Ator de 62 anos tinha sofrido uma paragem cardiorrespiratória e estava internado no hospital Amadora-Sintra.
Morreu o ator Rogério Samora
Rogério Samora morreu esta quarta-feira aos 62 anos, deixando um vazio inegável na Cultura portuguesa, sendo um dos mais reconhecidos e mais celebrados atores portugueses, pelo público e pela crítica. O óbito foi declarado às 11h10 e segundo fonte do hospital Amadora-Sintra tratava-se de um caso "muito complexo".
Nasceu José Rogério dos Anjos Filipe da Conceição Samora, na Amadora a 28 de outubro de 1959, mas veio a ser um dos atores portugueses mais internacionais de sempre, com uma carreira de 40 anos que se estendeu pela televisão, pelo teatro e pelo cinema.
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Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, no curso de Formação de Atores, estreia-se no palco da Casa da Comédia com 21 anos, em 1981, dirigido por Filipe La Féria na peça A Paixão Segundo Pier Pasolo Pasolini, de René Kalisky. A interpretação de estreia conquistou logo o público e a crítica, valendo-lhe logo o prémio de Ator Revelação da Associação de Críticos de Teatro. No ano antes havia tido uma primeira participação em televisão, com um papel no telefilme Entre Giestas.
Continua a ser dirigido por La Féria em várias produções, como A Marquesa de Sade, de Mishima, A Ilha do Oriente, de Mário Cláudio ou Eva Perón, do argentino Copi. Também no teatro é dirigido por nome como Carlos Avillez, no Teatro Experimental de Cascais (nas peça Hamlet, de Shakespeare, e Erros Meus, Más Fortuna, Amor Ardente, de Natália Correia), Fernanda Lapa, João Lourenço, ou Luís Miguel Cintra.
Ganha grande destaque no cinema, contando-se mais de 50 participações de Rogério Samora em produções cinematográficas, muitas vezes como protagonista. Estreia-se no filme O Sapato de Cetim (1985), de Manoel de Oliveira, realizador com quem voltaria a trabalhar diversas vezes, também em Os Canibais (1988), A Caixa (1994), Party (1996), Palavra e Utopia (2000), Porto da Minha Infância (2001), O Quinto Império – Ontem como Hoje (2004) e Singularidades de Uma Rapariga Loura (2009).
No grande ecrã trabalhou com outros grandes realizadores portugueses como João Botelho (Quem És Tu?, O Fatalista e a Corte de Notre Dame), António-Pedro Vasconcelos (Jaime, Os Imortais), Maria de Medeiros (Capitães de Abril) e Luís Filipe Rocha (Sinais de Fogo e A Passagem da Noite).
Com o realizador Fernando Lopes protagoniza 98 Octanas (2006) e O Delfim (2002), este último que lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Ator em 2003. Nesta longa-metragem, assim como em Lá Fora, contracena com Alexandra Lencastre, com quem viria a dividir holofotes em várias telenovelas e séries nacionais. Participa no 1.º e 2.º volumes de As Mil e Uma Noites, grande-metragem portuguesa candidata ao festival de Cannes em 2015. O último filme que participou foi em 2020, O Filme do Bruno Aleixo, de João Moreira e Pedro Santo.
Na televisão, começa com um pequeno papel na mítica Vila Faia, da RTP, 1982, dado depois vida a personagens de maior destaque em produções no canal público como Alentejo Sem Lei (1989), onde era Ferro, Os Melhores Anos (1990), O Beijo de Judas (1991), A Banqueira do Povo (1993), Roseira Brava (1995), A Grande Aposta (1997), Ballet Rose (1997) ou Nome de Código: Sintra (2006).
Em meados da década de 1990 é também apresentador de alguns programas de televisão como Queridos Inimigos (TVI, 1993/93), Mano a Mano (TVI, 1994), Cluedo (TVI, 1995) e Número Um (1995/96).
Ganha o carinho do grande público também com a participação em várias séries e telenovelas da SIC e da TVI, também muitas vezes como protagonista ou vilão, o que ajudou a cimentar o estatuto de ‘galã’ português da televisão e do cinema. Alguns exemplos são o sucesso Médico de Família (1998), Super Pai (2000), Ganância (2001), O Jogo (2002/03) Jura (2006/07), Fascínios (2007/2008), Equador (2008) Flor do Mar (2008/09), Rosa Fogo (2011/12), Mar Salgado (2014/15), Amor Maior (2016/17), Golpe de Sorte (2019) e Nazaré (2019/2021). Estava nas gravações de Amor Amor, da SIC, quando sofreu uma paragem cardiorrespiratória, que lhe viria a ditar a morte após um internamento prolongado.
Teve projeção internacional com participações em séries francesas (como Le Masque e Mon Dernier Rêve Sera Pour Vous, ambas em 1989), La Guerre Des Privés (1992) ou Fugueuses (1995). Também brilhou em produções alemãs (Jolly Joker, em 1992), brasileiras (na telenovela Pedra Sobre Pedra, em 1992) e inglesas (Gentleman and Players, em 1988/89).
Mesmo só com o aparelho vocal encantou gerações: fez várias dobragens de séries e filmes como O Regresso de D’Artacão (onde dava voz a Arãomis e o Cardeal Richeleão), em 1990, Motoratos de Marte (1993), O Rei Leão (1994), onde era a voz do vilão Scar e Pular a Cerca (2006).
Conhecido de todos os portugueses, Rogério Samora mantinha a vida pessoal muito reservada. Casou aos 19 anos com Leonor e sempre a manteve escondida dos holofotes. O casamento durou 13 anos, altura em que os dois se divorciaram. "Eu já tive grandes paixões na minha vida. Uma delas levou-me a casar. Foi em 1979. Lembro-me que a pedi em casamento por telefone", recordou o ator à TV Guia em 2007.
Foi a ex-mulher, assim como o primo que acompanharam o ator na sua luta pela vida no Hospital Amadora-Sintra, onde esteve internado após a paragem cardiorrespiratória que sofreu.
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