page view

Aborto mortal fica sem responsáveis

O Tribunal de Tomar absolveu ontem os pais, o namorado e a ginecologista que estiveram envolvidos na morte de Sara Damásio, uma jovem de 16 anos que faleceu em 2005, após uma tentativa de aborto com um medicamento.

24 de julho de 2008 às 00:30

À saída da sala de audiências, a mãe da menor tentou agredir a médica e chamou-a de "assassina". Foi preciso a intervenção dos familiares para acalmar a mulher.

Os quatro arguidos eram acusados pelo Ministério Público de um crime de aborto agravado em co-autoria, e o tribunal deu como provado que todos tiveram parte activa na morte da adolescente, mas agindo sempre sem intenção de provocar este desfecho.

O juiz Miguel Ferreira Vaz absolveu os arguidos, tendo por base a nova lei sobre a interrupção voluntária da gravidez, em vigor desde 7 de Abril de 2007, e à luz da qual nenhum dos arguidos teria de seguir a via do aborto ilegal. Hoje, Sara Damásio recorreria "a um hospital público para interromper a gravidez", o que "extingue a responsabilidade penal" dos arguidos, segundo o acórdão.

O caso remonta a Junho de 2005, quando a jovem e o namorado, Bruno R., confessaram a gravidez indesejada aos pais de Sara, Manuela D. e José D. Todosacordaram que o aborto seria a melhor solução, tendo a mãe contactado uma médica do Hospital de Tomar,FátimaM.,parainterromper a gravidez. A ginecologistareceitouomedicamento, Cytotec (usado na prevenção de úlcerasgástricaseintestinais), que posteriormente provocou a infecçãogeneralizada,resultandona morte da menor.

A vítima tomou 60 comprimidos em dois dias, uma dose considerada "mirabolante" peloperitoGomes Branco, chefe do serviço de Obstetrícia no Hospital de Santa Maria. Após a morte, este clínico publicou o caso de Sara numa revista científica americana, a alertar para os perigos abortivos do Cytotec, uma vez que foi o primeiro caso do género em todo o Mundo.

REACÇÕES

Medicamento

Em Tribunal ficou provado que a médica usou o medicamento em situações idênticas, sem problemas.

Silêncio

A magistrada do Ministério Público recusou esclarecer se vai recorrer da sentença.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8