Sexo e nudez alimentam jogo na casa
Novo formato da TVI tem sido marcado por cenas tórridas entre os concorrentes.
A ousadia está a pautar, cada vez mais, as emissões de ‘Love on Top’. O novo reality show da TVI, apresentado por Teresa Guilherme, estreou há cerca de um mês, mas são já vários os casos de envolvimento sexual entre os concorrentes (seja explicitamente ou através de jogos), agressões físicas e verbais e, até, nudez. Não é de estranhar, portanto, que este seja o primeiro reality show a ser emitido em Portugal na televisão em sinal aberto com sinalética para maiores de 18 anos (a tradicional ‘bolinha vermelha’). Esta tem sido a estratégia de ‘Love on Top’ para chocar os telespectadores e, assim, cativar audiências.
E, para já, a estação de Queluz de Baixo parece não se estar a dar mal. O reality show lidera aos sábados à noite, quando são emitidas as galas (no último fim de semana, por exemplo, foi visto por uma média de 841 500 telespectadores, com 25,3% de share), e, de segunda a sexta-feira, ao fim da noite, com a exibição dos ‘Extra’, apresentados por Isabel Silva e Marta Cardoso.
Vale a pena lembrar que o programa é emitido ao sábado, um dia tradicionalmente ligado a baixo consumo de TV, já depois das 22h30. Um facto que Teresa Guilherme realça, apesar de considerar os resultados alcançados até agora por ‘Love on Top’ "positivos". "Confesso que o sábado não é o meu dia preferido para apresentar programas porque acho que as pessoas gostam de sair. Mas a verdade é que há formatos que são um verdadeiro sucesso neste horário", disse a apresentadora.
Mas apesar dos resultados, que levaram mesmo Bruno Santos, diretor de programas da TVI, a classificar as audiências de ‘Love on Top’ como "muita boas" e a admitir, em declarações à ‘Sexta’, que o canal e a produtora Endemol poderão "avançar para uma segunda e até terceira temporadas" do reality show, o formato - um original português - tem sido muito criticado pelos comportamentos dos concorrentes. "É uma espécie de secção de anúncios classificados de encontros sexuais, mas em televisão e com narrativas", afirma Eduardo Cintra Torres.
O professor universitário e crítico de televisão não tem dúvidas de que ‘Love on Top’ é "mais um derivado do ‘Big Brother’, semelhante a outros ‘realities’ de encontros entre jovens adultos, britânicos e norte-americanos, que se veem no cabo, mas a TVI procurou fazê-lo no canal generalista". Apesar da ousadia de algumas das situações, Cintra Torres acredita que "os telespectadores estão preparados para um programa" como ‘Love on Top’ porque já não é novidade [depois de ‘Big Brother’, ‘Secret Story – Casa dos Segredos’ ou ‘A Quinta’], apenas mais orientado e ‘especializado’ para os encontros sexuais ocorrerem rapidamente". "Vai direto ao assunto", acrescenta o crítico de televisão. "Além disso, como é a televisão que impõe ou tenta impor estes modelos comportamentais à sociedade e faz dos anónimos ‘conhecidos’, sei lá, se calhar os jovens que se exibem e se comportam daquela maneira são o orgulho das suas mãezinhas e dos seus paizinhos", conclui.
Apesar da polémica, ‘Love on Top’ não tem, para já, merecido um elevado número de queixas junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com ‘Secret Story’, que registou mais de 200 queixas junto do regulador dos media. Ao que a ‘Sexta’ apurou junto de fonte oficial da ERC, até ao início desta semana, o organismo só tinha recebido uma queixa contra ‘Love on Top’.
E nem entre os ex-concorrentes dos reality shows da TVI o novo formato da estação de Queluz de Baixo tem sido consensual. Wilson Teixeira foi o mais crítico dos ex-participantes de ‘Secret Story - Casa dos Segredos’: "‘Love on Top’ ou ‘Vamos Juntar Tipos para Estragar Só Uma Casa’?", começa por questionar o ex-concorrente de ‘Casa dos Segredos 3’. Wilson Teixeira afirmou ainda que "comparar o nível de inteligência, noção, valores, caráter e atitude destes concorrentes com o da grande maioria dos concorrentes de ‘Secret Story – Casa dos Segredos’ não é possível" e deixou ainda uma mensagem para os participantes de ‘Love on Top’: "vocês não têm noção para onde foram e no que se foram meter".
Mas a verdade é que, apesar das críticas a que o programa – que tem como objetivo que os participantes se conquistem uns aos outros – tem sido sujeito, a TVI tem motivos para sorrir. A aplicação para telemóveis associada ao programa, e que permite aos telespectadores fazerem diversas votações, já foi descarregada por mais de 150 mil pessoas. Por outro lado, a TVI prepara-se para vender ‘Love on Top’ para diversos países: China, Alemanha, França, Itália, Dinamarca e alguns países da América Latina estão em negociações para adquirir o formato.
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