O apresentador da CMTV falou à ‘vidas’ sobre o percurso televisivo de mais de duas décadas e também do lado mais duro da infância, em que sofreu com a falta de afeto por parte do pai
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Abraçou recentemente as novas manhãs da CMTV ao lado da Ágata Rodrigues. Como descreve esta dupla?
Foi um casamento muito bem pensado por uma grande cabeça, a do Octávio Ribeiro, o nosso diretor-geral. A Ágata é uma comunicadora como não existe. Esta mulher vai ter sucesso. Sinto que vamos ter grande produtividade juntos.
Sempre com alegria e emoção.
Estamos em frente à câmara tal como somos: verdadeiros. Não há capas. É só verdade. A Ágata e eu somos assim. Ela é muito preocupada com o público. Estamos a aprender muito juntos.
Além do ‘Manhã CM’, tem em mãos o ‘Separados Pela Vida’. É um formato muito emotivo, de reencontros. De que forma é que se prepara para o programa?
Eu entro para o ‘Separados’ e deixo o Duarte fora do estúdio. Os sentimentos estão lá, mas eu estou a viver aquela história e a respirar a vida daquelas pessoas. O teor do programa é fortíssimo em que as emoções estão à flor da pele. Tenho de dar tudo de mim.
Está no sexto ano de CMTV...
Sinto que estou, talvez, no auge da minha carreira e que sou a pessoa mais feliz do Mundo.
Mas nem sempre teve esse alegria.
Houve alturas em que não gostei de mim. Tinha uma grande revolta pela vida, pelas coisas menos boas. Fui sempre uma pessoa muito feliz, mas tive muito tempo sem fazer televisão e isso deixou-me muito amargurado. Foi muito doloroso.
Que avaliação faz do seu percurso?
Tenho muito orgulho e gratidão pelo meu percurso em televisão. Fiz muitas coisas durante a minha vida. Tive um percurso com altos e baixos. Tive uma vida muito promissora na RTP e de um momento para o outro perdi tudo.
Porquê?
A administração da televisão pública muda conforme a política. Se temos uma direção que gosta de nós, vamos em frente. Se a política muda e a direção muda e já não gosta tanto, somos fechados numa sala e não fazemos mais nada. Fiquei muito traumatizado com essa situação.
Guarda também memórias felizes?
A RTP proporcionou-me as melhores memórias. Muitas das coisas que eu sei devo à RTP, que foi a principal entidade que me ajudou em muitas fases da minha vida. Fui muito feliz lá. Eu fui jornalista, assessor do diretor de programas... Cresci muito.
A passagem pela RTP coincidiu com o momento da adoção do seu filho, o Diogo.
O Diogo apareceu na minha vida quando tinha dois anos. Estive até imenso tempo sem trabalhar.
Recorda-se dessa fase?
Tive seis anos em tribunal até terminar o processo de adoção. Eu fiquei com a guarda dele imediatamente, mas depois tive o pavor de que o parecer do Tribunal não fosse favorável e que eu não pudesse ficar com o Diogo. A adoção foi um dos momentos mais inesperados da minha vida.
Foi um acaso?
A situação toda levou-me para que aquela criança fosse minha. Sentia que ele era meu e que iria fazer parte da minha família. Depois houve uma série de coincidências. O Diogo faz anos no mesmo dia que a minha mãe. Parece que ele sempre esteve na minha vida. Tornei-me uma pessoa melhor com a adoção do Diogo.
Como é que a família o recebeu?
O meu pai [que já faleceu] ficou muito incomodado e a minha mãe também. Chamei-os à minha casa e expliquei-lhes o que aconteceu. O meu pai precisou de estar meia hora sozinho. Disse-me que eu fazia muitos disparates, mas que sabia que tinha o melhor coração do Mundo. Foi das palavras mais bonitas e das únicas que meu pai me disse na vida.
Os seus pais eram muito unidos.
A grande paixão do meu pai era a minha mãe e a da minha mãe era o meu pai. Acho, inclusive, que fui prejudicado por isso. Viviam muito um para o outro. Achei, numa altura da minha vida, que estava a mais. Isso marcou-me muito.
Como era a relação com o seu pai?
Eu era mais ligado à minha mãe. O meu pai era mais rígido. Hoje olho para trás e acho-me parecido com ele. Ele gostava de mim, mas à maneira dele. Não me lembro de me dar um beijo.
Curiosamente, o seu filho Diogo tinha uma relação muito cúmplice com o avô...
O meu pai foi para o Diogo o que nunca foi para mim. O Diogo estava a fazer o papel que eu nunca consegui fazer e o meu pai o papel que já devia ter feito. O Diogo era aquela pessoa sempre presente, que lhe dava a comida. Gostava de lhe mudar as fraldas. O meu pai esteve vários anos acamado devido a um AVC. Eles os dois tinham uma ligação única, que eu nunca tive com o meu pai.
Faltou-lhe o afeto paternal?
Nunca escondi isso de ninguém. Não me lembro de ver meu pai chorar. Hoje, olho para trás e vejo que o meu pai tinha orgulho em mim, mas não dizia.
Emociona-se a falar do seu pai...
Acho que é a grande falha da minha vida. Não ter conseguido ter uma relação como aquela que o Diogo teve com o meu pai. Tenho isso na minha cabeça há muitos anos. Foi a partir do momento em que identifiquei esta mágoa que comecei a perceber que sou um pessoa carente. É uma falha enorme na minha vida. Acho que vou morrer com ela. Nunca vou conseguir ultrapassar.
Quem são os seus pilares?
A minha mãe e o Diogo. A minha mãe sempre foi uma pessoa muito imparcial. Se ela tiver de me dizer que eu estive mal, diz imediatamente, não consegue mentir. Muitas vezes magoou-me com a verdade.
E os amigos. É fácil ter pessoas de confiança no meio televisivo?
Sempre tive amigos mas reconheço que às vezes não é fácil. A traição não entra no meu vocabulário. Sei que muitas vezes não se olha a meios para atingir os fins. Isso faz-me muita impressão. É o lado menos feliz da televisão.
O trabalho é um refúgio?
Neste momento, vivo para a televisão, é a minha prioridade. Não me venham fazer chantagens: ‘Porque é que não me dás atenção’. A minha vida de televisão é complicada. Tenho muitas coisas a meu encargo. Neste momento estou a fazer dois programas e tenho a direção de Programas a quem tenho de prestar satisfações.
A televisão é seu amor maior?
É realmente onde eu gostava de morrer. Gostava de morrer na CMTV porque a CMTV tem-me dado as maiores alegrias do Mundo. Sinto-me muito feliz e realizado neste projeto.
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