Dia internacional de homenagem às vítimas de atos de violência baseada na religião ou crença, condena comportamentos de intolerância.
A comunidade muçulmana portuguesa denunciou desinformação sobre o islão enquanto ateístas revelam perseguição religiosa no trabalho, disseram à Lusa representantes destas comunidades, a propósito do dia de homenagem às vítimas de violência baseada na religião.
Na véspera do dia internacional de homenagem às vítimas de violência baseada na religião ou crença, que se assinala em 22 de agosto, o líder da comunidade muçulmana em Portugal, David Munir, disse à Lusa que o discurso de ódio contra o islão tem vindo a aumentar nas redes sociais devido à falta de conhecimento que as pessoas têm sobre a religião.
Para exemplificar a desinformação nas redes sociais, o líder religioso disse que está a circular nas redes sociais um cartaz com duas mulheres, uma com burca e outra sem, com uma publicação a referir que a comunidade islâmica pediu à Câmara de Lisboa que retirasse o cartaz.
David Munir disse que não há nenhum cartaz e que a perceção de que no islão a mulher não tem liberdade é falsa.
"Acham que no Islão a mulher é submissa ao marido, o que é mentira", afirmou.
"Quando há coisas falsas que são ditas, nós fazemos um comunicado e informamos", disse o Imã, argumentando que a forma de combater difamações e preconceitos é informar.
Por seu lado, o presidente da Associação Ateísta Portuguesa, João Lourenço, disse à Lusa que a organização recebe "vários relatos de pessoas que se sentem desconfortáveis em expressar abertamente as suas crenças ateístas", no local de trabalho.
A associação realizou um inquérito em que 59 associados responderam e quase metade relatou discriminação em ambientes familiares, profissionais, escolares e sociais.
João Lourenço indicou que a associação recebeu queixas de perseguição, sobretudo no local de trabalho.
A situação torna-se "desconfortável e as pessoas acabam por mudar de emprego, ou seja, essa pressão acaba por ter consequências, seja de sentimento de mal-estar, seja de acabar por abandonar o local de trabalho, infelizmente", indicou o dirigente.
João Lourenço referiu que existe liberdade religiosa em Portugal, país onde 80 por cento da população se declara católica, mas existem exceções, indicando que a associação recebeu queixas sobre a participação dos alunos na disciplina opcional de educação moral e religiosa católica.
Os alunos da disciplina costumam ir a visitas de estudo, os estudantes que não estão inscritos não vão e a escola não oferece alternativas, relataram.
O presidente da comunidade Hindu, Manuel Mulji, questionado sobre como via a liberdade religiosa em Portugal disse à Lusa que os hindus se sentem integrados.
Enquanto em Portugal são relatados alguns casos de desinformação e discriminação, a nível mundial, a liberdade religiosa foi violada em 61 países, onde vivem cerca de cinco mil milhões de pessoas, refere um estudo divulgado, em 2023, pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
No mesmo ano, foram mortos 4.998 cristãos por motivos relacionados com a fé, inclusive 90% dos mortos ocorreram na Nigéria, onde os ataques a cristãos se tornaram mais comuns desde 2020, como parte de um aumento mais amplo da violência política contra civis, segundo o estudo "A perseguição religiosa e o mundo Lista de observação 2024", publicado em janeiro de 2024.
A Coreia do Norte, a Somália, a Líbia, a Eritreia e o Iémen apresentaram as taxas mais elevadas de perseguição reportadas contra cristãos.
A perseguição religiosa piorou desde 2021 em muitos países da África subsaariana, incluindo Moçambique, Nigéria, República Democrática do Congo (RDCongo) e Sudão, sobretudo devido ao extremismo islâmico, refere um relatório do Centro Africano de Estudos Estratégicos, divulgado em 2023.
Segundo o Censos 2021, mais de sete milhões de portugueses são católicos, pelo menos um milhão diz ser ateu, cerca de 36 mil são muçulmanos e quase 20 mil são hindus.
O dia internacional de homenagem às vítimas de atos de violência baseada na religião ou crença, condena comportamentos de intolerância contra indivíduos que pertencem a diferentes grupos religiosos e a data foi adotada na Assembleia Geral da Nações Unidas em 2019.
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