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Relatório da IGAS mostra que acesso do ex-diretor executivo do SNS a consulta hospitalar desrespeitou as regras

Investigação ocorreu depois de uma denúncia anónima acusar Gandra d'Almeida de desrespeitar as regras das listas de espera no Hospital de Vila Nova de Gaia.

21 de fevereiro de 2025 às 23:42

O acesso de Gandra D´Almeida, quando era diretor executivo do SNS, a uma consulta hospitalar desrespeitou as regras, mas a realização da sua cirurgia cumpriu os procedimentos em vigor, concluiu a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

A conclusão consta do projeto de relatório da IGAS esta sexta-feira divulgado sobre o cumprimento das normas e orientações técnicas do Sistema Integrado de Gestão do Acesso (SIGA) na Unidade Local de Saúde Gaia-Espinho.

Esta investigação ocorreu depois de uma denúncia anónima acusar António Gandra d'Almeida, que foi submetido a uma cirurgia em outubro de 2024, de desrespeitar as regras das listas de espera no Hospital de Vila Nova de Gaia.

"Concluiu-se que o acesso do utente à primeira consulta hospitalar desrespeitou o previsto" na portaria que regula o SIGA, avança o relatório, alegando que a referenciação clínica não foi efetuada a partir de unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou de entidades externas ao SNS.

De acordo com a IGAS, a médica que assistiu Gandra D´Almeida "diligenciou pelo registo de primeira consulta da especialidade, em regime não presencial, após observação informal do utente, com o objetivo de desencadear a necessária requisição do meio complementar de diagnóstico e terapêutica (ressonância magnética) e o agendamento da consulta subsequente, o que merece reparo, por ser contrário à lei que rege a matéria apreço".

A inspeção-geral salienta que a razão de ser da lei em causa é garantir o acesso equitativo dos utentes ao Serviço Nacional de Saúde, sendo "tal absolutamente necessário por motivos de equidade e transparência do processo".

Relativamente à realização da cirurgia, a IGAS conclui que a inscrição "seguiu genericamente os procedimentos em vigor", mas o ex-diretor executivo do SNS saiu da unidade hospitalar em 21 de outubro de 2024 sem ter alta do internamento, o que somente ocorreu no dia seguinte, "sem que tivesse assinado qualquer termo de responsabilidade".

Perante estas conclusões, a IGAS emitiu três recomendações à Unidade Local de Saúde Gaia-Espinho, entre as quais a necessidade de garantir o cumprimento, no acesso de utentes à primeira consulta de especialidade, dos requisitos de referenciação previstos na portaria que regula o SIGA.

Além disso, a IGAS recomendou à ULS que verifique, na doença oncológica, a conformidade do grau de priorização das propostas cirúrgicas, face ao estabelecido na portaria que define os tempos máximos de resposta garantidos no SNS para todo o tipo de prestações de saúde sem caráter de urgência, e que assegure que os utentes assinam sempre um termo de responsabilidade, caso pretendam sair das instalações antes de ser emitida a nota de alta do internamento.

No final de outubro,  Gandra d'Almeida referiu que "o processo e procedimento hospitalar foram cumpridos como se de qualquer outro utente se tratasse", sublinhando que os pormenores clínicos eram "assuntos do foro exclusivamente privado".

Gandra D´Almeida apresentou a sua demissão em 17 de janeiro deste ano, na sequência de uma reportagem sobre a acumulação de funções na altura em que era diretor do INEM no Norte.

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