A edição de hoje
“As boas recordações não têm género, podem ser de relacionamentos sexuais ou de natureza profissional. E o que eu desejo é que ela passe no ‘Big Brother’ momentos que mais tarde possa recordar com felicidade”, diz Vítor Mestre, o pai da concorrente Lara, ao balcão do seu bazar erótico no Porto.
O facto de Lara Mestre trabalhar na loja do pai apimentou a imaginação de muitos telespectadores, mas Vítor Mestre não está muito preocupado. “A Lara vai ajudar a desmistificar as ‘sex-shops’, vai abrir mentes mais conservadoras. Aliás, o termo correcto é loja de artigos eróticos e não loja de sexo, pois aqui não compramos nem vendemos sexo. E que se desenganem os que esperam comportamentos libertinos da minha filha, quase que aposto que nem vai ter relacionamentos sexuais na casa”, assegura o pai de Lara.
Hoje é dia de expulsões, mas Vítor Mestre não receia que seja Lara a escolhida do público para sair. “Se sair, tudo bem, já conquistou grande parte do que pretendia, ou seja, notoriedade que a ajude a lançar uma empresa de eventos ligados à moda, como é sua ambição. Tem contrato com a Endemol até ao fim do programa pelo que continuará a ser falada”, diz, pragmático, Vítor Mestre.
Ganhar visibilidade pública está, de resto, na base da iniciativa do irmão, sete anos mais velho, que “a brincar na Internet” resolveu inscrever a irmã no concurso.
Alentejano de Évora, Vítor Mestre tem actualmente duas lojas de artigos eróticos no Porto, abraçando a actividade depois de conhecer um espanhol na Corunha, numa altura em que era motorista de transportes internacionais.
Ex-casapiano, evita pronunciar-se sobre a crise que catapultou a Casa Pia para os jornais e tribunais. “Da Casa Pia, recordo a fome, as dificuldades, a falta de pais, a camaradagem. Tenho orgulho em ser ex-casapiano e não tenho autoridade alguma para me pronunciar sobre o assunto como certos ‘especialistas’ que aparecem nos telejornais. Por isso, não comento nada”, remata, encerrando o tema.
Vítor tem confiança ilimitada em Lara. A sua antiga profissão obrigava-o a muitas ausências e sempre educou a filha de forma a apreciar os valores da liberdade e responsabilidade. E dá um exemplo: “Parece paradoxal, mas quando ela ia à discoteca, o que poucas vezes fazia, eu dizia-lhe: então só voltas quando fechar, já de dia, é mais seguro”.
A LOJA DOS PRAZERES
Lara ajuda o pai atendendo clientes ao balcão do estabelecimento. Trata-se de uma típica ‘sex-shop’, classificação que Vítor Mestre não gosta (ver peça). Vídeos pornográficos ou eróticos, conforme o ponto de vista, lingerie sexy, pénis e vaginas artificiais, para todos os gostos e imaginações, artigos malandros para despedidas de solteiros (as) ou cabinas reservadas para exibição de filmes são algumas das ofertas do Bazar Erótico de Vítor Mestre, na Rua de Gonçalo Cristóvão, a dois passos do ex-libris portuense do sexo ao vivo: o bar Pérola Negra.
“É um negócio como qualquer outro e tudo e todos são tratados com respeito. Nunca houve qualquer incidente com a Lara ou outro funcionário. Posso, aliás, afirmar-lhe que temos connosco uma empregada que quando trabalhava numa confeitaria era constantemente assediada com piropos e desde que aqui está isso nunca mais aconteceu”, conta Vítor Mestre.
“Hoje em dia, estão a cair os preconceitos e tabus sexuais, oitenta por cento dos nossos clientes são mulheres, é natural que seja uma mulher a atendê-los. E sabemos que a privacidade de cada um é sagrada. A minha filha também o sabe e é por isso mesmo que, separada há oito meses, ela protege o ex-marido e, principalmente, o filho de dois anos, o Vítor. Ela mesmo mo recomendou no dia em que entrou para a Casa: “Pai, podes falar e expor o que quiseres, mas defende e protege o teu neto”.
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