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Concurso público para recuperar escola Alexandre Herculano do Porto ficou deserto

Júri do concurso concluiu que, "apesar de ter havido 14 empresas interessadas na obra, nenhuma apresentou propostas válidas".

03 de janeiro de 2019 às 16:33

O concurso público lançado pela Câmara do Porto para reabilitar a Escola Secundária Alexandre Herculano "não teve concorrentes", revelou esta quinta-feira a autarquia, adiantando ter "devolvido o assunto ao Governo" para que este tome as "competentes decisões".

"O presidente da Câmara do Porto comunicou hoje ao ministro da Educação o resultado do concurso, devolvendo o assunto ao Governo para que este possa tomar as competentes decisões sobre a manutenção e reabilitação da sua escola. Foi igualmente comunicado que a Câmara se encontra disponível para fazer parte de uma nova solução, desde que não onere mais o orçamento do que previsto no protocolo assinado [menos de um milhão de euros]", escreve a autarquia, em comunicado.

De acordo com o município, hoje o júri do concurso concluiu que, "apesar de ter havido 14 empresas interessadas na obra, nenhuma apresentou propostas válidas e quase todas declararam que o preço base de sete milhões de euros era insuficiente para a realização dos trabalhos".

A câmara lembra que "a Parque Escolar tinha concebido, antes de 2011, um projeto para a sua reabilitação, cujo valor rondava os 14 milhões de euros a serem integralmente pagos pelo Estado central".

"A tentativa meritória do atual ministro da Educação para resolver o problema, adequando o projeto e pedindo colaboração à Câmara, que prontamente se dispôs a dá-la, não foi bem-sucedida, pois o mercado entendeu que o preço que o Estado estava disposto a pagar não era suficiente", observa a autarquia.

O município refere que a escola pública da cidade é "propriedade do Estado português, não tendo a Câmara qualquer competência delegada que lhe confira responsabilidades no ciclo de ensino a que se destina".

"A obra, que só pelo exigido na candidatura a fundos comunitários teve que ser lançada pela Câmara do Porto, não poderá para já avançar", conclui a autarquia.

Sublinha que o presidente, Rui Moreira, "comunicou ao ministro da Educação que a autarquia quer continuar a fazer parte da solução, mas lembra que a responsabilidade pelo edifício e por aquele nível de ensino é do Estado".

A câmara recorda que "em 2014, e sem que a autarquia tivesse dado o seu acordo, o Estado inscreveu unilateral e erradamente no quadro comunitário de apoio uma verba para cofinanciamento da reabilitação do edifício em nome do município".

De acordo com o município, aquela verba "era claramente inferior a metade do investimento previsto no projeto da Parque Escolar", pelo que era "impossível à Câmara, nessas condições, lançar a obra que, não sendo sua, não estava corretamente financiada".

Em 2018, a câmara "aceitou ser dona da obra", tendo em conta "o interesse do edifício e o bem-estar da comunidade escolar".

Para o efeito, foi assinado "um protocolo com o Ministério da Educação, depois de o Estado ter adequado o projeto à nova realidade, reduzindo o valor a investir para os sete milhões de euros".

"O protocolo permitiria à Câmara lançar o concurso, custeando apenas 50% da comparticipação nacional, o que representaria um investimento municipal abaixo de um milhão de euros", acrescenta.

A autarquia diz que "aceitou ser parte da solução de um problema que não era seu e que foi criado por exclusiva responsabilidade do Estado".

"Primeiro, concebendo um projeto que não conseguiu cumprir e não conseguia pagar e, depois, inscrevendo abusivamente verbas no quadro comunitário em nome do município para uma obra que não era sua", descreve.

Em março, o primeiro-ministro, António Costa, apontou o acordo com a Câmara do Porto para requalificar a Escola Alexandre Herculano como exemplo de que "a descentralização é um progresso".

"Este é um excelente exemplo de que, trabalhando em conjunto, o Estado e as autarquias podem fazer mais e melhor. É uma prova de que a descentralização, nomeadamente na educação, não é uma ameaça. É um progresso", afirmou António Costa no Porto, após a assinatura do acordo de colaboração para avançar com o concurso para requalificar a Escola Secundária Alexandre Herculano.

Numa cerimónia em que o ministro da Educação se referiu à escola como "o meu Alexandre", o primeiro-ministro manifestou a "certeza" de que "a obra irá ser concluída tão rapidamente quanto o Tribunal de Contas [TdC] o venha a permitir".

A recuperação do antigo liceu, instalado num edifício do arquiteto Marques da Silva, previa a construção de um pavilhão polidesportivo a implantar no perímetro das instalações da escola.

A escola foi encerrada pela direção em 26 de janeiro de 2017 devido ao seu estado de degradação, que poderia pôr em causa a segurança de alunos, professores e funcionários, e reabriu portas em 13 de setembro daquele ano para algumas turmas após obras consideradas prioritárias.

A reabilitação da centenária Alexandre Herculano, imóvel classificado, esteve prevista para 2011, ano em que a decisão do XIX governo de suspender 40 investimentos e cancelar outros 94 previstos no Plano de Modernização das Escolas com Ensino Secundário determinou o cancelamento desta intervenção.

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