A edição de hoje
Cantor descreve os piores tempos após a morte da filha, em que cedeu ao álcool para camuflar a dor. Associação Sara Carreira é a sua nova luz
Tony Carreira, de 57 anos, é a imagem da dor. Inconformado com a partida prematura da filha, Sara, o artista quebrou o silêncio ao fim de cinco meses do acidente que ceifou a vida da jovem, em conversa com Manuel Luís Goucha. Os primeiros tempos de luto foram tumultuosos para o cantor e para todos à sua volta.
"Morri por dentro, estou a encontrar uma vida cá dentro. Bebi mais do que devia. Andei uns tempos em que parecia um zombie. Depois, veio alguma violência. Fui injusto com pessoas que eu amo muito. Revoltei-me contra o mundo inteiro."
A esperança chegou no início de março quando, num momento de partilha familiar com a ex-mulher, Fernanda Antunes, e os dois filhos, Mickael e David, decidiu criar um projeto em memória de Sara. Assim nasceu a Associação Sara Carreira, que vai ajudar jovens, entre os 12 e 21 anos, a lutar pelos seus sonhos.
"Vai ser uma aventura para muito trabalho. Nem que eu tenha de cantar só para a Associação, assim o farei. Todos faremos. Queremos fazer um grande trabalho. O único lucro que queremos é que quem vamos ajudar se lembre da nossa filha e dos valores dela. Quero acreditar que ela nos está a ver", apontou em lágrimas.
O amor pelos filhos
Em dor profunda, Tony deseja que o seu caminho não seja longo. "Se eu lá chegar [aos 100 anos] será um grande castigo". Reconheceu, no entanto, que este é um discurso em ferida. "A vida tem de continuar. Tenho mais dois rapazes e vou ter de me agarrar a eles", desabafou.
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