada ecológica 33 vezes superior à dos 5% mais pobres, tal como citado pelo jornal Público.
De modo a atingir o objetivo dos 1,5 graus, a minoria rica teria de reduzir 97% dos níveis de emissões até 2030. Mas a análise da Oxfam prevê uma redução de apenas 5%.
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