Um excelente profissional, mordido desde cedo pelo bichinho da política mas que sempre soube separar as influências familiares do seu desempenho no jornalismo: é assim que a maioria dos colegas e amigos de Ricardo Costa descrevem o novo director-geral-adjunto da SIC (que vai trabalhar com Bastos e Silva).
Aos 39 anos, o menino-prodígio do jornalismo político prepara-se para mais um salto na sua carreira. Antes mesmo de chegar aos 40’, o ainda director da SIC Notícias já conta com um currículo de excepção em 18 anos de prática jornalística, 15 dos quais ao serviço da estação de Carnaxide.
O INÍCIO
Estreou-se aos 21 anos no ‘Expresso’. Orlando Raimundo, jornalista aposentado daquele semanário’, foi coordenador do jovem ainda em início de carreira e recorda “um tipo talentoso, cuidadoso na recolha da informação e com boa escrita”.
Não admira, pois, que Pinto Balsemão, atento à prestação dos profissionais que despontavam no seu jornal, tivesse incluído Ricardo Costa no primeiro ‘lote’ de jornalistas a recrutar para a primeira televisão privada em Portugal, inaugurada a 6 de Outubro de 1992, precisamente o dia em que o repórter completava 24 anos.
Com ele seguiram para Carnaxide Paulo Camacho (actual director de comunicação da PT Multimédia), Luís Marques (ainda administrador da RTP), Sofia Pinto Coelho e Reinaldo Serrano (ambos ainda na SIC). O último já o acompanhava desde a faculdade e, curiosamente, foi responsável pela primeira incursão do estudante de Comunicação no mundo do jornalismo: “Eu estava na Rádio Universidade Tejo (RUT) e andei a sondar quem estaria interessado em entrar. O Ricardo aceitou de imediato, de maneira que começámos a trabalhar juntos logo nos primeiros anos de faculdade.”
O universitário já se destacava pela sua paixão pela política: “Ele contava que, ainda nos tempos da escola, os colegas estavam sempre a ‘chatear-lhe a cabeça’ por ele passar a vida a ler jornais.”
Também os professores de Ricardo Costa lembram um estudante interessado e até “hiperactivo”. “Tinha dificuldade em concentrar-se nas aulas, sobretudo quando a matéria era mais teórica. Percebia-se, contudo, que tinha qualidades especiais e uma grande memória. Por vezes parecia que o seu raciocínio caminhava mais depressa que o discurso”, adianta Rui Cádima, professor de História dos Media e mais tarde seu colega no ‘Expresso’.
“Tendo em conta que tem um perfil típico de jornalista, será curioso ver como vai enfrentar o desafio de assumir funções de gestão”, acrescenta. Já o deputado do PS Arons de Carvalho, que leccionava Direito e Deontologia da Comunicação, descreve-o como “muito inteligente” e “brilhante” mas com “excesso de confiança”.
Apesar de se destacar na sala de aulas, Ricardo não obteve notas espectaculares e nem concluiu a licenciatura. Demasiado ocupado a construir uma carreira jornalística, ainda universitário já ‘voava’ no ‘éter’ da RUT. Mas, em 1989, deixa a rádio universitária para abraçar um projecto mais ambicioso: estagiar no semanário ‘Expresso’, então desfalcado pela saída de vários profissionais para fundar o ‘Público’.
A ambição era ficar na equipa do Internacional mas já só havia lugar na Política. Reinaldo Serrano recorda as longas sessões de fecho de edição, as peças assinadas em conjunto e as saídas ao fim da noite: “Uma vez fomos ao arquivo do jornal para pesquisar na rubrica ‘À Mesa’, de José Quitério, aonde havíamos de ir comer.
Foi assim que descobrimos o Nobre”. Dos jantares tardios, os dois jornalistas rumavam frequentemente à 24 de Julho, onde o Plateau era o poiso nocturno favorito. Ricardo Costa gostava de dar o seu ‘pezinho’ de dança ao som dos ‘hits’ do momento.
REINALDO SERRANO
Foi ainda Reinaldo Serrano quem, mais tarde, em conversa com Emídio Rangel (responsável pelo lançamento da SIC), a quem telefonava regularmente em busca de novidades sobre a equipa escolhida para o novo canal, ‘descobre’ que ele próprio e o eterno colega fazem parte da lista. Já tinham passado pela Rádio e pela Imprensa.
A televisão foi encarada como mais um desafio e apostam que daí a um ano regressariam ao ‘Expresso’. O que não veio a acontecer. Os dois ex-colegas de faculdade seguiram um percurso paralelo. Apesar de Ricardo passar a chefiar Reinaldo, a amizade entre ambos mantém-se até hoje.
Serrano acompanhou o amigo em duas viagens a Londres e conhece-o como poucos. Sabe do seu gosto pela literatura e, há tempos, Ricardo Costa até lhe confidenciou ter ficado desiludido quando se dirigiu ao escritor Martin Aimis e este “não lhe ligou nenhuma”.
NA SIC
Na SIC, Ricardo Costa é repórter até 1996, altura em que substitui Carneiro Jacinto como editor de Política. Alcides Vieira, director de Informação, com quem trabalha há 15 anos, reconhece no jornalista “uma das pessoas mais polivalentes” que conhece e “uma das que cresceu mais rapidamente a nível profissional”.
O ano de 2001 foi decisivo para o jornalista, que numa noite resolveu deixar a SIC após um confronto com Rangel. Ricardo defendia a fusão das redacções da SIC e SIC Notícias e saiu em defesa de Nuno Santos, na altura director da SIC Notícias. Costa acabou por se demitir juntamente com Luís Marques.
O então subdirector da SIC e actual administrador demissionário da RTP classifica Ricardo Costa como “um dos jornalistas mais talentosos da actualidade”. Quanto à promoção a director-geral-adjunto, Marques avalia-a como “merecida. Tem um excelente perfil para este novo cargo”. Convidado por Sérgio Figueiredo, então director do ‘Diário Económico’, e por José Eduardo Moniz, director-geral da TVI, Ricardo Costa aceita o desafio de criar um novo canal na TV Cabo e colaborar com o jornal.
Mas no dia em que ocupa o novo posto de trabalho é Sérgio Figueiredo quem sai. Após 15 dias passados entre o ‘Diário Económico’ e a TVI, o jornalista é convidado por Alcides Vieira para voltar à SIC, desta vez na qualidade de seu adjunto na direcção da Informação.
CLÁUDIA BORGES
Foi durante o curso de formação para o arranque da SIC que Ricardo Costa conheceu Cláudia Borges, sua mulher. Não foi amor à primeira vista mas “mais uma questão de partilha coerciva do mesmo computador”, disse recentemente ao CM a jornalista, que entretanto deixou o canal de Carnaxide.
Cláudia Borges conta que no tempo em que trabalhavam juntos se ajudavam mutuamente, apesar de manterem a sua independência e liberdade. “No local de trabalho desenvolvem-se muitos romances mas em televisão o número é maior por se tratar de um meio muito absorvente.”
Alberta Marques Fernandes, amiga do casal e sua madrinha de casamento, considera que Ricardo Costa “é o futuro da SIC”. “É um homem inteligentíssimo e culto mas o que mais sobressai são as qualidades humanas. É um excelente marido e um pai extremoso. Apesar de viciado em trabalho, é muito dedicado à família.
Não sei como consegue organizar as coisas mas nunca falha a nível pessoal nem profissional”, revela a amiga, que admira a relação de cumplicidade do casal. “São muito unidos e complementam-se um ao outro.” A pivô da RTP faz ainda questão de salientar a humildade do ex-colega: “Sempre o conheci assim e nunca mudou. Nada lhe sobe à cabeça.”
RECEBEU PRÉMIO PELO PATRÃO: ESCOLHIDO POR BALSEMÃO
Balsemão delegou em Ricardo Costa a responsabilidade de o representar na entrega do Prémio Arco-Íris, pela Associação Ilga, há pouco mais de um mês. O jornalista, que trabalha há 18 anos para Pinto Balsemão, estreou-se no ‘Expresso’ e continua a ser um dos profissionais de confiança do patrão da Impresa. Como director da SIC Notícias, elevou o canal a líder de audiências no cabo, feito único a nível mundial.
SEM CORES PARTIDÁRIAS: ISENÇÃO É UMA PRIORIDADE
Quem conhece Ricardo Costa é unânime em considerar que, apesar de pertencer a uma família influente a nível político, o jornalista nunca deixou que isso interferisse no seu trabalho. Por isso, recusa participar em debates e programas que envolvam o irmão, António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Ricardo Costa costuma dizer que se sente satisfeito quando falam com ele sem saber de quem é irmão.
SIC E RTP 1 TÊM ESTE MÊS PARA DESEMPATAR AS AUDIÊNCIAS DO ANO: O ANO MAIS RENTÁVEL
Em termos de audiências, 2007 foi um dos piores anos da história da SIC, tendo registado até Novembro 25,2% de share. Mas em termos de rendibilidade financeira sucedeu exactamente o contrário. A partir de Janeiro de 2008, Ricardo Costa passa a interferir nas decisões editoriais e também nas de gestão.
RICARDO COSTA É INSEPARÁVEL DO SEU TELEMÓVEL: "ESTOU SIM..."
O jornalista ficou chocado quando o filho mais novo, Simão, ao fazer um retrato de família na escola, o desenhou a falar ao telemóvel. Ainda assim, há quem o defenda. “Um bom jornalista está sempre ao telemóvel”, diz Alcides Vieira.
CERIMÓNIA ATRIBULADA
24 de Junho de 1994 foi a data escolhida por Ricardo Costa e Cláudia Borges para casar, na Arrábida. Foi também o dia do ‘buzinão’ na Ponte 25 de Abril, o que atrasou a cerimónia. Depois do copo-d’água, todos se dirigiram à SIC para acompanhar as notícias. O casal tem três filhos: Marta, de 11 anos, Vicente, de 9, e Simão, de 6.
A FAMA DE SER VAIDOSO
Ricardo Costa tem fama de ser vaidoso e até um bocadinho namoradeiro. Um dos seus antigos professores lembra que o jornalista “distraía-se facilmente durante as aulas”. Certo é que, durante as aulas da faculdade, o director da SIC facilmente “ironizava sobre alguns dos assuntos e era muito interventivo”.
DIVERGÊNCIAS COM CARRILHO
Maio de 2006 ficou marcado pela divergência com Manuel Maria Carrilho no ‘Prós e Contras’ (RTP 1). Em causa estava o livro do derrotado à Câmara de Lisboa, ‘Sob o Signo da Verdade’. No final, Carrilho disse: “Você é, a partir de hoje, o rosto da vergonha do jornalismo português.” Ricardo ripostou: “Como você é o rosto da derrota eleitoral.”
QUEM É RICARDO COSTA?: O FUNCIONÁRIO NÚMERO 68
Ricardo Costa é filho do já falecido escritor e publicitário, de origem goesa, Orlando Costa, e de uma bióloga alentejana. Nasceu e viveu sempre em Lisboa. Pela parte do pai tem um irmão, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa. A paixão pela política é, aliás, uma marca de família.
O irmão entrou para o Partido Socialista com apenas 14 anos, um tio foi fundador do PSD e o pai militou no Partido Comunista Português. Ricardo Costa estudou no Liceu Passos Manuel e frequentou o curso de Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa.
Estagiou no ‘Expresso’ e integrou a SIC desde a fundação. Após uma breve saída, para a Media Capital, regressa à estação de Carnaxide a 6 de Outubro de 2001, precisamente o dia do seu aniversário e do canal. Ricardo Costa, que manteve o número de funcionário, o 68, assumiu o cargo de director-adjunto de Informação, que mais tarde acumulou com o de director da SIC Notícias.
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