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Faculdade de Medicina do Porto quer integrar os 30 candidatos afastados do concurso

Maioria dos 30 candidatos envolvidos na polémica do concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina na U.Porto interpuseram uma ação no tribunal.

19 de novembro de 2025 às 18:39

O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto declarou esta quarta-feira que pretende integrar os 30 candidatos informados do ingresso em Medicina, mas que afinal não entraram por falta de homologação do reitor.

Em entrevista à agência Lusa, Altamiro Costa Pereira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), declarou que foi "muito desagradável" a polémica com os 30 candidatos ao Concurso Especial para o Mestrado em Medicina na U.Porto e que vai tentar integrar os candidatos que assim o desejem.

"Eu sei que agora [os candidatos] estão em tribunal, mas, independentemente daquilo que o tribunal venha a decidir, nós vamos tentar que esses estudantes acabem por entrar, ou pelo aqueles que o quiserem, obviamente", afirmou Altamiro Costa Pereira, à margem da reunião do Conselho Científico na FMUP que decorreu esta quarta-feira.

A maioria dos 30 candidatos envolvidos na polémica do concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina na U.Porto interpuseram no dia 15 de outubro uma ação no tribunal.

O diretor da FMUP acrescentou que os candidatos currículos "excelentes".

"Ao contrário do que aquilo que foi dito, todos eles têm currículos excelentes. Até há alguns que têm média de 19 e, portanto, não faz sentido nenhum aquilo que disseram que estes estudantes não tinham condições ou que eram estudantes abaixo de 14 [valores]. Eles tiveram abaixo de 14 num exame que era muito difícil". 

O exame a que Altamiro Costa Pereira se refere, e o motivo da polémica que envolveu a Faculdade de Medicina e a Universidade do Porto, é precisamente a prova de conhecimentos, cujo Despacho publicado em Diário da República em 2019 indica que os candidatos, para não serem excluídos, têm de ter pelo menos 14 valores.

Houve 30 candidatos excluídos no último Concurso Especial para Acesso ao Ciclo de Estudos Integrado do Mestrado em Medicina na U.Porto por não terem obtido pelo menos a nota de 14 valores.

Os candidatos ao concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Porto (U.Porto) confessaram à Lusa, a 5 de setembro, sentirem-se lesados pela U. Porto, referindo que mudaram de cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram de mestrados.

"Tomámos decisões de boa-fé com base na confiança no processo: mudámos de cidade, abandonámos empregos de anos, desistimos de mestrados, investimos em imóveis e reorganizámos vidas pessoais, acreditando nas vagas que nos foram atribuídas", lê-se numa nota de esclarecimento dos candidatos enviada à Lusa.

Esta quarta-feira, em Conselho Científico da FMUP, foi proposto que no regulamento fosse eliminada essa prova de conhecimentos.

"Isto foi uma coisa muito desagradável o que aconteceu, e acho que não havia necessidade nenhuma ter acontecido, mas isso cada um é responsável por aquilo que é, mas, o que eu quero dizer, é que toda esta polémica foi à volta da questão dos estudantes terem tirado menos de 14 [valores] no tal exame de prova de conhecimentos, que não afere em nada a qualidade dos licenciados que nos procuram, mas estava lá no regulamento isso", disse o diretor.

Para Altamiro Costa Pereira, tem mais importância a "essência do espírito da letra da lei [de 2007]".

"Não acho que tivesse muito sentido o que aconteceu, mas, uma vez tendo acontecido, também foi uma forma de identificar questões que agora irão ser todas resolvidas, que é exatamente fruto do anterior regulamento [de 2019], que foi feito para fins muito diferentes desta altura", assnalou.

Altamiro acredita que para o próximo ano ainda existam as "37 vagas" para o concurso especial, o equivalente aos 15% do número do regime geral para Medicina. Todavia, adiantou que está em análise uma proposta do ministro [da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre] "para reduzir essa percentagem obrigatória de 15% para 5%".

"Não sei o que vai acontecer a estes estudantes [30 candidatos que não ficaram no curso] e eu gostava que se fizesse justiça", concluiu.

A 18 de setembro, a Procuradoria-Geral da República confirmou a existencia de um inquérito a correr no Ministério Público relacionado com o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina na U. Porto. 

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