Morreu a 'rainha' da rádio aos 91 anos

A eterna companheira de António Sala no 'Despertar'.

03 de dezembro de 2025 às 19:45
Olga Cardoso Foto: Nuno Fernandes Veiga
António Sala Foto: DR
Cerimónia fúnebre de Olga Cardoso realiza-se no Porto Foto: Nuno Fernandes Veiga

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Morreu esta quarta-feira Olga Cardoso, mais conhecida como a "amiga Olga". 'Rainha’ da rádio nos anos 80, tinha 91 anos e estava internada no Hospital de Santo António, no Porto, após ter sofrido um AVC.

A antiga apresentadora tinha sido diagnosticada com Parkinson, como revelou numa entrevista dada a Manuel Luís Goucha, em 2022, naquela que foi a sua última aparição televisiva. Nesse mesmo ano, mas uns meses anos, tinha-se reencontrado em direto com António Sala, no programa da SIC ‘Casa Feliz’. Nos últimos tempos continuava a viver na sua casa, com o apoio diário de cuidadores e de uma enfermeira.

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Nascida em 1934, em Miragaia, no Porto, estreou-se no éter nacional aos 15 anos, ao ser convidada para as Oficinas de Rádio, Som, Eletricidade e Cinema. Apesar da tenra idade,  passou  "a dar a sua voz em novelas radiofónicas, um tipo de programas muito populares na época, que deixavam as pessoas agarradas aos aparelhos de rádio", como se lê na entrada da sua biografia, disponível na internet.

Em 1964, por sugestão do seu colega Fernando da Rocha, entrou para a Rádio Renascença estação em que se destacou nas décadas seguintes, em particular graças ao programa ‘Despertar’, que apresentou durante mais de vinte anos (entre 1979 e 2000), primeiro com Fernando de Almeida e depois com António Sala.

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‘Despertar’ alcançou uma enorme popularidade no éter e tornou-se líder absoluto de audiências radiofónicas durante anos. O formato chegou a ter emissões em direto de Viena, na Áustria, de Sevilha, em Espanha, de Macau, da Expo'98 e ainda a bordo de aviões, barcos ou submarinos.

Paralelamente participou na peça teatral ‘Hotel Sarilhos’, gravou os singles "Bom dia (Amor)/O Último A Rir" (Polygram, 1984) e "Cor de Rosa Claro" (1988) até que inesperadamente, já aos 59 anos de idade, estreou-se na televisão, a convite de José Nuno Martins, para apresentar o concurso que lhe deu o nome pelo qual ficaria eternizada na memória dos portugueses: ‘A Amiga Olga’, da TVI, que esteve no ar entre 1993 e 1994.  Ainda na televisão, apresentou um programa de anúncios publicitários, durante uns meses mas em 1999 decide pôr um ponto final na sua carreira.

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Muda-se para Coimbra e durante alguns anos, fez um programa para rádios regionais e até 2015 foi relações-públicas numa empresa. Teve três filhos e quatro netas, fruto do seu único casamento com Virgílio Cardoso, que durou 37 anos.

O eterno companheiro de lides radiofónicas

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A morte de Olga Cardoso foi divulgada por António Sala, o seu ‘eterno’ companheiro do programa radiofónico ‘Despertar’, através de uma publicação nas redes sociais. 

"Tenho o coração partido. A Olga já não está fisicamente entre nós. Partiu durante esta madrugada”, lê-se no início da publicação feita na manhã desta quarta-feira.

"Querida Olga, obrigado por tudo. Pela amizade, pelo companheirismo, pela ternura, pelos momentos inesquecíveis, pela tua gargalhada única, que nunca irá desaparecer dos nossos ouvidos e do coração de quantos acordaram com a tua voz jovial ao longo de milhares de manhãs. Até sempre Amiga e companheira de tantos e tantos anos de aventuras inesquecíveis. Descansa em Paz eterna Amiga Olga", acrescentou António Sala.

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Nos primeiros tempos do programa, “Despertar” era conduzido por Olga ao lado de Fernando Almeida, depois substituído por António Sala, que o apresentou durante 17 anos até à sua última emissão, em 2000.  

Reações à morte de Olga Cardoso

As reações à morte de Olga Cardoso têm-se multiplicado nas redes sociais e não só. Numa nota no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa evocou a radialista que "deixou um traço de simpatia e amizade em muitos milhares de ouvintes de uma das principais estações de rádio portuguesas".

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Também a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, lamentou a perda de "uma talentosa e carismática comunicadora que o país se habituou a ouvir na rádio, antes de se afirmar na televisão".

O comentador Daniel Martins, amigo próximo de Olga Cardoso, recorreu às redes sociais para agradecer a onda de carinho que tem recebido. “O meu abraço para todos os amigos e obrigado pela consideração demonstrada (…) uma mulher extraordinária que fez o favor de ser minha amiga e que marcou uma geração sem truques ou ensaios. Genuinamente amiga", declarou o comentador. 

As cerimónias fúnebres vão realizar-se esta quinta-feira na Igreja da Lapa, no Porto. A cremação vai ter lugar no mesmo local depois das 15h00 horas. 

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