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Único remédio para a gota só em Espanha

Laboratório avisou o Infarmed de que a reposição do stock está prevista só para 31 de Outubro

24 de agosto de 2010 às 00:30

O único medicamento para tratar a gota, o Colchicine, está esgotado em Portugal desde 19 de Julho e a reposição no mercado está prevista só para 31 de Outubro. Aos doentes que sofrem uma crise aguda, que causa dores insuportáveis, resta procurá--lo nas farmácias espanholas. Estima-se que 90 mil portugueses sofram de gota.

Nelson Pires, director do laboratório Jaba Recordati, empresa distribuidora e licenciada do produto, afirmou ao CM que a ruptura do medicamento se deve a uma alteração do local de fabrico, em França. "A ruptura é uma situação que nos preocupa seriamente", afirmou.

Para evitar que os doentes estejam três meses sem acesso ao Colchicine, também prescrito para tratar a Béhçet, uma doença rara de inflamação dos vasos sanguíneos, a solução encontrada pela empresa é "a importação com embalagem em francês e reembalagem em Portugal da caixa e do folheto traduzidos". Nelson Pires afirma que foram "informados" pelo Infarmed de que o pedido "poderá ser autorizado, mesmo com as embalagens em francês, desde que o folheto informativo conste em português e que seja a mesma Autorização de Introdução do Mercado". O responsável diz aguardar "instruções e documentação para formalização do pedido".

Fonte do Infarmed diz que ainda não foi feito qualquer pedido de importação do medicamento pela Jaba, mais de um mês após a verificação de ruptura de stock do Colchicine. O Infarmed acrescenta que os laboratórios têm conhecimento das alternativas de acesso aos medicamentos.

DORES NÃO DEIXAM DOENTE DORMIR

Francisco Falcão, 65 anos, aposentado, passa noites sem dormir desde há cerca de duas semanas. "As dores são tão intensas que não consigo pregar olho durante toda a noite, apesar de estar a tomar anti--inflamatórios e analgésicos fortíssimos", sublinha ao CM. Francisco Falcão sofre de gota há alguns anos, mas, no início de Agosto, teve uma crise tão grande que o levou às Urgências do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde lhe foi receitado o Colchicine. Francisco Falcão questiona: "Se o medicamento está esgotado, porque é que os médicos continuam a receitá-lo? E se está esgotado em Portugal, porque não o importam de qualquer outro país europeu? Como é possível deixarem o País sem um medicamento, sabendo que não existe para os doentes outra alternativa de tratamento?". Depois de ter ponderado recorrer a uma farmácia em Espanha, o paciente, com dificuldades em andar, espera agora que a crise passe depressa.

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