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Tratamento caro leva a mais abates

Número de cães abatidos é quase o dobro do número de animais tratados em sete anos.

19 de agosto de 2018 às 10:04

Entre 2010 e 2016 foram abatidos quase o dobro dos cães (1470) com leishmaniose em comparação com os que foram tratados (736), indica o mais recente relatório sobre Sanidade Animal, da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

"Tratar a leishmaniose pode custar muito dinheiro, dependendo do peso do animal e das consequências da doença", explicou ao CM o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, realçando que "muitos donos, por falta de recursos financeiros, acabam por recorrer à eutanásia".

A leishmaniose é uma doença causada pelo parasita Leishmania Infantum, que afeta sobretudo os cães. Segundo a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa, estima-se que existam cerca de 110 mil cães infetados em Portugal, ainda que muitos não manifestem a doença.

"Muitas vezes a doença é diagnosticada tarde, o que faz com que o quadro clínico do animal não seja favorável, com problemas renais, por exemplo, e o abate, para os donos, acaba por ser inevitável", esclareceu Jorge Cid.

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Tratamento caro leva a mais abates

O documento revela ainda que o número de animais vacinados contra a raiva, no âmbito das campanhas municipais, tem registado uma quebra nos últimos anos. Em 2014, foram vacinados mais de 164 mil cães e 173 gatos. Já em 2016, foram 67 mil cães e 108 gatos.

"Atualmente existem, em todo o País, várias clínicas veterinárias privadas. Há cada vez menos pessoas a recorrer a estas campanhas municipais, que são gratuitas, porque na altura da vacinação, os donos aproveitam também para realizar um check-up à saúde dos animais", justificou o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários.

O registo dos cães nas juntas de freguesia é obrigatório, assim como a vacinação contra a raiva. De acordo com o relatório, "o País tem mantido a sua indemnidade contra a raiva" e tem conseguido aplicar o "sistema de quarentena de animais suspeitos".

Brucelose afeta anualmente cerca de 50 pessoas

De acordo com o relatório da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, a prevalência de brucelose encontra-se abaixo de 1%. Ainda assim, "mantém-se o número de casos humanos reportados anualmente em cerca de 50", pode ler-se no documento.

Segundo Jorge Cid, o número tem que ver com "o consumo de produtos caseiros de origem animal que não são devidamente inspecionados".

PORMENORES 

Sintomas de leishmaniose

Os sinais mais frequentes da doença são: aumento dos gânglios linfáticos, crescimento anormal das unhas, perda de pelo, descamação da pele, emagrecimento e hemorragias.

Transmissão da doença

O risco das pessoas contraírem a doença é pequeno, sendo a taxa de cura superior a 95%. A leishmaniose humana afeta populações mais pobres, afetadas pelo VIH/SIDA ou em áreas rurais e suburbanas.

Há vacina em Portugal

Existe vacina contra a leishmaniose canina em Portugal. Pode ser administrada a partir dos 6 meses, com três doses. O diagnóstico da doença é feito através de kits rápidos, com recurso a uma gota de sangue.

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