O rosto da rebeldia do formato ‘Curto Circuito’ quer quebrar tabus e gosta de pôr as pessoas à prova
Que balanço faz destes quatro anos a apresentar o ‘Curto Circuito’?
Tenho entrevistado pessoas de todo o tipo e conhecido gente de várias áreas. O facto de o programa ser transmitido em directo é uma grande aprendizagem e não gostaria que fosse de outra forma. Contudo, acho que teria a mesma espontaneidade se fosse gravado (provavelmente era censurada mais vezes...). Mas uma das coisas mais importantes para mim é o facto de o programa me permitir ouvir as opiniões dos outros e aprender a respeitá-las. Lembro-me que quando debatemos o tema do aborto comecei por dizer que era contra e, no final, depois de ouvir vários telespectadores, comecei a pensar de outra forma. Só espero que isso não aconteça só comigo.
Qual tem sido o ‘feedback’ dos jovens que assistem ao programa?
Eles encaram-nos como um grupo de amigos. O programa não é apenas um espaço onde se partilha opiniões mas também desabafos. Eles sabem que nos podem contar tudo sem o risco de serem criticados. E depois há aquela palhaçada toda com a qual não se aprende nada...
Mudava alguma coisa no formato?
Sim. Já teve várias alterações e vai continuar a adaptar-se aos interesses do público. Na minha opinião, acho que o programa podia ter uma componente lúdica mais interactiva, em que os jovens pudessem ganhar prémios. Além disso, gostava que eles também pudessem estar em estúdio para debater os temas. O ideal seria ter duas pessoas com opiniões diferentes.
Desde o início, a Solange tem sido o rosto da irreverência do ‘Curto Circuito’...
Não é defeito, é feitio. Desde miúda que sou contestatária e reclamo sempre quando os meus direitos não são respeitados. Por isso gosto quando o programa aborda temas polémicos, pois posso colocar as pessoas à prova. O facto de estas perceberem que existem outras opiniões e que estas devem ser respeitadas já é um passo à frente para mudar mentalidades.
Gosta de provocar?
Eu provoco naturalmente. A verdade é que nem gosto muito de dar nas vistas (é claro que este cabelo não ajuda!). Gosto, sobretudo, de pessoas que me excitam a nível intelectual, que tenham ideias diferentes.
A representação continua em ‘stand by’?
Infelizmente, sim. Mas também tenho muito pouco tempo. Estou a tirar o curso de Psicologia Clínica de manhã e à tarde tenho o programa. É claro que gostava de voltar ao teatro e encontraria certamente energias para subir aos palcos todas as noites, mas a verdade é que não tem havido oportunidades.
Gostava, por exemplo, de participar numa próxima telenovela?
Como é que hei-de responder de uma forma politicamente correcta?... Nunca se diz 'desta água não beberei'. Contudo, essa não é propriamente a minha ‘praia’. Depende do projecto.
E de apresentar um programa só seu?
Já tive várias ideias de programas mas a verdade é que sou preguiçosa de mais para apresentar um projecto. Gostava de ter um programa à semelhança dos que são transmitidos no Pink TV, o canal francês dedicado à comunidade homossexual. A ideia era ter um espaço assumidamente gay mas não exclusivamente gay. Um talk show, com entrevistas, discussão de temas e divulgações de eventos, até porque os gay gostam de determinados tipos de roupa, marcas, música e literatura. Também me lembrei de fazer um programa do género do ‘Curto Circuito’ mas onde se falasse de sexo para um público mais novo. A maioria das pessoas julga que existe muita informação nesta matéria e os jovens estão muito esclarecidos mas isso não é verdade.
Ou seja, dois temas tabu. Acredita que o facto de ter assumido em público a sua homossexualidade vai ajudar a mudar as mentalidades dos portugueses?
Nunca pensei nisso até agora. Tenho recebido um ‘feedback’ muito positivo e sei, pelas mensagens que recebo, que a minha revelação ajudou muitas pessoas de maneiras diferentes. Se calhar temos de começar com estes pequenos passos. Na minha opinião, os pais deviam falar mais sobre este tema com uma certa normalidade, de forma a perceberem que ser gay não é uma opção mas uma orientação. Daí que este tipo de programas sejam importantes. Talvez o Nuno Santos se lembre de criar um espaço inovador na SIC Radical.
Acredita que a mudança deve começar no seio familiar?
Claro que sim. Conheço muitos casos de jovens que não assumem a sua homossexualidade por causa da família. Conheço outros que, ao fazerem-no, foram expulsos de casa. É horrível ter de esconder a sua verdadeira identidade, de não ter o direito a ser livre e feliz só porque muita gente é homofóbica sem saber porquê. As pessoas têm de tirar esse peso de cima e dizer: 'O meu filho é gay. E depois? Deixem lá o miúdo em paz!'
HOMOSSEXUALIDADE HÁ MUITO QUE ESTAVA ASSUMIDA: REVELAÇÃO POLÉMICA
Solange F. assumiu publicamente a sua homossexualidade numa reportagem especial do semanário ‘Expresso’ em que participavam outras mulheres. Ela, porém, era a única figura pública. 'Sou lésbica. E depois?', diz a apresentadora de ‘Curto Circuito’. 'Não fiz esta revelação por mim, pois há muito que assumi a minha homossexualidade. A única diferença é que agora as pessoas que não conheço de lado nenhum também sabem. Se choquei alguém não o fiz gratuitamente. Apenas espero que isto possa ajudar alguém ou fazer ver as coisas de uma forma diferente.'
PERFIL: ACTRIZ DE TEATRO
A apresentadora de ‘Curto Circuito’ nasceu a 28 de Dezembro de 1976 em Lisboa. Tem o curso superior de Actor e estuda Psicologia Clínica. Aos 20 anos estreou-se nos palcos da Cornucópia, pela mão de Luís Miguel Cintra. Os palcos continuam a ser a sua paixão.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.