Câmara anunciou que "em articulação com a GNR, durante a noite deste domingo e o dia de segunda-feira, será feita uma vigilância em toda a área envolvente".
O abrigo na serra da Agrela, em Santo Tirso, onde no sábado morreram 54 animais vítimas de um incêndio, não tinha os terrenos anexos limpos, mas sobravam avisos de que a propriedade tem dispositivo de segurança.
No alto da serra da Agrela, a cerca de 15 minutos a pé das casas mais próximas, cerca de 200 cães e gatos foram durante anos "abrigados" naquele espaço apesar das críticas das associações protetoras de animais, mantendo-se as instalações em funcionamento apesar das multas que o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR foi instaurando.
Em dezembro de 2017, a Lusa deu conta da abertura de um processo-crime pelo DIAP do Porto aos dois abrigos existentes no local, "Cantinho das Quatro Patas" e "Abrigo de Paredes", mas oito meses volvidos o Ministério Público arquivou o processo-crime, considerando "não haver crueldade em manter animais num espaço sujo, com lixo, dejetos e mau cheiro", como refere o despacho.
Quase dois anos passados, os dois abrigos voltaram a ser notícia pelos piores motivos e, no local onde tudo aconteceu no sábado, à porta do "Cantinho das Quatro Patas, Catarina Ferraz, voluntária da causa animal, explicou o que as autoridades podiam fazer mas não fizeram.
"A câmara [de Santo Tirso] já tinha sido avisada do que estava a acontecer aqui já fez três anos e nunca agiu. [Durante a contestação] passaram aqui funcionários da câmara e não saíram do carro. De certa forma não quiseram saber e as pessoas ficaram desagradadas com essa inação", relatou a voluntária.
Reiterando que os "maus-tratos aos animais" são anteriores ao incêndio, Catarina Ferraz falou de "condições péssimas de habitação" para animais que "estavam subnutridos, não tinham água, não tinham comida".
O facto de os terrenos em torno do abrigo não estarem limpos é para a interlocutora "mais uma prova da inação da Câmara de Santo Tirso", lembrando que o executivo liderado pelo socialista Alberto Costa "recebeu inúmeras queixas, mas continuou sem limpar os terrenos".
"A proprietária de certeza que sabia da situação em torno da sua propriedade e continuou sem agir", acrescentou.
Em comunicado no domingo à noite, a câmara anunciou que "em articulação com a GNR, durante a noite deste domingo e o dia de segunda-feira, será feita uma vigilância em toda a área envolvente dos dois abrigos de animais na freguesia de Agrela, no sentido de encontrar outros animais que não tenham sido realojados", ação que Catarina Ferraz considerou despropositada.
"Acho que não há animais assustados fugidos pela serra porque à volta do terreno há arame farpado e eles não conseguem sair", disse, sendo certo que no tempo em que a reportagem da Lusa esteve no local não foi visível a presença de patrulhas.
Ana Isabel Silva, representante do Bloco de Esquerda em Santo Tirso, relatou à Lusa uma "reunião em 2018 com o veterinário municipal da câmara para falar desta situação", tendo sido informados por este de que "sabia do que se passava nos abrigos, tal como a câmara municipal".
"O incêndio veio mostrar o problema que existia aqui, que não existia segurança para os animais, nem plano de contingência para o caso de haver incêndio", lamentou Ana Isabel Silva.
A Associação dos Amigos dos Animais de Santo Tirso (ASAAST) foi um dos locais que recebeu uma parte dos 190 animais resgatados do abrigo, com a presidente Fátima Meinl a descrever à Lusa a situação de dez dos 11 animais recebidos, informando que um deles foi reencaminhado para casa de um voluntário.
Na triagem feita ainda no local do incêndio, explicou a responsável, "os que estavam feridos foram para as clínicas e os restantes, que não apresentavam riscos de vida, foram distribuídos por associações e por canis".
"Os que aqui estão em comum têm pânico, estão apáticos. Fisicamente, oito deles tinham muitos parasitas, estavam subnutridos e três tinham feridas, que estão a ser tratadas", descreveu.
Conseguida a estabilização, a recuperação, segundo Fátima Meinl -, "vai ser caso a caso", estando no horizonte da ASAAST a recuperação "o mais rapidamente possível dos animais para poderem ser adotados".
Entretanto, foi marcada para hoje, às 21:30, uma vigília diante da Câmara de Santo Tirso, para que "honrar a memória dos animais que perderam a vida e dos que continuam a sofrer por conta desde incêndio", disse à Lusa Catarina Ferraz.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
                        O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário. 
                        O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
                    
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
                    Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login. 
                    Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
                
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.