Nunca tal se tinha visto, um país inteiro sem ponta de eletricidade. Quem queria regressar a casa viveu horas de desespero. Transportes não havia e o trânsito não se mexia.
Passavam três minutos das onze e meia, quando Portugal ficou ‘às escuras’ em plena luz do dia. Não foi um eclipse, foi um apagão de que não há memória. Muito pior do que o registado a 9 de maio de 2000, quando uma cegonha embateu numa linha de alta tensão em Lavos e deixou o País a sul da Figueira da Foz sem luz. Esta segunda-feira foi de Melgaço a Sagres e não foi uma cegonha. Foi uma “oscilação de tensões” na rede espanhola, que fornece eletricidade a Portugal. Foi o caos. Pararam os comboios, pararam os metros de Lisboa e Porto, pararam as aulas, parou o trânsito, que ficou um pandemónio, com os semáforos desligados.
As unidades de saúde reduziram a atividade ao mínimo, suspendendo consultas e adiando as cirurgias não urgentes. As pouquíssimas bombas de gasolina abertas transformaram-se em pequenos oásis no deserto. Encontrar uma a funcionar era quase um milagre. Centenas de voos foram cancelados no Aeroporto da Portela, em Lisboa, e vários desviados para outros aeroportos, afetando milhares de passageiros. Uma situação que, previsivelmente, vai levar dias a normalizar. O mesmo se passa com os tribunais, que só se mantiveram abertos para atos urgentes, obrigando ao cancelamento de muitas diligências.
As agências bancárias estiveram de portas fechadas, provocando longas filas junto às caixas multibanco, assim como os supermercados, com muitos clientes sem saber o que fazer aos carrinhos cheios de compras. As farmácias ficaram impedidas de aviar receitas eletrónicas. Perturbações que também se fizeram sentir, de forma muito significativa, nas telecomunicações, com os utentes preocupados a tentarem contactar com as suas famílias e ‘ouvirem’ apenas o som do silêncio. Nos restaurantes, que não puderam servir refeições, fazem-se contas aos prejuízos, sobretudo aos alimentos que estavam guardados nas arcas congeladores. Chegou, entretanto, um outro sinal de preocupação, com a EPAL a admitir falhas no fornecimento.
Já não bastava não haver luz como havia o risco de faltar a água. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, apelou à calma e anunciou que ia tentar perceber o que se passava junto da REN - Redes Energéticas Nacionais.Afinal, o problema não era só em Portugal, a Espanha estava a viver a mesma situação eparte de França idem aspas. Por volta das 17h30, os primeiros sinais de esperança, com a chegada da eletricidade a alguns pontos do País. Enquanto uns celebravam, outros desesperavam com o aproximar da noite e não viam meio de chegar a casa. Na cabeça de todos, a mesma pergunta: ‘Mas que raio aconteceu?’
PORMENORES
Problemas
Todas as unidades de saúde tiveram esta segunda-feira constrangimentos no funcionamento, sendo um dos setores mais afetados. Muitas consultas e cirurgias foram canceladas para haver meios.
Pânico ao telefone
O CM sabe que as centrais 112 receberam esta segunda-feira centenas de chamadas de pessoas que queriam saber a causa do apagão e quando estaria resolvido.
Hotelaria prejuízo
Muitos restaurantes e alojamentos turísticos não funcionaram esta segunda-feira devido ao apagão. “Este incidente está a gerar impactos negativos nestes setores”, disse a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto.
C. Bode regresso
O regresso da eletricidade ocorreu primeiro na zona de Abrantes e Tomar, cerca das 17h30, devido à recuperação da “produção de eletricidade nas central hídrica de Castelo de Bode”. A central termoelétrica da Tapada do Outeiro (Gondomar) também voltou a operar à mesma hora.
E TAMBÉM
Acordar com eletricidade
“No que depender da REN, o País vai acordar amanhã [hoje] com eletricidade, mas infelizmente não é só a REN que conta, há todo um sistema. Estamos a interagir da forma mais cuidadosa possível para não haver passos em falso. Se o fizermos deitamos fora o que já foi feito”, garantiu João Conceição, da REN.
Sem-abrigo
A distribuição de refeições a pessoas sem-abrigo em Lisboa ficou esta segunda-feira comprometida pela impossibilidade de confecionar e acondicionar alimentos.
Ajuda
“A Ucrânia está pronta para ajudar a restaurar as redes energéticas em Portugal e Espanha. Temos o conhecimento adquirido nos ataques russos à nossa infraestrutura”, disse esta segunda-feira o ministro da Energia, German Galuschenko.
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