Carta de Princípios sobre o uso da Inteligência Artificial no CM
A IA não deve ser utilizada para a cobertura de notícias de última hora.
As várias marcas e plataformas da Medialivre publicam conteúdos informativos que se regem por princípios centrados no interesse público, tendo o universo de consumidores de informação como o único a servir, quer seja pelos métodos clássicos ou com o recurso a novas tecnologias aplicadas à informação, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA).
Transparência no uso da IA
Os meios da Medialivre devem ser transparentes sobre quando e como a IA é usada na produção de notícias, informando com clareza o público sobre o seu uso na criação ou aperfeiçoamento de conteúdos.
É fundamental que os leitores saibam se um conteúdo foi gerado ou intervencionado por meio de quaisquer aplicações de IA para, dessa forma, assegurar a confiança na informação.
Garantir que as ferramentas de IA fortaleçam a qualidade informativa e a confiança pública, e não sejam uma ameaça à integridade do jornalismo.
Supervisão e responsabilidade humana
A decisão editorial, nomeadamente sobre o produto final, deve permanecer sempre sob controlo humano. Nenhum conteúdo poderá ser publicado sem validação humana.
É garantido que a adoção da IA não substitui a intervenção ética e crítica dos jornalistas, e de outros profissionais qualificados.
A supervisão humana é obrigatória para assegurar o rigor, a ética e evitar erros, fontes não credíveis ou a eventual desinformação gerada por IA.
Garantia de veracidade, integridade da informação e propriedade intelectual
Toda a informação gerada ou assistida por IA deve ser rigorosamente verificada e confirmada com fontes confiáveis, para preservar a integridade da publicação e evitar a propagação de conteúdos falsos ou manipulados.
Deverá existir uma diferenciação clara entre conteúdos reais e os criados ou alterados sinteticamente pela IA.
O uso de conteúdo gerado ou assistido por IA deve garantir os direitos de propriedade intelectual dos jornalistas, e de outros profissionais qualificados.
Ética, deontologia e respeito pela lei e direitos humanos
O uso da IA deve respeitar princípios jornalísticos fundamentais que regem a profissão, nomeadamente o Código Deontológico do Jornalista, a defesa dos direitos humanos, a promoção da democracia e rejeitar a divulgação de conteúdos xenófobos, racistas, discriminatórios ou tendenciosos.
Deve-se garantir que a IA não introduza ou reflita preconceitos de qualquer espécie ou falta de diversidade no conteúdo produzido.
Avaliação, transparência tecnológica e limitações ao uso
Os sistemas de IA utilizados devem passar por avaliações prévias, para assegurar que respeitam os valores éticos do jornalismo e não promovem desinformação ou manipulação.
O uso da IA para criação de imagens processadas, por exemplo, deve ser limitado e os conteúdos ilustrativos claramente identificados para evitar confusão com imagens reais.
A IA não deve ser utilizada para cobertura de notícias de última hora sem supervisão rigorosa, pois a urgência da publicação pode comprometer a precisão e a ética jornalística.
Lisboa,
2025.12.07
Editorial
Por Carlos Rodrigues, Diretor-geral editorial
O CM enfrenta o futuro
O fenómeno da Inteligência Artificial (IA) coloca as redações profissionais perante enormes desafios.
A utilização da IA pelos jornalistas do Correio da Manhã vai, por isso, obedecer a sólidos critérios éticos e deontológicos.
Partilhei recentemente com o leitor a decisão de abrir um processo de atualização do Estatuto Editorial.
Queremos salvaguardar a perenidade dos nossos princípios jornalísticos.
Hoje, damos novo passo neste processo, ao publicar a Carta de Princípios que vai reger o trabalho editorial do CM sempre que haja recurso à Inteligência Artificial.
Esta nova realidade abre um mundo de possibilidades aparentemente infinitas, mas traz também riscos para o reforço dos laços de confiança com a comunidade.
Devemos encarar este desafio sem qualquer preconceito, porque o essencial é salvaguardar a nossa missão: fazer mais e melhor jornalismo, livre e independente de todos os poderes.
O CM é uma instituição sólida da democracia portuguesa, mas está sempre na vanguarda da modernização tecnológica, sem medo de inovar.
Os leitores sabem que podem contar connosco.
De norte a sul do país, e em todo o mundo de Língua Portuguesa.
Haja o que houver.
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Envie para geral@cmjornal.pt