Bispo emérito tinha 90 anos. Funeral realiza-se na próxima terça-feira, em Leça do Bailio.
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Manuel Martins, bispo de Setúbal entre 1975 e 1998, morreu este domingo, aos 90 anos, informou a Diocese de Setúbal.
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Um comunicado da Diocese de Setúbal informou que Manuel Martins "faleceu hoje [domingo], às 14h05, acompanhado dos seus familiares e após receber a Santa Unção" de um pároco local, sem referir o local da morte.
As exéquias fúnebres de D. Manuel Martins celebram-se na próxima terça-feira, dia 26 de setembro, pelas 15h00, no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos - Porto). O corpo do Senhor D. Manuel estará em câmara ardente no Mosteiro, a partir desta segunda-feira, dia 25 de setembro, entre as 9h00 e as 24h00, e terça-feira, dia 26, entre as 9h00 e as 12h00.
A missa de sétimo dia realizar-se-á no domingo, 1 de outubro, pelas 16h00, na Sé de Setúbal.
Manuel Martins foi o primeiro bispo de Setúbal, nomeado em 1975.
Manuel Martins chegou a ser conhecido por "bispo vermelho", durante os anos de crise na década de 80, pelas denúncias que fez de situações de pobreza e de fome na região.
Nascido em 20 de janeiro de 1927, em Leça do Bailio, Matosinhos, Manuel da Silva Martins estudou no seminário do Porto e, mais tarde, na Universidade Gregoriana, em Roma.
Foi pároco de Cedofeita, nos nove anos de exílio do bispo do Porto António Ferreira Gomes (1960-1969), durante o Estado Novo, e foi vigário geral após o regresso do prelado.
Em 1975, um ano após o 25 de Abril de 1974, foi o ano da nomeação de Manuel Martins para bispo da diocese de Setúbal, de onde só saiu 23 anos depois, em 1998.
"Nasci bispo em Setúbal, agora sou de Setúbal", disse no dia da ordenação episcopal aquele que foi o primeiro bispo da diocese - criada a 16 de julho de 1975, em pleno `Verão Quente´ do Processo Revolucionário Em Curso (PREC) - e que acabou por se tornar uma voz incómoda para o poder político da época
Para Manuel Martins, desses primeiros anos da sua passagem por Setúbal ficou um sentimento de dever cumprido e a convicção de que deu o seu melhor na luta pelas causas dos mais desfavorecidos.
"Quando cheguei a Setúbal, levava uma recomendação muito importante do bispo de Porto, António Ferreira Gomes, que me disse para tentar não aparecer como colonizador, para procurar mergulhar em Setúbal, ser de Setúbal, ser Setúbal. E, felizmente, isso aconteceu-me", recordou Manuel Martins, enquanto partilhou, com a Lusa, em 2016, algumas histórias desses tempos conturbados.
Nessa conversa com a Lusa, recordou um episódio de troca de palavras com o então primeiro-ministro, Mário Soares.
"O Governo de Mário Soares dizia publicamente que em Setúbal não havia fome, que o bispo de Setúbal é que fazia fome. A comunicação social não me largava e um dia eu respondi dizendo que 'se a fome era Nafarros e Belém, podíamos dar graças a Deus porque em Portugal não havia fome'", lembrou.
Existia mesmo "fome em Setúbal", assegurou o 'Bispo Vermelho', que é considerado um dos principais responsáveis pela ação que a igreja católica continua a ter na região de Setúbal, designadamente no apoio social aos mais pobres e excluídos.
Após deixar Setúbal D. Manuel Martins regressou ao norte estabelecendo-se na sua terra natal de Leça do Bailio. Mas viveu uma experiência improvável. Em 1999 assumiu o lugar de pároco da Ilha do Corvo, a remota ilha açoriana onde viviam cerca de 350 pessoas. Uma experiência que durou poucas semanas, mas que o Bispo sempre disse ter sido muito gratificante.
Foi presidente da comissão episcopal da Ação Social e Caritativa e da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, e da secção portuguesa da Pax Christi.
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