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Exames oncológicos adiados para maior lucro

Está a ser dada prioridade a colonoscopias preventivas, que são pagas a dobrar pelo Ministério da Saúde.

23 de março de 2019 às 11:20
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Exames oncológicos adiados para maior lucro

A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia acusa os hospitais e institutos de oncologia públicos de estarem a colocar o lucro à frente da saúde dos pacientes. Tudo porque doentes que estão a aguardar exames ao colón e ao reto estão a ser ultrapassados por utentes que vão fazer colonoscopias de rastreio.

Uma decisão, segundo dados divulgados pelo Expresso, que ganhou força depois de, no ano passado, o Ministério da Saúde ter passado a pagar a dobrar estas intervenções preventivas  - o que as torna lucrativas para as unidades de saúde. Uma colonoscopia na atividade regular é paga a 169,73 euros – tanto como recebem os privados -, mas vale 378 euros se for feito de forma preventiva.

De acordo com o mesmo jornal, as 17 unidades que participam no rastreio têm lista de espera para colonoscopia (não urgente) por falta de equipas, mas aceitam sobrecarregar as escalas para rastrear os utentes encaminhados pelos médicos de família. O IPO do Porto, por exemplo, já fez 100 exames destes preventivos "à tarde, fora do horário". Em Coimbra, há 196 doentes em espera – média de seis meses – mas os exames de prevenção são "realizados dentro e fora do horário normal, ao sábado".

O presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, Luís Tomé, considera que esta opção "é uma vergonha". "Se tivéssemos capacidade instalada nos hospitais não teria problema algum, mas faltam anestesistas, colonoscópios, o material não é renovado… É uma política desastrosa, com um enorme desperdício de dinheiro", disse ao semanário, sublinhando que "querer fazer estas colonoscopias nos hospitais públicos é um preconceito ideológico". Postura que o responsável pela estratégia de prevenção nacional, Nuno Miranda, recusa.

Ao mesmo jornal, a Administração Regional de Saúde de Lisboa diz que a prevenção é "fundamental para reduzir a mortalidade e mobilidade por cancro do colón e reto, doença que ainda está em fase ascendente". A ARS do Alentejo defende também que "só os utentes com resultado positivo na pesquisa de sangue oculto necessitam de colonoscopia e, nesta situação, estão em igualdade de circunstâncias com outros utentes com sintomas".

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