Presidente irá falar com o primeiro-ministro sobre como assinalar esta perda em termos de luto nacional.
O Presidente da República lamentou hoje a morte da pintora Paula Rego, destacando a sua projeção no mundo, e disse que irá falar com o primeiro-ministro sobre como assinalar esta perda em termos de luto nacional.
Questionado pelos jornalistas, em Braga, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "tinha acabado de saber" da notícia da morte de Paula Rego e considerou que era a artista plástica portuguesa "com maior projeção no mundo certamente desde que nos deixou [Maria Helena] Vieira da Silva".
"É uma perda nacional. Certamente eu falarei com o senhor primeiro-ministro [António Costa] para ponderar como assinalar em termos de luto nacional essa perda, porque tem uma projeção muito longa, muito rica e muito prestigiante para Portugal", disse o chefe de Estado.
Paula Rego morreu hoje, em Londres, aos 87 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.
Segundo o Presidente da República, era uma artista plástica "muito completa", com projeção mundial durante "longas décadas".
"Há longas décadas que Paula Rego não é só muito importante em Portugal, em Inglaterra, onde vivia e onde eu pude visitá-la no seu estúdio em 2016, mas por todo o mundo", reforçou.
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que esteve com o filho da pintora recentemente "na inauguração da exposição em Londres, depois em Haia e depois em Espanha, em Málaga" e que essa exposição "era uma recolha e uma homenagem numa altura em que se sabia que Paula Rego estava já doente, bastante doente".
"Nenhum de nós podia imaginar que pudesse desaparecer", acrescentou.
O Presidente da República transmitiu à família da pintora "os sentimentos de todo o povo português".
Nestas primeiras declarações depois da morte de Paula Rego, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o anterior chefe de Estado Jorge Sampaio "tomou a iniciativa única de a convidar para fazer uma coleção de representações para a capela do Palácio de Belém, que foram na época revolucionárias, vendo Maria, mãe de Cristo, de uma perspetiva do papel da mulher, não direi feminista, mas do papel da mulher".
"É um caso único na própria sede da Presidência da República ter uma artista com uma coleção notável de retratos por iniciativa do Presidente Jorge Sampaio", salientou.
Maria Paula Figueiroa Rego, nascida em Lisboa a 26 de janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal, começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi reconhecido pelos professores da St. Julian´s School, em Carcavelos, e partiu para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.
Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e em Londres viria a conhecer o futuro marido, o artista inglês Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias, em Cascais.
A Casa das Histórias, que abriu em Cascais em 2009, num projeto do arquiteto Eduardo Souto de Moura, detém um acervo significativo de obras da autora, e tem vindo a apresentar exposições sobre o seu trabalho ou de outros, sobretudo portugueses, com quem tem afinidades.
Nas últimas décadas, a pintora abordou temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto - entre outros, do universo feminino, e o seu trabalho foi influenciado pelos contos populares, e também pela literatura, nomeadamente a escrita de Eça de Queirós, que a levou a pintar quadros inspirados em livros como "A Relíquia" e "O Primo Basílio".
Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II e, em Lisboa, recebeu o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
Para incentivar os jovens estudantes a desenhar, em 2016 foi criado o Prémio Paula Rego, galardão anual para atribuir a estudantes da Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Paula Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 2004 a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, e em 2011 o doutoramento 'honoris causa' da Universidade de Lisboa, título que possui de várias universidades no Reino Unido, como as de Oxford e Roehampton.
Em 2019, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura.
A sua obra está representada em múltiplas coleções públicas, a nível nacional e internacional.
Em novembro de 2021, também a Galeria 111, que representou a pintora em Portugal desde o início da carreira, organizou uma exposição em sua homenagem, e da "relação de amizade e cumplicidade", que titulou "Saudades", com 27 obras que revisitam o seu percurso artístico desde os anos 1980 até trabalhos mais recentes, provenientes do atelier da pintora, em Londres.
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