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Air Macau anuncia reembolso de bilhetes para Japão em momento de tensão sino-nipónica

Decisão surge após Pequim desaconselhar deslocações ao país.

16 de novembro de 2025 às 07:45

A Air Macau anunciou este domingo o reembolso ou troca de bilhetes para o Japão, após Pequim desaconselhar deslocações ao país na sequência de declarações da líder nipónica sobre uma eventual intervenção japonesa num conflito com Taiwan.

A Air Macau segue o exemplo de várias companhias aéreas chinesas - Air China, China Southern, China Eastern, Spring Airlines, Juneyao Airlines ou Sichuan Airlines - que anunciaram, nas últimas horas, medidas para facilitar trocas e reembolsos para passageiros com voos para o Japão, devido à deterioração do ambiente de segurança.

Num comunicado divulgado no portal da companhia de bandeira de Macau, a empresa anunciou que as passagens podem ser trocadas ou o dinheiro devolvido, aplicando-se a medida a bilhetes emitidos antes de 15 de novembro e com datas de viagem entre esse mesmo dia e 31 de dezembro de 2025.

Macau pediu no sábado à noite aos residentes e turistas do território no Japão para elevarem o estado de alerta, depois de Pequim ter desaconselhado, um dia antes, deslocações ao país.

O aviso da Direção dos Serviços de Turismo de Macau (DST), lê-se num comunicado, surge após "o alerta emitido recentemente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, relativo à deslocação de cidadãos chineses ao Japão, dado que a partir de meados deste ano, a tendência de ocorrência de ataques no Japão contra cidadãos chineses tem vindo a aumentar".

"A DST mantém-se atenta à situação", acrescenta-se na nota, que pede ainda aos residentes do território para estarem a par das últimas atualizações na página eletrónica do Turismo de Macau e dos serviços consulares chineses no Japão.

O alerta da diplomacia chinesa foi emitido numa altura em que as tensões entre Pequim e Tóquio voltaram a agravar-se, após declarações da primeira-ministra nipónica, Sanae Takaichi.

Há uma semana, Takaichi afirmou no parlamento que, se uma situação de emergência em Taiwan implicasse "o envio de navios de guerra e o recurso à força, isso poderia constituir uma ameaça à sobrevivência do Japão".

"Temos de considerar o pior cenário", acrescentou.

As declarações foram amplamente interpretadas como uma indicação de que um ataque a Taiwan poderia justificar o apoio militar de Tóquio à ilha.

De acordo com a legislação japonesa, o país só pode intervir militarmente em determinadas condições, nomeadamente em caso de ameaça existencial - Taiwan fica apenas a 100 quilómetros da ilha japonesa mais próxima.

Na sexta-feira, Pequim anunciou ter convocado o embaixador japonês, considerando "extremamente graves" as declarações de Sanae Takaichi.

O Japão afirmou ter feito o mesmo com o embaixador da China, após uma ameaça considerada "extremamente inadequada" por parte do cônsul-geral da China em Osaca, Xue Jian. Numa mensagem entretanto apagada da rede social X, Xue ameaçou "cortar a cabeça suja sem a menor hesitação" de Takaichi.

Tóquio afirmou na sexta-feira que a posição sobre Taiwan permanecia inalterada e defendeu "a paz e a estabilidade".

Taiwan é uma ilha com Governo próprio desde 1949, que a China considera uma "província rebelde" e parte inalienável de território chinês, tendo ameaçado várias vezes recorrer à força para alcançar a reunificação.

Apesar de ter reconhecido a República Popular da China como o único Governo legítimo em 1972, o Japão mantém relações não oficiais com Taipé, e já o antigo primeiro-ministro Shinzo Abe (1954-2022) defendeu publicamente que qualquer invasão da ilha justificaria uma resposta militar japonesa, no quadro do acordo de segurança com os Estados Unidos.

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