Fonte sindicial alerta para riscos na prestação de cuidados aos doentes e comprometimento da formação dos internos.
Oito médicos em dois meses deixaram urgência do Hospital Amadora-Sintra
Oito médicos deixaram o serviço de urgência do Hospital Amadora-Sintra nos últimos dois meses e mais dois estão para sair, denunciou fonte sindical, alertando riscos na prestação de cuidados aos doentes e comprometimento da formação dos internos.
Uma delegação do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) visitou esta quarta-feira o Hospital Fernando Fonseca (HFF), que integra a ULS Amadora-Sintra, para avaliar as condições de trabalho e os efeitos da reorganização dos serviços, com particular atenção para a escassez de médicos nas equipas de urgência geral e interna.
A médica e dirigente sindical Tânia Russo disse à agência Lusa que, durante a visita, ouviu "relatos de situações que são graves, situações que põem em causa a equipa da urgência, que põem em causa a existência da urgência".
Tânia Russo revelou que oito médicos da equipa do serviço de Urgência Geral deixaram a instituição e "mais dois estarão para sair nos próximos tempos", uma situação que disse dificultar "ainda mais a prestação dos cuidados" e sobrecarregar quem fica.
Por outro lado, salientou, "há uma enorme perda da diferenciação das equipas médicas", porque os elementos que têm saído são dos mais experientes.
A dirigente sindical disse que esta situação, além de ser de risco para os doentes, coloca também em causa a formação dos internistas em Medicina Interna e a formação na nova especialidade de Urgência e Emergência que era suposto existir no HFF.
"É de facto uma situação que começa a viver-se de uma forma um pouco difícil e com falta de diálogo do Conselho de Administração com os médicos", disse a dirigente do SMZS, afeto à Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
Segundo Tânia Russo, os médicos têm proposto soluções, que não têm sido acolhidas: "Inclusive tem havido uma postura de alguma intimidação com chamada dos colegas para reunir individualmente, com informações e ordens dadas de forma oral e nunca por escrito".
"É esse o clima que se vive neste momento. Portanto, está-se a destruir um serviço, não se está a construir", lamentou, ressalvando que a situação não é nova, mas tem vindo a piorar, agravando-se mais com a abertura do Hospital de Sintra, que disse estar a funcionar com "muito poucos recursos".
"Na realidade, não há novos recursos. São os mesmos que foram simplesmente retirados de um sítio para outro", comentou Tânia Russo, exemplificando que exames como radiografias, ressonâncias, são feitos por técnicos e por médicos do HFF.
Disse que a maioria das consultas passaram para o Hospital de Sintra e houve cirurgias canceladas. "Para se abrir uma sala de bloco operatório no Hospital de Sintra, são encerradas três salas no HFF com cancelamento das respetivas cirurgias, incluindo cirurgias oncológicas", alertou.
Tânia Russo ressalvou que haver um novo hospital nesta região "é positivo e é necessário", mas com os "os recursos adequados, o que não foi acautelado".
"Não foi por falta de aviso, quer da parte do sindicato, quer da parte dos profissionais, simplesmente a situação que se vive atualmente tem a ver com um problema de gestão por parte do Conselho de Administração e um problema de falta de planeamento político por parte do Governo e do Ministério da Saúde", criticou.
Em 24 de julho, 19 médicos do Serviço de Urgência Geral alertaram, numa carta aberta à administração, para a perda de capacitação e o risco de rutura iminente do serviço caso o atual rumo não seja revertido.
Na altura, o presidente da ULS Amadora-Sintra, Carlos Sá, reconheceu que os profissionais da urgência "estão sobrecarregados", mas afirmou que "estão, como estavam há um ano, há dois e há três".
Disse que a instituição tem 63 novos médicos para a área hospitalar e o Hospital de Sintra será reforçado com, pelo menos, mais três clínicos este mês, além dos seis médicos atuais, cinco dos quais transitaram da anterior urgência básica de Algueirão Mem-Martins.
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