Exibidas imagens de sexta-feira que mostram "um imenso manto de espuma em toda a extensão" do rio.
A Comissão de Luta Anti-Poluição do Alviela, com sede em Pernes (Santarém), denunciou mais "um vil ataque com poluição química" no Alviela, exibindo imagens de sexta-feira que mostram "um imenso manto de espuma em toda a extensão" do rio.
Em comunicado, a Comissão de Luta Anti-Poluição do Alviela (CLAPA) denuncia o que classifica de "recorrente e cobarde ataque ao rio Alviela, ao património da sua biodiversidade, à segurança, à saúde e ao bem-estar das populações que vivem nas proximidades de toda a bacia hidrográfica do rio Alviela".
"Sempre que os poluidores entendem que estão reunidas as necessárias condições para poluir, as agressões ambientais ocorrem", afirma o movimento fundado em 1976 e que é uma das mais antigas associações ambientalistas do país.
José Gabriel, dirigente da CLAPA, disse hoje à Lusa que a população ribeirinha do Alviela "está zangada", porque se sente "desconsiderada" perante o arrastar de uma "agressão ambiental gravíssima", sem que sucessivos governos e entidades lhe ponham cobro.
"Vi com os meus olhos, uma imensidão de espuma a escorrer horas e horas", desde a Louriceira (concelho de Alcanena), Vaqueiros, Pernes (localidades do concelho de Santarém), contou, salientando que cabe à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) apurar responsabilidades no terreno.
"Ano após ano, legislatura após legislatura, governo após governo, depois de centenas de registos de episódios muito graves de poluição, o rio Alviela continua a ser, à exceção da sua nascente e zona dos Olhos de Água (Alcanena), um vasto território abandonado que aguarda por verbas do Orçamento Geral do Estado para a sua defesa efetiva, a sua guarda vigilante e regular conservação - para acabar de uma vez por todas com a poluição!", é referido no comunicado.
"O Alviela precisa de guarda-rios a fazer vigilância incessante 365 dias por ano. Não pode ser de segunda a sexta-feira", acrescentou José Gabriel, frisando que a "prevaricação" acontece sempre que há chuva, mau tempo ou algum evento que capte a atenção de muitas pessoas, como um jogo de futebol.
Além da aprovação do quadro de guarda-rios pelo Ministério do Ambiente, o movimento reclama a realização regular de análises, e respetiva divulgação pública dos resultados, à água, ao ar e aos solos que confinam com o rio Alviela nos territórios das freguesias de Louriceira (Alcanena), Vaqueiros, Pernes e São Vicente do Paul (Santarém), "trabalho de campo a ser feito em parceria com a comunidade científica, a comunidade escolar, as associações de defesa do ambiente e autarquias locais".
Por outro lado, o movimento reivindica que o Ministério da Agricultura e Pescas e a sua direção regional corrijam de imediato os "graves erros e lacunas apurados nas ações de inspeção à atividade intensiva das diversas pecuárias que se encontram a laborar na proximidade do Alviela, nas freguesias de Pernes e São Vicente do Paúl, e que têm perturbado de forma assinalável a qualidade de vida das populações com episódios de poluição atmosférica e hídrica".
A CLAPA também apela ao Ministério da Saúde e ao seu organismo regional para que seja realizado "um estudo sanitário acerca das doenças que ocorrem na bacia do Alviela", realçando que ocorreram "imensas mortes", cujas causas importa apurar.
Aos ministérios da Coesão Territorial, da Indústria, do Trabalho e da Segurança Social, a CLAPA pede soluções para o "considerável passivo ambiental que acontece desde 1957 em toda a bacia do rio Alviela", para o abandono do território pelas populações, bem como para a extinção de indústrias, de comércio local, de um número assinalável de postos de trabalho, com o consequente "empobrecimento e a redução assinalável da qualidade de vida das pessoas".
Para a CLAPA, a destruição do rio, do património, da saúde e da qualidade de vida "não é desenvolvimento económico".
O movimento exorta ainda as Câmaras Municipais de Alcanena e de Santarém para que se juntem "em prol da defesa da qualidade de vida das populações", salientando que os Planos Diretores Municipais "podem e devem corrigir-se em prol da defesa do ambiente".
O episódio de poluição registado na passada sexta-feira foi ainda denunciado em comunicados das concelhias de Santarém da CDU e do BE.
A CDU recorda que a Assembleia Municipal de Santarém aprovou, em outubro de 2020, uma moção na qual a coligação defendia "a necessidade de um plano estratégico para a resolução do problema da poluição do rio Alviela, que seja articulado entre os concelhos de Santarém e Alcanena e o Governo".
Entre as propostas aprovadas incluía-se "a adequada fiscalização das entidades que utilizem a água do rio nas suas atividades ou para realização de descargas, a limitação da construção de mais equipamentos agropecuários ou industriais que constituam um fator de risco para o rio Alviela, o investimento e a aplicação de novos métodos produtivos, que não causem a degradação das águas do rio e a limpeza do leito do rio e das suas margens".
O BE enviou à Assembleia Municipal de Santarém um conjunto de questões dirigidas ao executivo municipal (de maioria PSD), perguntando, nomeadamente, sobre que diligências foram tomadas na sequência do episódio da passada sexta-feira.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.