page view

Portugueses admitem desconhecimento sobre uso de Inteligência Artificial na saúde, mas confiam e pedem controlo rigoroso

Quase metade da população tem confiança na tecnologia.

01 de julho de 2025 às 08:25

Mais de um terço dos portugueses revela desconhecimento sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) na saúde ou tem um conhecimento limitado, mas quase metade tem confiança na utilização da tecnologia e pede regulamentação e controlo rigoroso.

O questionário sobre a perceção dos portugueses relativamente à IA, que faz parte este ano do Índice de Saúde Sustentável - desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA-IMS) e que será, esta terça-feira, apresentado em Lisboa -, indica que 38% dos inquiridos têm um conhecimento muito limitado e 21,6% não têm qualquer conhecimento.

Apesar disso, 59% dos portugueses consideram que a IA terá um impacto positivo no setor da saúde e 46% afirmam ter confiança na sua utilização.

"A mensagem geral é de uma enormíssima confiança. Eu acho que é extraordinário que 60% das pessoas tenham noção que isto vai ter impactos positivos na saúde e que (...) apenas 13%, uma pequeníssima minoria, não tem confiança no uso da inteligência artificial na saúde", disse à Lusa Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo, acrescentando que se trata de "uma surpresa para muitos, que achavam que a saúde é uma área muito sensível e que poderia haver muitos receios na utilização da inteligência artificial".

Entre as principais preocupações associadas ao uso da IA na saúde estão os erros em diagnósticos ou tratamentos (56,6%) e o receio da substituição de profissionais de saúde por máquinas (55,4%). A privacidade dos dados pessoais é algo que preocupa 37,8% dos utentes.

Os benefícios mais mencionados são os diagnósticos mais rápidos, a redução dos tempos de espera e o melhor aproveitamento dos dados de saúde.

Apenas 9% dos portugueses referem já ter utilizado ferramentas de saúde com base em IA. Entre essas ferramentas, destacam-se as aplicações para consulta de sintomas (38%), o diagnóstico automatizado (36%) e aplicações/robôs para atendimento ao doente (28%).

Os desafios técnicos, ligados à confiabilidade e segurança, são vistos como os mais relevantes na adoção da IA na saúde. A maioria (63%) considera essencial regulamentar o uso da IA na saúde e 52% acreditam que a IA pode vir a substituir os profissionais de saúde em algumas funções.

Para aumentar a confiança dos cidadãos na utilização da inteligência artificial na área da saúde, a supervisão humana rigorosa é apontada como essencial por 79,6% dos inquiridos.

Quando questionados sobre a decisão final numa situação de diagnóstico, 63% afirmam preferir que a decisão seja tomada pelo médico com o auxílio de IA. Apenas 35% preferem que essa decisão fique exclusivamente nas mãos do médico.

"As grandes preocupações são os erros (...) e a substituição dos profissionais por máquinas, ou seja, a segunda preocupação nem tem tanto a ver com a aplicação da inteligência artificial, mas mais para os efeitos sociais da aplicação e é mais um revelar de uma consciência social do que outra coisa", considerou Pedro Simões Coelho.

A grande maioria dos portugueses (65%) reconhece a importância da IA para a sustentabilidade do sistema de saúde e 56% mostram-se motivados para partilhar os seus dados de saúde com sistemas de IA.

"Consideram que se isto contribuir para melhorar a qualidade de vida e saúde, eu estou disponível para partilhar dados. E isto é uma grande revelação para todos nós, quando tínhamos muitos receios que aparentemente se mostram infundados relativamente àquilo que são as preocupações dos cidadãos", concluiu.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8