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Ministra da Saúde contraria IGAS em morte durante greve do INEM

Inspeção concluiu que homem que morreu em Bragança durante greve do INEM tinha probabilidade de sobrevivência, mas ministra garante que o quadro clínico do utente inviabiliza um nexo de causalidade com a greve.

23 de julho de 2025 às 01:30
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Ministra da Saúde contraria IGAS em morte durante greve do INEM

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) concluiu que um homem que morreu em Bragança durante a greve dos técnicos do INEM podia ter sobrevivido se o socorro fosse imediato. É a segunda morte associada a atraso no socorro durante a greve dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar do INEM, em outubro e novembro de 2024. Mas a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu ao início da noite que "o relatório não faz uma ligação direta entre esta morte e a greve". "O relatório diz que o quadro clínico da vítima 'inviabiliza nestas circunstâncias o estabelecimento de um nexo de causalidade entre o atraso no atendimento por parte do CODU e a morte ocorrida'", citou Ana Paula Martins, que pediu durante a tarde o relatório completo à IGAS. O caso é de um homem, de 86 anos, que morreu de enfarte agudo do miocárdio - tinha comorbilidades e antecedentes de patologia cardiovascular. Tinha probabilidade de sobrevivência, embora reduzida, segundo a IGAS, "sempre condicionada à realização de manobras de suporte básico de vida, quando iniciadas no imediato". A VMER chegou ao local 1h20m após o primeiro contacto com a linha 112, mas apesar desta demora, defendem os inspetores, "não é possível formular-se juízos de culpabilidade na conduta dos trabalhadores dos CODU, atendendo ao volume de chamadas em espera, reencaminhadas pela linha 112". Em outros dois casos (de duas mulheres, uma de Almada, de 74 anos, e outra de Tondela, de 93) cujas conclusões foram divulgadas esta terça-feira, não foi encontrado nexo de causalidade entre o atraso no atendimento e os óbitos. Todos os relatórios foram enviados para o Ministério Público - que abriu processos de inquérito a todas as mortes alegadamente associadas a atrasos no socorro nos dias da greve - , bem como ao INEM, unidades hospitalares envolvidas e Ministério da Saúde. Este é o segundo óbito durante a greve do INEM que poderia ter sido evitado se tivesse havido socorro atempado. O outro é o de um homem  de 53 anos, de Pombal, que morreu a 4 de novembro: segundo a IGAS, a morte podia ter sido evitada se o socorro chegasse num tempo mínimo e razoável, que tornasse possível o transporte da vítima, através da Via Verde Coronária, para um dos hospitais mais próximos, para ser submetido a angioplastia coronária. 

Seis inquéritos concluídos

Dos 12 inquéritos abertos pela IGAS, 6 foram concluídos. Dois já tinham sido arquivados há várias semanas: um homem de Vila Real de Santo António sofreu enfarte agudo do miocárdio. O desfecho "era irreversível". O outro, mulher de 86 de Castelo de Vide, que sofreu extenso AVC hemorrágico - "situação de muito mau prognóstico", independentemente do tempo de socorro.

Sindicato sem surpresa

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar disse não estar surpreendido com a conclusão da IGAS ao caso de Bragança. "Atrasos como estes já aconteciam antes da greve, e acontecem ainda hoje".

467 em risco

O relatório da IGAS à atividade dos CODU nos dias da greve concluiu que terão havido 467 chamadas não atendidas de situações de prioridade máxima, "cujo socorro das vítimas implicava meios altamente diferenciados".

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