Funcionários querem melhores condições de trabalho, queixando-se de que o foco da empresa é o banco.
Centenas de trabalhadores dos CTT manifestaram-se hoje em frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa, por melhores serviços, salários e condições de trabalho, queixando-se de que o foco da empresa é o banco e pedindo a renacionalização.
"Há locais onde estão contentores com correio de há meses. Porquê? Porque eles [a administração] não metem trabalhadores em número suficiente. Os trabalhadores que eles colocam são agenciados, que não entram no centro de distribuição. Os trabalhadores efetivos que lá estão, além de fazerem o seu serviço, têm que fazer o serviço dos agenciados", afirmou, em declarações aos jornalistas, Vítor Narciso, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT).
Segundo o sindicalista, um dos cerca de 350 trabalhadores presentes na manifestação de hoje junto ao Terreiro do Paço, "a partir da privatização, aquilo que se assistiu foi que o que os CTT [...] querem é só o Banco CTT".
"A prioridade é o Banco CTT e são os serviços financeiros em detrimento do serviço postal universal, e não só: das encomendas, mesmo daquilo que dá mais lucro - as encomendas e o correio expresso - mesmo aí está tudo com atrasos de 15 dias, um mês, seis meses...", lamentou o sindicalista.
"Aquilo que nós dizemos é que só há uma possibilidade de tudo isto voltar à normalidade, que é os CTT serem uma empresa una e não beneficiando o banco, e sob a responsabilidade do Estado", advogou.
Vítor Narciso recordou ainda que "os correios sempre tiveram qualidade de serviço, e toda a gente sabe que há 15 anos as cartas chegavam no dia a seguir, os registos chegavam no dia a seguir, funcionava tudo normalmente, e a responsabilidade era do Estado".
Já o coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, afirmou que "cada vez mais os portugueses estão a ser mal servidos com a atual empresa dos CTT", lembrando que os trabalhadores que vieram de todo o país estavam a lutar por melhor serviço na empresa, mas também melhores salários.
José Manuel Oliveira considerou que "é preciso efetivamente não desvalorizar as profissões e por isso tem que haver um crescimento além daquilo que está a ser proposto".
"Hoje, no conjunto das empresas, quer públicas quer privadas, é 'chapa 10'. As propostas são 10 euros, e nalguns casos nem para todos os trabalhadores. E isso já está absorvido por aquilo que é a previsão de aumento salário mínimo nacional para 2022. Achamos que não é esse o caminho, que Portugal precisa de um caminho diferente", defendeu.
Também presentes na manifestação, marcada para dia de greve nos CTT, estiveram a coordenadora do BE, Catarina Martins, e o deputado do PCP Bruno Dias.
A responsável bloquista considerou que a manifestação de hoje "é um protesto pelas condições de trabalho, mas é sobretudo um protesto pelo serviço postal em Portugal", e que "a empresa fez tais cortes que não é possível cumprir os serviços dos CTT".
"Aliás, a Anacom [Autoridade Nacional de Comunicações] já acusou os CTT de não cumprirem nenhum indicador de qualidade. E tantas vezes as pessoas olham para os carteiros, para os trabalhadores que estão na estação dos CTT e ficam até revoltados, porque os CTT não respondem, estes trabalhadores dão a cara pelos CTT mas estão aqui a lutar por todos os utentes, por toda a gente que precisa de serviço postal em Portugal e não o está a ter em Portugal", sustentou.
Catarina Martins recordou que "os CTT eram uma empresa lucrativa quando eram uma empresa pública", catalogando a privatização da empresa, no anterior Governo PSD/CDS-PP, como "um verdadeiro assalto ao país".
"Quando foi privatizada, a ânsia de lucro rápido dos acionistas privados, e o facto de estarem muito mais interessados no Banco CTT do que no serviço postal fez com que desguarnecessem completamente o serviço postal", considerou a coordenadora bloquista.
Já Bruno Dias, do PCP, considerou que "o correio está cada vez pior, não há uma pessoa em Portugal que diga o contrário".
"A experiência que o país tem de gestão privada dos correios tem sido desastrosa", advogou, alertando que "já vai passando o tempo, é urgente inverter esta política", recordando ainda as propostas do PCP para que os CTT voltem ao controlo público, que "têm sido sempre recusadas porque o PS deu a mão à direita".
Questionado sobre se com o fim da atual solução governativa apoiada pelo PCP a reversão da privatização ficou mais difícil e poderá nunca mais acontecer, Bruno Dias lembrou que "há muitas pessoas que não sabem que os correios foram privatizados quando o país esteve sob ocupação espanhola, no século XVI".
"Várias décadas e séculos mais tarde, sob soberania portuguesa, os correios voltaram a ser do Estado português. Nós temos que aprender com a História, mas acima de tudo aprender com o presente, tirar consequências da situação desgraçada que estamos a viver no presente em relação aos correios", disse o parlamentar.
O deputado considerou ainda que a defesa de que o serviço público será melhor que o privado "não se trata de uma questão abstrata ou de uma questão de pensamento filosófico, é uma questão factual".
"De acordo com os próprios indicadores de qualidade do serviço, aquilo que está estabelecido pelo próprio regulador ficou demonstrado que no último ano, os CTT, dos vários indicadores de qualidade, cerca de 20, os CTT cumpriram zero", sustentou.
Os trabalhadores dos CTT estão hoje em greve por melhores salários e condições de trabalho, causando constrangimentos nos serviços, segundo o sindicato, embora a empresa assegure que tudo está a funcionar normalmente.
O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vitor Narciso, disse à agência Lusa que durante a noite a adesão média à greve foi de 60%, tendo chegado aos 68% durante a manhã, o que "levou ao encerramento de alguns centros de distribuição e deixou muitas lojas a funcionar só com as chefias".
Os CTT -- Correios de Portugal divulgaram em comunicado que a greve "não teve impacto na atividade da empresa, tendo registado baixos níveis de adesão, na ordem dos 12%".
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