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Carta de Princípios sobre o uso da Inteligência Artificial no CM

A IA não deve ser utilizada para a cobertura de notícias de última hora.

07 de dezembro de 2025 às 00:01

As várias marcas e plataformas da Medialivre publicam conteúdos informativos que se regem por princípios centrados no interesse público, tendo o universo de consumidores de informação como o único a servir, quer seja pelos métodos clássicos ou com o recurso a novas tecnologias aplicadas à informação, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA).

Transparência no uso da IA

Os meios da Medialivre devem ser transparentes sobre quando e como a IA é usada na produção de notícias, informando com clareza o público sobre o seu uso na criação ou aperfeiçoamento de conteúdos.

É fundamental que os leitores saibam se um conteúdo foi gerado ou intervencionado por meio de quaisquer aplicações de IA para, dessa forma, assegurar a confiança na informação.

Garantir que as ferramentas de IA fortaleçam a qualidade informativa e a confiança pública, e não sejam uma ameaça à integridade do jornalismo.

Supervisão e responsabilidade humana

A decisão editorial, nomeadamente sobre o produto final, deve permanecer sempre sob controlo humano. Nenhum conteúdo poderá ser publicado sem validação humana.

É garantido que a adoção da IA não substitui a intervenção ética e crítica dos jornalistas, e de outros profissionais qualificados.

A supervisão humana é obrigatória para assegurar o rigor, a ética e evitar erros, fontes não credíveis ou a eventual desinformação gerada por IA.

Garantia de veracidade, integridade da informação e propriedade intelectual

Toda a informação gerada ou assistida por IA deve ser rigorosamente verificada e confirmada com fontes confiáveis, para preservar a integridade da publicação e evitar a propagação de conteúdos falsos ou manipulados.

Deverá existir uma diferenciação clara entre conteúdos reais e os criados ou alterados sinteticamente pela IA.

O uso de conteúdo gerado ou assistido por IA deve garantir os direitos de propriedade intelectual dos jornalistas, e de outros profissionais qualificados.

Ética, deontologia e respeito pela lei e direitos humanos

O uso da IA deve respeitar princípios jornalísticos fundamentais que regem a profissão, nomeadamente o Código Deontológico do Jornalista, a defesa dos direitos humanos, a promoção da democracia e rejeitar a divulgação de conteúdos xenófobos, racistas, discriminatórios ou tendenciosos.

Deve-se garantir que a IA não introduza ou reflita preconceitos de qualquer espécie ou falta de diversidade no conteúdo produzido.

Avaliação, transparência tecnológica e limitações ao uso

Os sistemas de IA utilizados devem passar por avaliações prévias, para assegurar que respeitam os valores éticos do jornalismo e não promovem desinformação ou manipulação.

O uso da IA para criação de imagens processadas, por exemplo, deve ser limitado e os conteúdos ilustrativos claramente identificados para evitar confusão com imagens reais.

A IA não deve ser utilizada para cobertura de notícias de última hora sem supervisão rigorosa, pois a urgência da publicação pode comprometer a precisão e a ética jornalística.

Lisboa,

2025.12.07

Editorial
Por Carlos Rodrigues, Diretor-geral editorial

O CM enfrenta o futuro

O fenómeno da Inteligência Artificial (IA) coloca as redações profissionais perante enormes desafios.

A utilização da IA pelos jornalistas do Correio da Manhã vai, por isso, obedecer a sólidos critérios éticos e deontológicos.

Partilhei recentemente com o leitor a decisão de abrir um processo de atualização do Estatuto Editorial.

Queremos salvaguardar a perenidade dos nossos princípios jornalísticos.

Hoje, damos novo passo neste processo, ao publicar a Carta de Princípios que vai reger o trabalho editorial do CM sempre que haja recurso à Inteligência Artificial.

Esta nova realidade abre um mundo de possibilidades aparentemente infinitas, mas traz também riscos para o reforço dos laços de confiança com a comunidade.

Devemos encarar este desafio sem qualquer preconceito, porque o essencial é salvaguardar a nossa missão: fazer mais e melhor jornalismo, livre e independente de todos os poderes.

O CM é uma instituição sólida da democracia portuguesa, mas está sempre na vanguarda da modernização tecnológica, sem medo de inovar.

Os leitores sabem que podem contar connosco.

De norte a sul do país, e em todo o mundo de Língua Portuguesa.

Haja o que houver.

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