São já conhecidos os 10 finalistas da 3ª Edição do Prémio de Voluntariado Universitário (PVU) Santander Universidades, que atraiu um total de 57 candidaturas de 16 distritos do País – o maior número de candidatos e distritos desde o início desta iniciativa em 2016 – que mobilizaram 2228 voluntários em causas das mais diversas áreas, com impacto em mais de 36 mil beneficiários.
Os projetos finalistas são dedicados a idosos em situação de risco, crianças e jovens, famílias carenciadas, mulheres refugiadas, instituições do terceiro setor e à população em geral, incluindo temas como a Saúde, Inclusão Social, Educação, Promoção do Voluntariado e Apoio Alimentar aos mais carenciados.
Este ano, pela primeira vez, para além dos três projetos vencedores do Prémio de Voluntariado Universitário e do projeto que receberá o PVU Comunicação, é atribuído o Prémio IES + Voluntária às Instituições do Ensino Superior que apresentem o maior número de projetos candidatos, distinguindo o seu envolvimento com a comunidade.
A cerimónia de entrega dos prémio decorre hoje, a partir das 14h30, no Centro Santander, em Campolide, Lisboa.
Uma iniciativa que, de acordo com Inês Oom de Sousa, administradora do Santander Totta, continua a crescer - tanto em termos de participação dos estudantes universitários como de instituições do ensino superior, abrangendo todo o território nacional - e que irá manter-se no próximo ano.
"Jovens motivados para participar" Inês Oom de Sousa - Administradora do Banco Santander Totta sublinha a grande adesão ao Prémio Voluntariado Universitário e admite a criação de novos projetos ligados ao apoio à sociedade civil.
Correio da Manhã – Que balanço faz desta terceira edição do Prémio de Voluntariado Universitário?Inês Oom de Sousa - Um balanço muito positivo e agradeço aos estudantes e às Universidades a participação ativa e a colaboração permanente numa iniciativa que se destina a premiar quem ajuda os que mais precisam. É extraordinário confirmar que a causa da sustentabilidade social, da solidariedade, é abraçada desta forma, com uma enorme generosidade que devemos todos aplaudir. O Santander, que é cada vez mais o Banco das Universidades, só pode congratular-se pela adesão espontânea ao voluntariado social por parte dos estudantes.
– Quais os projetos mais surpreendentes? - Todos têm algo de surpreendente, de inesperado. É difícil escolher entre projetos finalistas que são dedicados a idosos em situação de risco, a crianças e jovens, a famílias carenciadas, a mulheres refugiadas, a instituições do terceiro setor e à população em geral. Parece-me também muito interessante que os projetos incluam vídeos que demonstram o trabalho que já estão a fazer no terreno. Cada um deles pode contribuir para uma sociedade mais justa e equitativa.
- Quais as diferenças em relação às edições anteriores? - Crescemos, uma vez mais, no número de projetos candidatos e de distritos envolvidos. Este é um Prémio verdadeiramente nacional com concorrentes de norte a sul do País. Uma das novidades é que este ano, pela primeira vez, para além dos três projetos vencedores do Prémio de Voluntariado Universitário (PVU) e do projeto que receberá o PVU Comunicação, são atribuídos Prémios IES + Voluntária às universidades e institutos que apresentem o maior número de projetos candidatos, distinguindo assim o seu envolvimento com a comunidade.
– Os estudantes universitários portugueses estão suficientemente motivados para abraçar este tipo de iniciativas? - Ao contrário do que alguns possam pensar sobre a atual geração de jovens, a resposta da maioria esmagadora dos estudantes universitários tem sido evidente, porque estão claramente disponíveis e motivados para participar neste tipo de iniciativa. Entre os objetivos da participação há uma vocação altruísta, de dádiva voluntária, mas também de evolução pessoal e profissional.
- Todos os projetos que o Santander tem apoiado neste domínio têm tido continuidade?- Preocupamo-nos com essa continuidade, em acompanhar os diversos projetos através da mentoria que é disponibilizada por quadros do Santander – é uma das vertentes mais valorizadas deste prémio – e é com muito gosto que temos assistido ao desenvolvimento dos projetos. São exemplo disso mesmo os vencedores do ano passado, que se mantêm ativos.
- O Santander está a pensar em lançar novos projetos sociais?- A sustentabilidade social é uma das nossas prioridades, uma das grandes apostas estratégicas do Banco Santander. Teremos com certeza novos projetos ligados ao apoio à sociedade civil e ao voluntariado universitário, numa política que pretende ser de responsabilidade social ativa.
Alunos focados na solidariedade
Com o suporte das instituições do Ensino Superior, estudantes e professores dedicam-se a projetos solidários e garantem que o apoio chega a quem mais precisa.
BragaEstudantes de medicina dão ajuda porta a porta
Dos corredores da Escola de Medicina da Universidade do Minho, em Braga, para os lugares mais isolados de vários municípios do Norte do País.
São 25 voluntários, futuros médicos, que formam o projeto ‘Aldeia Feliz’ e vão "porta a porta realizar rastreios de saúde, avaliações da capacidade de resposta face a riscos e das condições de habitação dos idosos em situações mais vulneráveis", explica Gonçalo Cunha, de 23 anos, aluno do 5º ano de Mestrado Integrado em Medicina.
"Há casos em que os idosos não sabem sequer o número de emergência e, se precisarem de ajuda, recorrem a um vizinho", refere o estudante.
O trabalho de campo permite assinalar, junto de autarquias e instituições, como lares, os casos de maior risco.
Com ações desde 2014, já atuaram nos concelhos de Arcos de Valdevez, Vila Pouca de Aguiar, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura.
Lisboa
Produzem alimentos para o banco alimentar
O projeto começou a ganhar forma em 2011, quando "um grupo de alunos quis pôr os seus conhecimentos em prática".
O Instituto Superior de Agronomia (ISA) "cedeu as terras e a maquinaria em função de algo maior, de cariz solidário" e assim ganhou forma o projeto SolidarISA, recorda Maria Dias, de 22 anos, aluna de mestrado em Engenharia Agronómica.
O conceito é simples: estudantes e professores do ISA plantam alimentos como couves, cebolas ou trigo, que são depois colhidos e entregues ao Banco Alimentar Contra a Fome.
"Costumamos ter cerca de 200 voluntários, que se dividem nas duas etapas, de plantação e de colheita", refere Maria Dias, que integra a equipa de 10 elementos responsável pelo planeamento do projeto.
"Este ano vamos produzir cebolas, alhos e trigo, que é depois transformado em esparguete", conclui.
Porto
Ativam ‘superpoderes’ de jovens e seniores
"Todos temos superpoderes, que só ganham valor quando são partilhados com os outros". Foi com este desejo de partilha que ganhou força o projeto Escola de Superpoderes, ligado à Universidade do Porto, e que envolve 50 mentores-voluntários, com atividades em 22 cidades do País.
"Os mentores ensinam a atividade de que mais gostam a grupos de aprendizes, que podem ser formados por crianças e jovens em risco ou idosos em situações de isolamento", avança Joana Moreira, uma das coordenadoras do projeto, que existe desde 2010.
As atividades vão desde a fotografia, à dança, passando pela culinária e vários desportos, como hóquei em patins, entre outras. E os resultados já são visíveis. "Tivemos o caso de um aluno de kickboxing no Bairro do Cerco, no Porto, que ao fim de dois anos se tornou mentor e começou a dar aulas", destaca Joana Moreira.
Lisboa
Sabonetes tradicionais na integração de sírias
A ideia "nasceu na cadeira de empreendedorismo social do mestrado em Gestão" da Universidade NOVA de Lisboa e ganhou pernas depois de três colegas terem conhecido uma família síria a viver em Portugal "com dificuldades na adaptação, sobretudo as mulheres, que culturalmente não estão habituadas a trabalhar fora de casa", conta Benedita Contreras, de 24 anos.
Assim nasceu o projeto Amal Soap, uma empresa social criada para dar emprego a mulheres sírias, integrando-as "através da sua própria cultura, com um produto muito típico do país delas, que é o sabonete Aleppo".
Este sabonete "caracteriza-se por ter uma base de azeite e o que o diferencia é o óleo de louro", explica Benedita.
Neste momento, estão envolvidos no projeto cinco voluntários, que procuram ultrapassar todas as etapas burocráticas para começar a comercializar os sabonetes.
Lisboa e Porto
Promovem apoio legal a pessoas carenciadas
"Um grupo de estudantes com muita vontade de ajudar" formou, em 2014, a PRO BONO. E, desde então, o projeto tem crescido a olhos vistos: "Já contámos com mais de três mil inscrições de estudantes voluntários e de 400 advogados", contabiliza António Morais Leitão, de 24 anos, estudante de Direito da Universidade Católica Portuguesa.
O projeto, associado também à Universidade de Lisboa e do Porto, "já intermediou o contacto entre advogados voluntários, estudantes e beneficiários de instituições de solidariedade em 376 casos".
Desta forma, veio "responder à grande carência de voluntariado técnico e especializado que se sentia, e que ainda existe em Portugal", promovendo "o apoio legal a pessoas carenciadas e às instituições de solidariedade social que as apoiam". "A missão da PRO BONO é contribuir para o acesso ao Direito", termina.
Braga
Vão aos bairros sociais dar música às crianças
Pertencem à Augustuna- Tuna Académica da Universidade do Minho e, graças à experiência musical adquirida, perceberam que podiam dar mais à comunidade com um projeto social. "Surgiu a ideia de ensinarmos música a crianças que vivem em bairros sociais de Braga e decidimos avançar com um primeiro plano para o bairro de Santa Tecla", conta Daniel Diaz Costa, de 21 anos, da Augustuna. A tuna "vai funcionar como uma espécie de ponte" para proporcionar as atividades previstas.
"Queremos trabalhar com crianças e adolescentes destes bairros, de forma a apoiar a sua integração na sociedade através da música. Temos tudo pensado e o objetivo, mais tarde, é levá-los a atuar ou a participar em espetáculos. Mostrar o que conseguem fazer", conclui.
No lançamento do projeto Escola de Música: Pequenos Acordes estão envolvidos cerca de 12 voluntários.
Porto
Atentos à saúde e condições de vida
Há cerca de um ano que os alunos da Escola Superior de Saúde de Santa Maria, no Porto, estão envolvidos no projeto vintAGEING Fénix, criado "para intervir ao serviço da comunidade, dos mais pobres e dos mais carenciados".
O projeto funciona em parceria com a iniciativa ‘Porta Solidária’, organizada pela paróquia Senhora da Conceição, e que serve refeições quentes todos os dias aos que vivem com maiores dificuldades.
"Através de consultas de enfermagem e de nutrição, procuramos conhecer estas pessoas e ajudá-las a melhorar os seus níveis de saúde. Procuramos também encaminhá-las para os seus centros de saúde e, nos casos em que assim o desejem, podemos apoiá-las no desenvolvimento de um novo projeto de vida", destaca José Manuel Silva, presidente da direção da Escola Superior de Saúde de Santa Maria.
"Estamos ao serviço da sociedade na luta contra a discriminação", afirma.
Portalegre
Criativos oferecem 8 horas de trabalho
Arrancou em 2012, no âmbito de uma iniciativa internacional, mas ganhou autonomia e adaptou-se "às necessidades das associações locais".
O 8-i (‘8 Hours Overtime for a Good Cause’) "é um projeto em que alunos e professores do Instituto Politécnico de Portalegre doam oito horas de trabalho criativo a instituições de apoio social", refere Josélia Pedro, professora de Design e coordenadora da iniciativa.
"Nessas oito horas, o que produzimos depende das necessidades da associação que estamos a apoiar. Pode envolver a criação da identidade visual, com logótipos e outros materiais, como a produção de folhetos ou de estratégias de comunicação", explica a docente.
Assim, os alunos envolvidos ganham experiência enquanto colaboram com uma iniciativa solidária e as instituições obtêm resposta para necessidades na área do design e do marketing para as quais "não teriam recursos financeiros".
Porto
Mostram o mundo de forma diferente
‘O Meu Lugar no Mundo’ é o nome de um projeto que já existe há cinco anos e que, só no ano passado, envolveu 65 voluntários. Ligado à Universidade do Porto (U. Porto) e à Católica Porto Business School, aposta sobretudo "na relação humana".
A ligação entre os voluntários e as crianças que apoiam, vindas de contextos vulneráveis, é o primeiro ponto destacado por Teresa Soares, de 21 anos, estudante da U. Porto.
"Mostramos às crianças o Mundo de forma diferente e vários futuros possíveis. Os nossos voluntários fazem acompanhamento ao estudo e dinamizam várias atividades, como idas ao teatro ou a visita a universidades", explica Teresa Soares, que tem memória de vários casos de sucesso. "Recebemos um menino que tinha acabado de reprovar de ano.
No ano seguinte, foi aluno de mérito", conta, com orgulho. O projeto acompanha atualmente 40 crianças, dos seis aos 16 anos, do Bonfim, no Porto.
Vila Real
Garantem conforto a idosos isolados
A iniciativa começou a ganhar forma graças a três alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e força devido a um estudo que mostrava o índice cada vez mais elevado de dependência da população envelhecida de Vila Real.
O projeto ‘Gerações Unidas’ "foca-se na população idosa que vive num meio mais escondido e rural e que, de alguma forma, acaba por ser esquecida", conta Daniela Chaves, de 25 anos, aluna de Serviço Social.
"A ideia é apoiar estas pessoas - inicialmente vamos ajudar cinco idosos - sem as retirar da sua área de conforto. Podemos dar auxílio de muitas formas, desde cuidados de enfermagem e de reabilitação a, simplesmente, fazer-lhes companhia", explica a estudante.
O projeto pretende "facilitar a vida das pessoas apoiadas" em tarefas que podem parecer simples para muitos, mas que não estão facilmente acessíveis a estes idosos, "como ajudá-los a fazer as compras num supermercado".