"É uma coisa tão pequenina em relação que à grandeza daquilo que se vai comemorar", disse o presidente da AR.
O presidente da Assembleia da República afirma que o modelo de cerimónia do 25 de Abril foi articulado com o chefe de Estado, teve origem numa proposta do PSD, mas foi instrumentalizado politicamente "por setores inorgânicos".
Esta posição foi assumida por Ferro Rodrigues em entrevista à Antena 1, conduzida pela jornalista Natália Carvalho e que será transmitida na íntegra na quarta-feira, pelas 10h00.
Questionado sobre a polémica em torno do modelo adotado pelo parlamento para realizar a sessão solene do 25 de Abril, no sábado, Ferro Rodrigues defendeu que "não podia colocar o senhor Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] perante factos consumados".
"Esta questão foi discutida muito seriamente durante muito tempo com o Presidente da República, porque ele é o convidado principal, é aquele que usa da palavra. Como se sabe, o Presidente da República só se dirige ao plenário da Assembleia da República exatamente no 25 de Abril. E, portanto, não apenas foi articulado com o Presidente da República, como a proposta aprovada em conferência de líderes teve o apoio de 95% dos deputados aí representados", sustentou.
Também de acordo com Ferro Rodrigues, a proposta sobre o modelo para a celebração do 25 de Abril "foi aliás originária do Grupo Parlamentar do PSD". "Portanto, devo dizer que tive alguma surpresa pelo tipo de reações que motivou fazer-se a celebração do 25 de Abril, visto que aquilo que seria notícia era não fazer. Já ando na política há muitos anos e é evidente que percebo o que se passa à volta da questão", referiu o presidente da Assembleia da República.
Na perspetiva de Ferro Rodrigues, nesta controvérsia em torno da celebração do 25 de Abril, "houve em primeiro lugar uma notícia falsa", segundo a qual iriam estar 300 pessoas na sessão solene, e "houve gente que foi arrastada".
Depois, "como é óbvio, houve uma instrumentalização política por setores que não propriamente orgânicos, porque se não estariam representados nos tais 95% que atrás mencionei", aponta o antigo líder dos socialistas entre 2002 e 2004. Ferro Rodrigues defende que a comemoração da revolução democrática de 1974 "é não só uma homenagem àqueles que fizeram o 25 de Abril, àqueles que mantêm o país a funcionar e àqueles que faleceram infelizmente, sendo um momento para serem recordados". Nesta entrevista, o presidente da Assembleia da República referiu-se também aos convidados da cerimónia que no sábado não estarão presentes no parlamento.
"Temos convidados que não poderão ir por razões de saúde e por serem considerados grupos de risco", observou. Ainda em relação às críticas de que foi alvo a organização da cerimónia do 25 de Abril, num momento em que o país se encontra em estado de emergência por causa da pandemia de covid-19, Ferro Rodrigues disse haver duas atitudes de natureza distinta entre esses críticos.
"Há pessoas que, de forma sincera, têm uma preocupação com os problemas de saúde pública. Depois, acho que houve uma falsificação sobre o número de pessoas que iriam estar nesta cerimónia no parlamento. Houve então uma manobra. Houve pessoas que se deixaram instrumentalizar por essa manobras e outras e que instrumentalizaram", sustentou. Interrogado se admite alterações ao atual modelo de comemoração do 25 de Abril no parlamento, Ferro Rodrigues respondeu: "Enquanto eu for presidente da Assembleia da República, não penso que haja nenhum interesse em mudar".
De acordo com Ferro Rodrigues, a polémica entretanto surgida, "é mais um copo de água na tempestade e não uma tempestade no copo de água". "É uma coisa tão pequenina em relação que à grandeza daquilo que se vai comemorar. Não interessa quantas pessoas estão, mas a qualidade de quem está. Não há aqui um novo normal em que as minorias ativistas são quem manda no país", adverte.
No plano político, o presidente da Assembleia da República refere-se às eventuais consequências da crise provocada pela pandemia de convid-19 nos em termos sociais e económicos. "Se houver uma crise social muito grave, isso pode ser o caldo de cultura para o aparecimento com mais força dos populismos e dos extremismos de extrema-direita. Para evitar isso, vale a pena uma unidade muito grande de todos os democratas", considerou.
Na entrevista, Ferro Rodrigues defende ainda que o trio Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro "tem funcionado bem", dizendo mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa "têm excelentes relações pessoais".
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