Em causa está a reforma do MECI aprovada em Conselho de Ministros e promulgada pelo Presidente da República.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) defendeu, este sábado, que a reforma do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) é "um significativo ataque à escola pública" cujo objetivo final é "desmantelar o sistema público de ensino".
"Estamos perante um processo que consubstancia um significativo ataque à escola pública, realizado por uma direita política cuja pretensão é -- e sempre foi -- desmantelar o sistema público de ensino para poder redesenhar um conveniente sistema de ensino privado, devidamente suportado pelo erário público", sustenta a Fenprof em comunicado.
Alertando que este é "o início de um impiedoso retrocesso civilizacional", a federação apela à concentração de esforços na "defesa intransigente do papel do Estado na realização das suas funções sociais" e na "concretização dos mecanismos que travam os quadros geradores de desigualdades".
"A educação não pode ser reduzida a um problema de gestão de recursos humanos e financeiros. As reformas estruturais no setor só podem ser construídas com diálogo efetivo com professores, estudantes, famílias e investigadores", sustenta.
Em causa está a reforma do MECI, aprovada em 31 de julho em Conselho de Ministros e entretanto promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
No âmbito desta reforma, o ministério - atualmente com 18 entidades e 27 dirigentes superiores entre os serviços do sistema educativo não superior e do ensino superior, ciência e inovação - passará a contar com apenas sete entidades e 27 dirigentes superiores, com a integração das entidades extintas em novas entidades.
O sistema educativo não superior vai sofrer a maior redução: Das atuais oito entidades setoriais, que incluem três direções-gerais, passarão a existir duas grandes agências: o Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação e a Agência para a Gestão do Sistema Educativo (AGSE).
No comunicado, este sábado, divulgado, a Fenprof reitera a sua "profunda preocupação" com as medidas anunciadas.
Criticando, desde logo, "a anunciada redefinição do papel do MECI como mero regulador do funcionamento das escolas, através da delegação de responsabilidades de gestão a entidades locais e regionais", alerta também para "a chamada transformação digital do sistema educativo e a promoção do investimento público no ensino privado".
Relativamente à criação da AGSE, destaca que esta "superestrutura" terá "o estatuto de instituto público e um regime especial", que dota esta agência de "autonomia administrativa e financeira, com património próprio e integrada na administração indireta do Estado".
Ora, adverte, esta figura jurídica "diferencia-se da administração direta por permitir uma maior autonomia e flexibilização na execução das suas funções, que incluem a possibilidade de alienação de património".
Adicionalmente, a Fenprof alerta que a AGSE terá trabalhadores "que funcionarão com um sistema de incentivos por desempenho, atribuídos em função da melhoria do serviço prestado por esta entidade", cujas principais competências serão a gestão de pessoal, aquisições, organização e funcionamento das escolas, validação das ofertas educativas e constituição de turmas, celebração de contratos de financiamento com o ensino privado, gestão da atribuição de cursos profissionais e de educação e formação a este subsistema e a gestão do sistema de formação contínua de professores, "entre muitas competências agora transferidas".
Debaixo das críticas dos professores está também o "conjunto alargado de competências" atribuídas às comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR), no que diz ser um "processo de desresponsabilização do MECI".
Para a federação, o diploma de reforma do MECI formaliza um processo iniciado "há décadas" de "continuado desinvestimento nos serviços públicos e de desvalorização dos trabalhadores da Administração Pública", colocando a educação "no balão de ensaio da aprovação desta legislação, para prosseguir este processo que o Governo espera concluído em todos os ministérios até final do primeiro semestre de 2026".
Ao mesmo tempo, a Fenprof lamenta que o processo tenha decorrido "sem envolver ou dialogar com os profissionais, sindicatos, estudantes, associações de pais ou investigadores", impondo "uma reorganização de cima para baixo, apressada, tecnocrática e com previsíveis impactos negativos para o futuro da escola pública e da educação em Portugal".
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.