António José Teixeira também afastou qualquer interferência direta de membros do governo atuais ou anteriores.
O jornalista António José Teixeira afirmou, esta quarta-feira, que as razões da sua demissão do cargo de diretor de informação da televisão da RTP foram aquelas que lhe foram comunicadas pela administração, da necessidade de renovação.
O responsável falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na sequência de um requerimento do PS, depois de ter sido demitido do cargo pelo Conselho de Administração (CA) da RTP, em junho.
"As razões da demissão são aquelas que me foram comunicadas", disse António José Teixeira, que por mais de uma vez disse que tinham sido a "necessidade de renovação" e "reestruturação", ao longo de cerca de uma hora de audição.
"Não posso vir aqui especular sobre elas [as razões da demissão], [...] deixo isso para quem tenha mais condições" para responder sobre o tema, prosseguiu.
António José Teixeira, que disse já ter sido ouvido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) devido à sua exoneração, afirmou que a decisão do Conselho de Administração é legítima e que os "mandatos não são eternos".
Sobre se as formalidades foram ou não respeitadas, "obviamente que há mecanismos que devem ser observados nesta matéria e julgo que elas estão a ser tomadas nesta matéria", salientou, referindo que a administração já terá contactado o Conselho de Redação (CR), depois de a ERC ter instado o CA a cumprir procedimentos.
"A reestruturação da RTP que foi anunciada ultrapassa a direção de informação", referiu o diretor de informação exonerado, quando questionado sobre o tema.
Salientou ainda o modelo de governação que a RTP tem, o Conselho Geral Independente (CGI), criado pelo então ministro da tutela Miguel Poiares Maduro para garantir a independência do grupo de media público.
"Deu condições de autonomia relevantes para empresa, tive e tenho beneficiado dessa autonomia e dessa liberdade que beneficia o nosso trabalho da RTP deixando-a protegida de tentativas de interferência", sublinhou.
António José Teixeira também afastou qualquer interferência direta de membros do governo atuais ou anteriores.
Instado a fazer uma avaliação do Conselho de Administração, o jornalista salientou que isso cabe ao CGI.
No início da sua intervenção, o jornalista agradeceu a "oportunidade de prestar algum esclarecimento que possa ser útil" e relatou que soube da sua exoneração no dia 23 de junho, véspera da comunicação pública da sua demissão.
A notícia da exoneração "foi feita diretamente na véspera", tendo sido explicado que tal acontecia num contexto de necessidade de renovação e de reestruturação da RTP.
"Nesse dia procurei esclarecer se a divulgação da informação ocorreria nesse dia, que não ocorreu, foi no dia 24 que a comunicação social deu conta dessa decisão ao princípio da tarde".
Jornalista "já há bastantes anos, também tenho feito algum exercício de análise política [...], deixo para outros a avaliação que entenderem, o 'timing'" da decisão, referiu, em resposta ao PS, que foi o partido que requereu a sua audição com caráter urgente, bem como o do CA, cuja data ainda não é conhecida.
Sobre as audiências da RTP3, o responsável salientou, por várias vezes, que "os resultados não se alteraram nos últimos três anos".
As audiências da RTP "não diminuíram" nos últimos três anos, insistiu o diretor exonerado.
Contudo, isso "não quer dizer que estejamos satisfeitos com eles", prosseguiu, salientando que por essa razão estavam a ser investimentos para a melhoria dos resultados e da oferta.
"É isso que temos vindo a fazer, que estávamos a fazer, que continuamos a fazer e que obviamente nos próximos meses vai ser visível na RTP", salientou
Durante a audição, de cerca de uma hora, elencou o que a direção de informação da televisão exonerada tinha estado a fazer, dadas as "graves carências" de condições de trabalho, nomeadamente dotando a informação de novos estúdios.
"A primeira preocupação do serviço público não é a competição com os privados em primeira linha", mas antes a sua confiabilidade, o pluralismo.
Durante a audição, o Chega questionou António José Teixeira "porque razão ao longo da sua liderança se manteve praticamente intacta a composição ideológica da redação".
Em resposta, o jornalista disse: "O nosso trabalho é fazer aquilo que estamos obrigados, é guiar-nos pelo nosso código deontológico e não por códigos ideológicos do governo, da oposição, de qualquer partido que seja".
"Convivo com tentativas diversas de condicionamento há muito tempo, a questão para nós relevante não é essa, é se nos deixamos condicionar", salientou.
O jornalista defendeu ainda, durante a audição, que o "jornalismo deve ser independente por natureza, não por ser serviço público" e considerou ser "importante" que a Assembleia da República "se preocupe com um jornalismo livre e independente" em Portugal e não apenas na RTP.
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