Também indica que 37,7% dos inquiridos LGBT+ já foram discriminados pela orientação sexual.
Estudo revela que cerca de metade dos portugueses está insatisfeito com a vida sexual
Um questionário sobre saúde e práticas sexuais revelou este sábado que metade dos portugueses se sente "insatisfeita com a sua vida" no que ao sexo diz respeito e que 37,7% dos inquiridos LGBT+ já foram discriminados pela orientação sexual.
Em declarações à Lusa, o responsável pela aplicação do Questionário de Avaliação das Práticas e Experiências de Saúde Sexual (SHAPE), criado pela Organização Mundial de Saúde em 2023, Pedro Nobre explicou que estudo integrou 2010 participantes "numa amostra representativa e que engloba todas as características e variáveis socioeconómicas" da população portuguesa.
Segundo o também professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que coordena o Grupo de Investigação em Sexualidade de Género daquela faculdade, que aplicou o SHAPE, o objetivo é agora "criar em Portugal um Observatório de Saúde Sexual" que permita "avaliar a evolução dos indicadores de saúde sexual e dos comportamentos sexuais" na população portuguesa para "ajudar a desenvolver e implementar políticas públicas que promovam a saúde e os direitos sexuais" de todas as pessoas.
"Perceber que 50% da amostra se sente insatisfeita com a vida sexual é surpreendente e é preciso pensar na razão pela qual isso acontece, até porque muita dessa insatisfação está ligada a sofrimento e não a problemas sexuais", referiu o docente.
Segundo o SHAPE, cerca de metade das pessoas que participaram no estudo mostrou-se "insatisfeita com a sua vida sexual sendo que 20% relatou ter dificuldades sexuais que causam sofrimento significativo".
Os problemas sexuais mais reportados foram as dificuldades de ejaculação nos homens (11,7%) e do orgasmo nas mulheres (11,3%), seguido da dor sexual nas mulheres (10,7%), do baixo desejo sexual (10,6%) e da disfunção erétil (10,4%), sendo menos frequentes dificuldades de excitação na mulher (8,7%) e a ejaculação prematura nos homens (7,1%).
O estudo, que abrangeu questões sobre a saúde sexual e os comportamentos sexuais da população portuguesa, incluindo biografia sexual, práticas sexuais, violência sexual, discriminação, identidade e direitos sexuais, dificuldades sexuais, entre outros, revelou ainda que 93,4% das pessoas se identifica como heterossexual, 6,6% como Lésbica, Gay, Bissexual (LGB)+ e 0,5% como não cis-género.
Da população LGBT+, 37,7% das pessoas afirmam terem sido discriminadas com base na sua orientação sexual e destas, 40% apontou ter sido discriminada no ultimo ano: "Isto é muito preocupante porque mostra que apesar de toda a legislação que há, ainda há um grande trabalho a fazer".
Para Pedro Nobre, "mais preocupante é perceber que 31% das pessoas afirmam terem sido discriminadas por profissionais de saúde, que deviam ser os primeiros da linha no apoio e ajuda a estas pessoas".
O SHAPE revelou ainda que a maioria das pessoas (74%) inicia a sua atividade sexual com outra pessoa entre os 15 e os 21 anos (média de 18,9 anos) e que no que respeita às práticas sexuais, 2,7% das pessoas relataram nunca ter tido qualquer experiência sexual com outra pessoa, 16,6% das pessoas nunca fizeram sexo oral, 14% nunca receberam sexo oral e 13,7% nunca se masturbou.
Em termos de frequência, os resultados indicam que "nas quatro semanas anteriores à participação no estudo, 34,9% das pessoas não tiveram qualquer atividade sexual e 60,8% tiveram atividade sexual com apenas uma pessoa".
Entre as pessoas que tiveram atividade sexual nas quatro semanas anteriores ao questionário, a média é de 5,3 relações sexuais, ou seja, pouco mais do que uma vez por semana (sendo a resposta mais frequente apenas uma vez por mês).
O estudo recolheu também dados sobre a violência sexual que estimam que 9% da população já foi forçada ou ameaçada por outra pessoa a fazer algo sexual que não queria, sendo que 1,8% foi coagida a ter relações na sua primeira experiência sexual com outra pessoa.
As mulheres, apontam os resultados, "são três vezes mais vitimizadas do que os homens, ao passo que as pessoas LGBT+ são seis vezes mais vitimizadas do que a população hétero-cisgénero".
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