A edição de hoje
Jornal satírico francês ironiza sobre a situação política em França.
O polémico jornal francês Charlie Hebdo pegou na tragédia do Elevador da Glória, em Lisboa, para satirizar a crise política que se vive atualmente em França. Na edição desta quarta-feira, o semanário faz capa com um cartoon onde se vê um elétrico amarelo desgovernado com algumas das principais personalidades da vida politica francesa: Emmanuel Macron (Presidente), François Bayrou (primeiro-ministro demissionário), Marine Le Pen (do Reagrupamento Nacional), Jean-Luc Melenchon (líder da França Insubmissa), e Bruno Retailleau (líder dos Republicanos). A letras vermelhas, a fazer a manchete, lê-se: "Desbloquear tudo", numa clara alusão ao movimento 'Vamos Bloquear Tudo' que tem mobilizado milhares de pessoas nas ruas na sequência da queda do governo francês na segunda-feira.
Nas redes sociais, as reações à capa do jornal dividiram-se entre os que acharam a sátira acertada e os que a consideraram de mau gosto e desrespeitosa para com as dezasseis vítimas mortais do acidente de Lisboa. "Pegar numa tragédia e a transformar em humor. De muito mau gosto", escreve um internauta. "Sem graça", "passaram os limites ao mencionar a tragédia portuguesa", "Vergonha Charlie Hebdo", lê-se entre os comentários nas redes sociais da publicação.
De recordar, no entanto, que polémica é coisa a que Charlie Hebdo se habituou ao longo da sua história. A própria Le Pen já tinha sido alvo de uma capa polémica em 2013, quando o jornal a comparou a um excremento fumegante (na altura Le Pen considerou a publicação 'Inútil e desleal'). Com a religião como objeto de sátira preferencial, o jornal, recorde-se, foi, há dez anos, alvo de um ataque terrorista, que culminou na morte de 12 pessoas na sua redação em Paris depois da publicação de um cartoon de Maomé. O ataque gerou uma onda de apoio a nível mundial que ficou imortalizado na frase 'Je Suis Charlie' (somos todos Charlie) como apoio à liberdade de expressão.
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