Protesto foi convocado pelas Comissões de Utentes da Saúde do Arco Ribeirinho Sul e pela União de Sindicatos de Setúbal mas contou também com a adesão da Federação Nacional dos Médicos.
Dezenas de utentes contestaram esta quinta-feira em frente ao hospital do Barreiro contra o eventual encerramento da maternidade naquela unidade de saúde, recusando a medida governamental de concentrar a urgência de Obstetrícia no hospital Garcia de Orta, em Almada.
"Temos aqui um hospital com um milhão de euros investidos na maternidade que serve quatro concelhos do Arco Ribeirinho. Não vemos com bom-tom este projeto de concentrar a urgência no Garcia de Orta", disse Antonieta Bodziony, da comissão de utentes do Barreiro.
Antonieta Bodziony adiantou que o Garcia de Orta, em Almada, já tem constrangimentos com a população dos concelhos que serve atualmente (Almada e Seixal), e que "será um caos se tiver que acudir também a esta população".
O protesto foi convocado pelas Comissões de Utentes da Saúde do Arco Ribeirinho Sul e pela União de Sindicatos de Setúbal mas contou também com a adesão da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Em declarações aos jornalistas a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, disse que concentrar urgências numa urgência geral não faz qualquer sentido.
"O que estão a dizer à população é que vão ter serviços encerrados e não vão ter serviços de urgência, ginecologia de obstetrícia de proximidade", disse.
Joana Bordalo e Sá considera "extremamente importante que esta maternidade se mantenha aberta para que as grávidas da região consigam ter cuidados de proximidade".
"Não é suposto encerrarem serviços, pelo contrário, o caminho tem de ser exatamente ao contrário, tem de haver soluções para que os serviços estejam completos", disse adiantando que não há falta de médicos em Portugal o que existe é falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde.
A solução, advogou, passa por salários que sejam justos e condições de trabalho que sejam dignas para que os médicos queiram estar no Serviço Nacional de Saúde.
No protesto participou ainda a deputada do PCP Paula Santos e a candidata da CDU à Câmara Municipal do Barreiro, Jéssiva Pereira.
Jéssica Pereira disse em declarações à agência Lusa ver com muita preocupação a eventualidade da maternidade do hospital do Barreiro ter de encerrar.
"É muito preocupante e inaceitável que se obrigue as grávidas desde Sines até Almada a ficarem com uma única resposta para terem os seus filhos", disse.
Também a deputada Paula Santos classificou como inaceitável a concentração de urgências por considerar que essa medida significa encerrar serviços e retirar da população cuidados de proximidade.
"Esta opção além de prejudicar as grávidas vai ter outra consequência que é empurrar mais profissionais de saúde para fora do Serviço Nacional de Saúde. Ao querer impor que profissionais desempenhem funções fora do seu local de trabalho pode levar a que haja profissionais a abandonar o SNS", frisou.
Por outro lado considera que o Hospital Garcia de Orta não terá capacidade para dar resposta a toda a Península de Setúbal onde em 2024 foram realizados 4.800 partos no conjunto das três urgências (Almada, Setúbal e Barreiro).
No dia 17 de setembro a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou no parlamento a criação a curto prazo de uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.
A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, disse ainda que será aberto em 2026 um concurso para a criação de um Centro Materno Infantil da Península de Setúbal, "que viverá dentro do perímetro do Hospital Garcia de Orta".
Face a este anúncio o autarca do Barreiro criticou a ministra da Saúde por delinear estratégias sem envolver os autarcas da península de Setúbal e garantiu "oposição feroz" a um eventual fim da urgência de obstetrícia no hospital da cidade.
O autarca referiu em declarações à agência Lusa que, pelas informações que os autarcas vão lendo, "porque o contacto por parte do Governo tem sido zero", é de que a obstetrícia vai manter-se no hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, mas que as urgências da especialidade é que não.
O Hospital Nossa Senhora do Rosário pertence à Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), que tem como área de influência direta os concelhos de Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, todos no distrito de Setúbal.
Segundo estatísticas da Pordata, os quatro concelhos têm atualmente 232.604 habitantes.
A ULSAR integra ainda o Hospital Distrital do Montijo, e os centros de saúde de Alcochete, Barreiro, Quinta da Lomba, Moita, Montijo e Baixa da Banheira.
A população da região da Península de Setúbal é de 834.599 habitantes, segundo dados de 2023 do INE.
Esta região abrange nove concelhos (Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo, Alcochete, Setúbal, Sesimbra e Palmela) e é uma das mais populosas do país.
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