Bispo emérito de Setúbal morreu aos 90 anos.
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Manuel Martins, bispo de Setúbal entre 1975 e 1998, morreu este domingo aos 90 anos,
Durante a crise dos anos 80, Manuel Martins chegou a ser conhecido por "bispo vermelho" pelas denúncias que fez de situações de pobreza e de fome na região.
Marcelo rebelo de Sousa sublinha luta pela liberdade
Num comunicado divulgado no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que o prelado "representou, para a Igreja Portuguesa, a projeção da linhagem do senhor Dom António Ferreira Gomes no mundo do trabalho, em áreas sociais particularmente complexas, sempre atento à luta pela liberdade contra a opressão e pela igualdade contra a injustiça, em homenagem ao princípio da dignidade da pessoa".
No comunicado presidencial, afirma-se que tal como foi referido na mensagem por ocasião dos 90 anos de Manuel Martins, celebrados a 20 de janeiro, "o seu testemunho foi particularmente impressivo à frente da diocese de Setúbal", da qual foi o primeiro bispo.
"Ao dar vida aos princípios evangélicos, em tempos de crise e de enormes desafios comunitários, não serviu apenas a Igreja Católica, serviu Portugal", salienta o chefe de Estado.António Costa lamenta morte de "grande referência da consciência social"O primeiro-ministro lamentou este domingo a morte do bispo emérito de Setúbal Manuel Martins, uma "grande referência da consciência social", afirmando que a "melhor homenagem à sua memória é a ação pela erradicação da pobreza".
"É com tristeza que recebo a notícia do falecimento de D. Manuel Martins, grande referência da consciência social. A melhor homenagem à sua memória é a ação pela erradicação da pobreza", afirmou António Costa, numa mensagem enviada à Lusa.
Assunção Cristas
A presidente do CDS-PP afirma que "será sempre lembrado como um pastor, um promotor e um provocador da consciência e justiça social". Em comunicado, a líder do CDS-PP referiu-se a Manuel Martins como "um missionário da dignidade e dos direitos humanos".
"Ao longo dos 23 anos em que serviu, como bispo, a sua diocese, lutou incansavelmente numa missão contra a pobreza e pela dignidade de quem trabalha ou que quer trabalhar", prosseguiu Assunção Cristas. Para a presidente do CDS-PP, "os portugueses, assim como os timorenses, lembrar-se-ão sempre da sua coragem e palavras francas e firmes pelos mais desfavorecidos".
Jerónimo de Sousa
"A minha primeira palavra será de apresentação de condolências a toda a Igreja Católica e a todos os católicos do nosso país", disse o secretário-geral do PCP.
"Com a contenção que o momento exige, de facto, foi uma personalidade que, em certos momentos, teve uma grande intervenção social, particularmente no tempo em que se trabalhava e não se recebia, no tempo dos salários em atraso", acrescentou o líder comunista.
Catarina Martins
A coordenadora do BE considerou este domingo que a melhor homenagem a fazer a um homem como o bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, a "voz dos pobres quando foi preciso", é "lutar todos os dias para erradicar a pobreza".
"Hoje morreu Manuel Martins, bispo de Setúbal, que ficou conhecido por ser voz dos pobres quando foi preciso e nós, os que aqui estamos, os que lutamos pelos debaixo, sabemos que a melhor homenagem que fazemos a cada um e a cada uma que neste país se levantou contra a pobreza é não esquecer que há 2 milhões e 600 mil pessoas em Portugal a viver em situação de pobreza e lutar todos os dias por erradicar a pobreza no nosso país", disse Catarina Martins.
D. Januário Torgal Ferreira
Ex-bispo das Forças Armadas Januário Torgal Ferreira recorda o "estilo de servir" de Manuel Martins, nomeadamente a sua "sensibilidade apostólica a causas e a lutas que envolveram sempre a degradação do ser humano".
"Sempre tive dele a visão de um homem superior e muito raro na Igreja", sublinhou Januário Torgal Ferreira, em declarações à Lusa a propósito da morte do bispo emérito de Setúbal.
Lembrou "todo o seu serviço numa área muito difícil", referindo que "toda a gente sabe que, do ponto de vista social, uma das zonas mais depauperadas era a região de Setúbal, foi sempre a sua dor de cabeça e a menina dos seus olhos. Os pobres, os humildes, as fábricas que fecham, as lutas e, por outro lado, as más interpretações que muita gente fez dele".
"Ele fazia tudo isso em nome do evangelho, muita gente é capaz de o ter identificado com ideários políticos, podia coincidir, como acontece por vezes, quando nós lutamos pela cidadania, mas não significa forçosamente que uma pessoa que luta para que não haja fome seja deste ou daquele partido", salientou Januário Torgal Ferreira.
E acrescentou: "Não, ele fazia tudo isso condicionado pela causa de Jesus e fica como um exemplo de simplicidade. Foi sempre um grande bispo, sempre o considerei um exemplo e sempre o considerei um amigo"
Ferro Rodrigues
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, em comunicado, afirma que foi com "enorme tristeza" que soube da morte, hoje, do bispo emérito de Setúbal, Manuel Martins, "um homem bom que sempre foi solidário".
"Conheci Dom Manuel Martins e pude comprovar as preocupações sociais que sempre exprimiu, o seu inconformismo permanente na luta contra a pobreza e a sua solidariedade", afirma Ferro Rodrigues.
"Recordo com saudade a entrega que lhe fiz, pessoalmente, do projeto do que mais tarde viria a ser o Rendimento Mínimo Garantido", escreve o presidente do parlamento, que apresenta à família e amigos de Manuel Martins os seus "profundos sentimentos".
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