A edição de hoje
"Custou-me muito contar o meu testemunho a uma pessoa que estava verdadeiramente envergonhada”, contou uma das vítimas.
Foi durante a Jornada Mundial da Juventude em Portugal, em agosto de 2023, que o Papa Francisco recebeu e ouviu um grupo de 13 vítimas de abuso sexual na Igreja Católica portuguesa.
Era segredo, não se sabia quando nem onde seria, mas o encontro aconteceu logo no dia em que o Sumo Pontífice chegou a Portugal. Encontrou-se com as vítimas na Nunciatura Apostólica e pediu perdão em nome da igreja portuguesa.
"Custou-me muito contar o meu testemunho a uma pessoa que estava verdadeiramente envergonhada, que mostrou ser uma pessoa boa e que eu senti que não merecia ouvir aquilo”, confidenciou Cristina Amaral.
Em declarações ao ‘Diário As Beiras’, disse ter visto “um homem com muita humildade e muita bondade”, disponível para ouvir aquilo que se tinha passado há quatro décadas. “Estive sempre a chorar enquanto estive na presença do Papa”, desabafou.
No mesmo dia, o líder da Igreja Católica presidiu à oração das Vésperas no Mosteiro dos Jerónimos. Sobre os abusos sexuais na Igreja, o Papa afirmou que o "grito de angústia" das vítimas deve ser ouvido.
"Alguém dizia que temos este cansaço. É um sentimento difundido nos países de antiga tradição cristã, atravessados por muitas mudanças sociais e culturais e cada vez mais marcados pelo secularismo, pela indiferença para com Deus e por um crescente afastamento da prática da fé", disse o Santo Padre.
"Isto é o que se vê acentuado pela desilusão que alguns nutrem face à Igreja, nalguns casos devido ao nosso mau testemunho ou escândalos que desfiguraram o seu rosto e que nos chamam a uma humilde e constante purificação, partindo do grito de sofrimento das vítimas, que sempre se deve acolher e escutar", afirmou o líder da Igreja Católica sobre os abusos sexuais.
Quatro meses antes da visita do Papa, tinha sido apresentado publicamente o Grupo Vita, criado pela Igreja Católica portuguesa para o acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis.
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