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Legionella: doentes exigem rapidez na Justiça

Ministério Público ainda não apurou se houve crime ambiental.

07 de novembro de 2015 às 16:48

Na rua 25 de Abril o nome é de liberdade, mas quem lá mora vive preso à memória do que há precisamente um ano mudou a vida da população de Forte da Casa, em Vila Franca de Xira: esta foi uma das localidades mais afetadas pelo surto de legionella, que atingiu 403 pessoas e causou a morte a 14.

Foi o segundo maior surto da doença no Mundo e Cristina Monteiro sobreviveu. Após os primeiros sintomas do que pensou ser uma gripe, foi medicada no hospital: não melhorou e regressou dias depois. Quando o diagnóstico de legionella foi confirmado, teve "muito medo". Apesar das dores nas articulações, ancas e joelhos e da medicação permanente, considera-se com sorte. "Conheço pessoas que nem uma escada conseguem subir. É verdade que são mais velhas, mas não estavam assim antes da legionella."

O vizinho, António Vilhena, esteve dez dias internado num hospital privado para fugir ao caos que então se vivia no Hospital de Vila Franca de Xira. "As análises estão feitas, um ano depois já se deveria saber quem são os responsáveis, mas aqui não moram figuras públicas, somos anónimos e não contamos para a sociedade." Ambos apresentaram queixa, tal como outros 211 doentes, mas sem esperança na Justiça. "Tem de ser o Estado a agir contra as empresas para que elas paguem as indemnizações aos sobreviventes e herdeiros. Se estiverem à espera de que se responsabilizem por livre e espontânea vontade, não vai acontecer", lamenta Cristina.Sem arguidos, não há a quem pedir indemnizações. Um ano após o surto, que a Direção-Geral da Saúde confirmou ter tido origem na Adubos de Portugal, a investigação do Ministério Público não apurou se houve crime ambiental. O prazo "é normal" e pode chegar aos dois anos, avisa o presidente da delegação da Ordem dos Advogados de Vila Franca de Xira, Paulo Rocha.

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