Herman José diz ter herdado instinto de sobrevivência do tio que esteve "sete anos num campo de concentração"

No podcast 'Humor À Primeira Vista', Herman José conversou com Gustavo Carvalho sobre a violenta queda que sofreu no início do verão e explicou a origem do seu instinto de sobrevivência que o fez continuar a dar espetáculos, mesmo em cadeira de rodas e com o braço e pernas imobilizados.

"Estava a subir a uma cadeira para pôr roupa na porta e a cadeira era desmontável. Abriu-se de repente e eu caí com aquela violência das pessoas que estão na forca, que dão um pontapé no banco. Destruí um tendão de Aquiles e os dois tendões do ombro sucumbiram aos meus 104 quilos. Agora já estou um bocadinho mais leve", contou com o humor que lhe é característico.

Após a queda, o humorista seguiu para o hospital de Torres Vedras, onde recebeu a notícia de que teria de ser operado. Contudo, recusou ficar internado. "A médica disse: 'O seu tendão foi à vida, dois no ombro também, vai ter de ser operado. Quer ficar por aqui ou ir para casa?' E eu respondi: 'Não, minha querida, eu tenho de ir fazer um espetáculo'. A médica ficou completamente incrédula", recordou, justificando que "havia 70 jovens de uma banda filarmónica que ensaiaram durante meses à minha espera e mais 10 mil pessoas na festa. Eu tinha de ir."

E assim foi: apresentou o espetáculo em cadeira de rodas, com o microfone na mão e com "um instinto de sobrevivência" que chega "em alturas de grande crise". "Eu acho que nasci para sobreviver. Eu saio ao meu tio, ao irmão do meu pai, que esteve num campo de concentração soviético sete anos e de três mil homens foi um dos 33 que não se mataram, nem morreram. Acho que herdei um bocado esses genes. Ou então da minha avó, a mãe desse meu tio e do meu pai, que sobreviveu à Guerra Civil de Espanha e à perda de todas as amigas."

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