Projeto nasceu da urgência de colocar a nutrição infantil no centro do debate em saúde pública, prática clínica e intervenção precoce.
A primeira conferência em Portugal sobre nutrição dos zero aos seis anos, que decorrerá em outubro, visa alertar para o aumento das dificuldades alimentares na infância, muitas com causas clínicas ocultas, desafiando pais e educadores a reconhecer e agir.
A 'Nutrition In Growth Conference' realiza-se nos dias 23 e 24 de outubro, em Lisboa, e é dirigida a profissionais de saúde e estudantes, mas também a educadores e famílias que queiram promover uma infância mais saudável e bem nutrida.
A nutricionista Ana Rachid, promotora da iniciativa, explicou que a conferência nasceu da urgência de colocar a nutrição infantil no centro do debate em saúde pública, prática clínica e intervenção precoce.
"Mais do que um evento, esta conferência é um movimento que defende uma nutrição informada, responsável e humanizada, dos zero aos seis anos", disse Ana Rachid, que há cerca de seis anos se dedica exclusivamente à nutrição na infância.
Com os anos de trabalho nesta área, a nutricionista disse à agência Lusa que se foi apercebendo de que "a nutrição vai muito além das calorias", o que evidencia a necessidade de trabalhar com as famílias para explicar o que é, de facto, "um verdadeiro alimento e o que é realmente necessário para os bebés e para as crianças".
Entre os temas em destaque na conferência está a crescente preocupação com as dificuldades alimentares na infância, como a recusa ou seletividade alimentar, que muitas vezes escondem condições clínicas subjacentes, como freios orais restritivos ou torcicolos congénitos.
"Por detrás de uma criança que não come ou que recusa uma comida, há sempre alguma coisa, há sempre um problema, há sempre uma situação que deve ser avaliada", disse Ana Rachid.
A conferência assenta num manifesto com cinco pilares: gravidez, amamentação, introdução alimentar, dificuldades alimentares e obesidade infantil e cada um dos painéis contará com a participação de nutricionistas, mas também de outros profissionais de saúde como terapeutas da fala ou fisioterapeutas pediátricos para proporcionar "um olhar integral, não só para a criança, mas principalmente para a família".
A iniciativa assume também um papel de alerta para o impacto da má alimentação na saúde pública, num contexto em que Portugal apresenta elevadas taxas de obesidade infantil e situações de subnutrição.
"A obesidade infantil tem vindo, cada vez mais, a aumentar em Portugal e sabemos que a obesidade é uma doença multifatorial. Portanto, não é só o que comemos, é também todo o ambiente à volta, desde a escola, creche, família, desde os educadores, cuidador secundário, a família que irá impactar nessa obesidade infantil", salientou.
A nutricionista notou que há crianças obesas que estão subnutridas, porque consomem alimentos pobres nutricionalmente.
"Temos muita ideia de que a subnutrição é sinónimo de miúdos muito magrinhos, mas é uma ideia errada", disse, sustentando: "Posso ter uma criança obesa completamente desnutrida e acho que é o que está a acontecer neste momento".
A nutricionista defende ser necessário reforçar a literacia alimentar junto das famílias, num contexto em que o 'marketing' alimentar e as redes sociais confundem cada vez mais as pessoas sobre o que é adequado ou não para crianças.
"Sabemos que o corredor dos supermercados com comidas para bebés são os mais inadequados devido ao elevado teor de açúcar e passa por nós, enquanto profissionais de saúde, fazer essa literacia com os pais", sustentou.
Para garantir a independência e ética da conferência, Ana Rachid disse que a iniciativa não tem qualquer patrocínio da indústria alimentar.
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