Houve crianças que ficaram à porta da escola, dentro das carrinhas escolares, à espera de perceber o impacto da greve.
O coordenador do Movimento Cidadão Diferente alertou esta terça-feira para a situação de dezenas de crianças com deficiências que estão a ser afetadas pela greve de professores e funcionários, acusando algumas escolas de estarem a negligenciar estes alunos.
Miguel Azevedo é coordenador do Movimento Cidadãos Diferentes e contou à Lusa que no início das aulas, em janeiro, houve crianças que ficaram à porta da escola, dentro das carrinhas escolares, à espera de perceber o impacto da greve.
Depois das denuncias da associação, "as escolas passaram a ter mais cuidado, mas com o passar do tempo foram-se esquecendo", lamentou, explicando que "muitas podem já não ficar fechadas dentro da carrinha, mas deixam-nas paradas dentro das escolas, sem supervisão, sendo que as pessoas têm perfeita consciência dos prejuízos que lhes causam".
A greve iniciada em dezembro do ano passado e sem fim à vista "está a afetar centenas de alunos, para não dizer milhares", lamentou.
"Dentro de alguns agrupamentos temos pessoas com bom senso que não deixam as crianças sozinhas, mas na escola ao lado, do mesmo agrupamento, não usam do mesmo bom senso", contou à Lusa o coordenador da associação.
Estas crianças precisam de estabilidade nas suas rotinas e, por isso, Miguel Azevedo defende que é preciso "um plano B para não ficarem desamparadas".
O Ministério da Educação pediu na passada sexta-feira a definição de serviços mínimos para garantir situações como a destas crianças, mas o sindicato que convocou a greve desde dezembro, o STOP, recusou a proposta da tutela.
Para Miguel Azevedo, "tem de haver bom senso de lutar pelos seus direitos sem afetar aqueles que são os mais débeis. E quem está no terreno sabe muito bem os malefícios que traz a estes alunos, já para não falar dos outros".
Os "outros" são os mais de 350 mil alunos carenciados que têm direito a Apoio Social Escolar, por pertencerem a famílias com graves dificuldades económicas.
"Estamos a agravar situações de pobreza. Há muitas crianças que têm na escola a sua única refeição do dia", alertou Miguel Azevedo, garantindo que os pais "não estão de um lado nem do outro" da guerra entre sindicados e tutela.
A Lusa questionou o presidente da Associação Nacional Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) sobre se estão a ser garantidas as refeições aos alunos mais carenciados, mas Filinto Lima disse que são poucas as escolas fechadas à hora de almoço.
"Por norma, o que está a acontecer é que os professores fazem greve aos primeiros tempos, normalmente entre as 08h00 as 10h00. Depois, são retomadas as aulas", explicou, apesar de reconhecer que há escolas fechadas o dia todo.
Filinto Lima reconheceu que este novo modelo de greve "causa grande transtorno aos pais, porque deixam as crianças nas escolas mas sentem-se inseguros".
O ministério também propôs ao STOP que fossem definidos serviços mínimos que garantissem as refeições dos alunos, mas também foi recusado.
Filinto Lima não se quis pronunciar sobre a proposta, dizendo apenas que aguarda a decisão do colégio arbitral e, caso seja necessário avançar com serviços mínimos, pede que as informações sejam claras sem levantar dúvidas nas escolas.
Sobre as negociações entre a tutela e sindicatos, o presidente da ANDAEP lamenta que não haja "qualquer luz ao fundo do túnel", considerando que se entrou em "plena guerra: Uns mandam a bomba dos serviços mínimos, outros mandam a de mais uma marcha, outros dizem que afinal também vão participar nos protestos".
Na semana passada, os sindicatos participaram na terceira ronda negocial para debater com o ministério um novo modelo de recrutamento e colocação dos professores, mas as reuniões terminaram sem acordo com a promessa de manter as greves.
As greves de professores e pessoal não docente começaram em dezembro do ano passado e continuam sem data de termino.
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