Depois de admitida na Assembleia da República, petição é apreciada em plenário.
Mais de 20.000 pessoas assinaram uma petição que pede a criação de cuidados intensivos pediátricos no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, que será este mês submetida à Assembleia da República, descreveu esta quinta-feira Nuno Silva, primeiro subscritor da iniciativa.
"Isto nasce de uma situação pessoal, mas não é uma iniciativa pessoal, é por todas as famílias, como a nossa, que um dia viram o chão fugir-lhe dos pés e se deparam com estas realidades. Isto não é uma crítica ao IPO do Porto, muito pelo contrário. É um pedido para que se acrescentem competências a um hospital de excelência, no qual nos cruzamos com profissionais incríveis", disse à Lusa o responsável pela petição "Pela Criação de Cuidados Intensivos Pediátricos no IPO do Porto" que, às 10:30, contava com 20.421 subscritores.
Nuno Silva é pai de um menino de 11 anos ao qual foi diagnosticada leucemia de Burkitt em 2024. Atualmente em remissão, a doença obrigou a criança a meses de tratamentos e internamentos no IPO do Porto e no Hospital de São João.
"Durante o tratamento o Santiago teve uma complicação grave, teve que ser colocado em coma induzido, e o IPO do Porto não está dotado de cuidados intensivos pediátricos. Isto leva à necessidade de trabalhar em rede. No Hospital de São João havia vaga, mas nestes casos é preciso uma ambulância, que não é qualquer ambulância, uma equipa especializada para fazer o transporte. Temos aqui uma série de variáveis que não controlamos, ou seja, é uma sensação total de impotência que sentimos como pais, que não podemos fazer nada", descreveu.
Por esta razão, Nuno Silva gostaria de ver o IPO do Porto, hospital oncológico que descreve como "de referência e excecional", dotado de competências que evitassem a necessidade de sair dali para continuar determinados tratamentos.
"O IPO é uma instituição de referência em tratamentos oncológicos com profissionais excecionais que salvam todos os dias vidas. Isto é um reforço de reforço àquilo que o IPO faz. A nossa pergunta é: não poderíamos ter todos esses cuidados dentro do mesmo espaço e não estar dependente de variáveis externas?", disse.
Segundo Nuno Silva, o filho esteve no IPO do Porto num quarto de pressão positiva, "um espaço maravilhoso para o que ele necessitava, rodeado de pessoas cuja preocupação e cuidado foram totais e incríveis".
"Mas depois tivemos que o trazer cá para fora, sujeito a tudo ao que o estávamos a tentar proteger. Esta petição é para evitar isso", disse Nuno Silva.
Frisando que esta não é uma iniciativa "nem pessoal nem política", mas sim "humana", avançou que irá escrever ao presidente da Assembleia da República e aos líderes partidários a pedir que esta reivindicação seja debatida a nível nacional.
"Quando estamos nesse tipo de situações, o que nós queremos é que todos os cuidados sejam naquele espaço. Ou seja, aquilo que nós queremos é reforçar as competências ainda mais que o IPO tem. Dar-lhes ainda mais ferramentas [para] que eles possam fazer cada vez melhor o seu trabalho", reforçou.
Sublinhado que "esta não é uma iniciativa de uma família, é uma iniciativa por todas as famílias", Nuno Silva contou à Lusa que outros pais e profissionais de saúde já se envolveram na petição porque "perceberam a necessidade e a importância deste tipo de serviço e a necessidade dentro das mesmas portas".
No texto da petição, que começa com a frase "a vida das crianças com cancro não pode esperar", lê-se que "o IPO do Porto é uma referência no tratamento do cancro, também para crianças, no entanto quando uma criança tem uma complicação grave, tem de ser transferida para o Hospital São João ou, se não houver vaga, para Coimbra ou Lisboa".
"Isto significa que a vida de uma criança pode depender da disponibilidade de uma ambulância equipada e com equipa especializada, da existência de uma vaga noutro hospital e de que o transporte ocorra sem atrasos (...). Não devia ser assim", argumentam os subscritores.
Com esta petição é pedido ao parlamento que discuta a criação de uma Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos no IPO do Porto, "para que cada criança tenha acesso imediato aos cuidados que pode precisar sem sair do hospital onde está a ser tratada".
"Sabemos que vai custar dinheiro. Mas quanto vale a vida de uma criança?", concluem.
Os Institutos Portugueses de Oncologia integram a Rede Nacional de Referenciação Oncológica e atuam em articulação com os hospitais do SNS.
Contactada pela Lusa, fonte do IPO do Porto lembrou que, no caso da oncologia pediátrica, o IPO e o Hospital de São João funcionam como Centro de Referência para a área de oncologia pediátrica, partilhando recursos especializados.
"Por isso, os cuidados intensivos pediátricos são assegurados dentro desta rede, garantindo resposta adequada aos doentes", sublinhou a instituição.
Depois de admitida na Assembleia da República, uma petição que seja subscrita por mais de 7.500 cidadãos é apreciada em plenário.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.